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domingo, 12 de junho de 2011

Ao Dous de Julho - Castro Alves (Poesia e Áudio)









Ao Dous de Julho - Castro Alves

(Recitada no Teatro S। João)





É a hora das epopéias,

Das Ilíadas reais.

Ruge o vento—do passado

Pelos mares sepulcrais.

É a hora, em que a Eternidade

Dialoga a Imortalidade...

Fala o herói com Jeová!...

E Deus — nas celestes plagas —

Colhe da glória nas vagas

Os mortos de Pirajá.

Há destes dias augustos

Na tumba dos Briaréus.

Como que Deus baixa à terra

Sem mesmo descer dos céus.

É que essas lousas rasteiras

São — gigantes cordilheiras

Do Senhor aos olhos nus.

É que essas brancas ossadas

São—colunas arrojadas

Dos infinitos azuis.

Sim! Quando o tempo entre os dedos

Quebra um séc'lo, uma nação...

Encontra nomes tão grandes,

Que não lhe cabem na mão!...

Heróis! Como o cedro augusto

Campeia rijo e vetusto

Dos séc'los ao perpassar,

Vós sois os cedros da História,

A cuja sombra de glória

Vai‑se o Brasil abrigar.

E nós, que somos faíscas

Da luz desses arrebóis,

Nós, que somos borboletas

—Das crisálidas de avós,

Nós, que entre as bagas dos cantos,

Por entre as gotas dos prantos

Inda os sabemos chorar,

Podemos dizer: "Das campas

Sacudi as frias tampas!

Vinde a Pátria abençoar!..."

Erguei‑vos, santos fantasmas!

Vós não tendes que corar...

(Porque eu sei que o filho torpe

Faz o morto soluçar. . . )

Gemem as sombras dos Gracos,

Dos Catões, dos Espartacos

Vendo seus filhos tão vis...

Dize‑o tu, soberbo Mário!

Tu, que ensopas o sudário

Vendo Roma—meretriz!...

Ai! Que lágrimas candentes

Choram órbitas sem luz! —

Que idéia terá Leônidas

Vendo Esparta nos pauis?!...

Alta noite, quando pena

Sobre Árcole, sobre Iena,

Bonaparte—o rei dos reis—,

Que dor d'alma lhe rebenta.

Ao ver su'águia sangrenta

No sabre de Juarez!?...

Porém aqui não há grito,

Nem pranto, nem ai, nem dor...

O presente não desmente

Do seu ninho de condor...

Mãos, que, outrora de crianças

A rir— dentaram as lanças

Dos velhos de Pirajá....

De homens hoje, as empunhando,

Nas batalhas afiando,

Vão caminho de Humaitá!...

Basta!... Curvai‑vos, ó povo!...

Ei‑los os vultos sem par,

Só de joelhos podemos

Nest'hora augusta fitar

Riachuelo e Cabrito,

Que sobem para o infinito

Como jungidos leões,

Puxando os carros dourados

Dos meteoros largados

Sobre a noite das nações.

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