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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

DIA DO ESTUDANTE (2011)


Por Luis Carlos


Hoje, 11 de agosto de 2011, é comemorado o dia do estudante. Historicamente, este dia representa uma forma de trazer a memória coletiva o marco inicial da fundação das duas primeiras faculdades criadas no Brasil, os Cursos Jurídicos de Olinda e São Paulo. Por esta época (11 de agosto de 1827), apenas os filhos da elite “branca” podiam participar das comemorações, quanto aos escravos africanos transplantados para o Brasil, as comunidades indígenas, dentre outros setores excluídos da sociedade, que há tempo tinham se tornados gente nossa, e agente da história, não tiveram oportunidade de tal ato, uma vez que não faziam parte de nenhum sistema público de educação.

Durante os 184 anos decorridos até a nossa atualidade, é de se perguntar sobre o que devemos comemorar, se aquele marco inicial, como símbolo da mesquinhez, ou o futuro audaz de uma nova educação, na qual todos os brasileiros afro-descendentes, índios, brancos pobres, estrangeiros, especialmente, os latinos americanos, de modo geral os trabalhadores, ou seja, o povo no sentido da “gema francesa” venham a ter um verdadeiro sistema educacional público, gratuito, de qualidade e acessível a todos.

Se muito vale o pouco que atualmente foi conquistado por imemoráveis lutas dos estudantes, professoras, professores e por todos aqueles comprometidos com a educação, muito, muito e muito mais vale o que ainda temos de conquistar, apesar de toda inércia que a classe dominante nos faz em atrasar, pois nunca tiveram interesse pela educação pública, haja vista que seus filhos têm lugar garantido na rede privada de educação, senão nas Universidades Federais e Estaduais, onde entra em pé de desigualdade, dado ao sistema de afunilamento dos pré-vestibulares da vida.

Vamos olhar e atuar, atuar e olhar para o movimento da História, e nela da educação de qualidade, inserido num novo projeto de desenvolvimento, como parte constituída, não como aquele movimento da tartaruga do Filosofo grego, Zenão de Eléia, símbolo da lentidão, mas como parte do movimento de uma águia ou de um condor, de Castro Alves, vendo o futuro no hoje e diferente do ontem, a partir de um movimento, comparado apenas a gente mesmos, em outras palavras, a nós que somos os mais interessados e que podemos fazer e levar a efeito, em tudo bem feito, num processo igual a eito - processo que se encontra na mesma direção futura.

A conclusão deste texto é como a vida, está em aberto, sem portanto ou porquanto, e, assim, galopando em versos, rima em harmonia com Castro Alves, símbolo de vida, do futuro, de ousadia e da esperança na mocidade, na juventude e nos estudante brasileiros. Foi com esta visão, que cantou um dia o poema O Século, um dia em que também se comemorava o dia do estudante na Faculdade de Direito do Recife, que falou, recitou, cantou e declamou, sem medo, sem temor dos opressores ou algozes, ou seja, dos humanos que desumanizando outros seres humanos, pousavam como senhores do saber e do dizer e da dominação de outrem, que nas senzalas gemiam, de um lado, as dores e os sofrimentos, de outro, que produziam os prazeres e felicidades da aristocracia de terras, engenhos e escravos.

Foi com essa poesia seguinte que desafiou as forças contrárias a humanização de homens e mulheres sem escola, e, com estas palavras ditas naquele dia, presenteamos, a todos os estudantes brasileiros.


O século

Soldados, do, alto daquelas pirâmides
quarenta séculos vos contemplam!
Napoleão

o século é grande e forte.
V. Hugo

Da mortalha de seus bravos
Fez bandeira a tirania
Oh! armas talvez o povo
Deseus ossos faça um dia
J. Bonifácio



O séc’lo é grande... No espaço
Há um drama de treva e luz.
Como o Cristo — a liberdade
Sangra no poste da Cruz.
Um corvo escuro, anegrado,
Obumbra o manto azulado,
Das asas d'águia dos céus...
Arquejam peitos e frontes...
Nos lábios dos horizontes
Há um riso de luz... É Deus.


Às vezes quebra o silêncio
Ronco estrídulo, feroz.
Será o rugir das matas,
Ou da plebe a imensa voz?...
Treme a terra hirta e sombria. . .
São as vascas da agonia
Da liberdade no chão?...
Ou do povo o braço ousado
Que, sob montes calcado,
Abala-os como um Titão?! ...


Ante esse escuro problema
Há muito irônico rir.
Pra nós o vento da esp'rança
Traz o pólen do porvir.
E enquanto o cepticismo
Mergulha os olhos no abismo,
Que a seus pés raivando tem,
Rasga o moço os nevoeiros,
Pra dos morros altaneiros
Ver o sol que irrompe além.


Toda noite — tem auroras,
Raios — toda a escuridão.
Moços, creiamos, não tarda
A aurora da redenção.
Gemer — é esperar um canto...
Chorar - aguardar que o pranto
Faça-se estrela nos céus.
O mundo é o nauta nas vagas...
Terá do oceano as plagas
Se existem justiça e Deus.


No entanto inda há muita noite
No mapa da criação.
Sangra o abutre — tirano
Muito cadáver — nação.
Desce a Polônia esvaída,
Cataléptica, adormida,
À tumba do Sobieski;
Inda em sonhos busca a espada ...
Os reis passam sem ver nada ...
E o Czar olha e sorri...


Roma inda tem sobre o peito
O pesadelo dos reis!
A Grécia espera chorando
Canaris... Byron talvez!
Napoleão amordaça
A boca da populaça
E olha Jersey com terror;
Como o filho de Sorrento,
Treme ao fitar um momento
O Vesúvio aterrador.


A Hungria é como um cadáver
Ao relento exposto nu;
Nem sequer a abriga a sombra
Do foragido Kossuth.
Aqui — o México ardente,
— Vasto filho independente
Da liberdade e do sol —
Jaz por terra... e lá soluça
Juarez, que se debruça
E diz-lhe: "Espera o arrebol!"


O quadro é negro. Que os fracos
Recuem cheios de horror.
A nós, herdeiros dos Gracos,
Traz a desgraça — valor!
Lutai... Há uma lei sublime
Que diz: "À sombra do crime
Há de a vingança marchar."
Não ouvis do Norte um grito,
Que bate aos pés do infinito,
Que vai Franklin despertar?


É o grito dos Cruzados
Que brada aos moços — "De pé"!
É o sol das liberdades
Que espera por Josué! ...
São bocas de mil escravos
Que transformaram-se em bravos
Ao cinzel da abolição.
E — à voz dos libertadores —
Reptis saltam condores,
A topetar n'amplidão!...


E vós, arcas do futuro,
Crisálidas do porvir,
Quando vosso braço ousado
Legislações construir,
Levantai um templo novo,
Porém não que esmague o povo,
Mas lhe seja o pedestal.
Que ao menino dê-se a escola,
Ao veterano — uma esmola...
A todos — luz e fanal!


Luz!... sim; que a criança é uma ave,
Cujo porvir tendes vós;
No sol — é uma águia arrojada,
Na sombra — um mocho feroz.
Libertai tribunas, prelos ...
São fracos, mesquinhos elos...
Não calqueis o povo-rei!
Que este mar d'almas e peitos,
Com as vagas de seus direitos,
Virá partir-vos a lei.


Quebre-se o cetro do Papa,
Faça-se dele — uma cruz!
A púrpura sirva ao povo
Pra cobrir os ombros nus,
Que aos gritos do Niagara
— Sem escravos, — Guanabara
Se eleve ao fulgor dos sóis!
Banhem-se em luz os prostíbulos,
E das lascas dos patíbulos
Erga-se a estátua aos heróis!


Basta!... Eu sei que a mocidade
É o Moisés no Sinai;
Das mãos do Eterno recebe
As tábuas da lei! — Marchai!
Quem cai na luta com glória,
Tomba nos braços da História,
No coração do Brasil!
Moços, do topo dos Andes,
Pirâmides vastas, grandes,
Vos contemplam séc'los mil!



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