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terça-feira, 18 de outubro de 2011

TUPAC AMARU (1781) – Pablo Neruda (Canto General) + Tradução

TUPAC AMARU (1781) – Pablo Neruda


Condorcanqui Tupac Amaru,

sabio señor, padre justo,

viste subir a Tungasuca

la primavera desolada

de los escalones andinos,

y con ella sal y desdicha,

iniquidades y tormentos।


Señor Inca, padre cacique,

todo en tus ojos se guardaba

como en un cofre calcinado

por el amor y la tristeza.

El indio te mostró la espalda

en que las nuevas mordeduras

brillaban en las cicatrices

de otros castigos apagados,

y era una espalda y otra espalda,

toda la altura sacudida

por las cascadas del sollozo।


Era un sollozo y otro sollozo.

Hasta que armaste la jornada 20

de los pueblos color de tierra,

recogiste el llanto en tu copa

y endureciste los senderos.

Llegó el padre de las montañas,

la pólvora levantó caminos, 25

y hacia los pueblos humillados

llegó el padre de la batalla.

Tiraron la manta en el polvo,

se unieron los viejos cuchillos,

y la caracola marina 30

llamó los vínculos dispersos।


Contra la piedra sanguinaria,

contra la inercia desdichada,

contra el metal de las cadenas.

Pero dividieron tu pueblo 35

y al hermano contra el hermano

enviaron, hasta que cayeron

las piedras de tu fortaleza.

Ataron tus miembros cansados

a cuatro caballos rabiosos

y descuartizaron la luz

del amanecer implacable.


Tupac Amaru, sol vencido,

desde tu gloria desgarrada

sube como el sol en el mar

una luz desaparecida.

Los hondos pueblos de la arcilla,

los telares sacrificados,

las húmedas casas de arena

dicen en silencio: «Tupac»,

y Tupac se guarda en el surco,

dicen en silencio: «Tupac»,

y Tupac germina en la tierra.



Tradução (Paulo Mendes Campos)

XVIII

Tupac-Amaru (1781)

Condorcanqui Tupac-Amaru,

sábio senhor, pai justo,

viste subir a Tungasuca

a primavera desolada

dos patamares andinos

e, com ela, sal e desdita,

iniqüidades e tormentos.

Senhor Inca, pai cacique,

tudo em teus olhos se guardava

como num cofre calcinado

pelo amor e pela tristeza.

O índio te mostrou o ombro

no qual as novas mordidas

brilhavam nas cicatrizes

de outros castigos apagados,

e era um ombro e outro ombro,

todas as alturas sacudidas

pelas cascatas do soluço.

Era um soluço e outro soluço.

Até que armaste a jornada

dos povos cor de terra,

recolheste o pranto em tua taça

e endureceste as veredas.

Chegou o pai das montanhas,

a pólvora levantou caminhos,

e às aldeias humilhadas

chegou o pai da batalha.

Jogaram a manta na poeira,

uniram-se os velhos punhais,

e o búzio matinho

chamou os vínculos dispersos.

Contra a pedra sanguinária,

contra a inércia desgraçada,

contra o metal das correntes.

Porém dividiram o teu povo,

e irmão contra o irmão

mandaram, até que tombaram

as pedras da tua fortaleza.

Ataram os teus membros cansados

a quatro cavalos raivosos

e esquartejaram a luz

do amanhecer implacável.

Tupac-Amaru, sol vencido,

de tua glória desgarrada

sobe como o sol do mar

uma luz desaparecida.

As fundas aldeias de argila,

os teares sacrificados,

as úmidas casas de areia

dizem em silêncio: “Tupac”,

e Tupac é uma semente,

dizem em silêncio: “Tupac”,

e Tupac se guarda no sulco,

dizem em silêncio: “Tupac”,

e Tupac germina na terra.

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