quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
A esquerda na América Latina: problemas e perspectivas
Por isso, acreditamos que
apesar de todos os avanços da luta de classes em nosso continente, é, ainda, de
grande importância a atuação dos revolucionários nas organizações sindicais,
estudantis, populares e indígenas, bem como, a participação nas eleições parlamentares.
Queridos
camaradas do Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador e do Movimento
Popular Democrático Companheiros e companheiras combatentes por uma América
Latina socialista
A
América Latina é uma das regiões do mundo em que mais se desenvolve o movimento
operário-popular e avança a luta de classes.
A
vitória de Evo Morales na Bolívia, resultado de várias revoltas populares dos
indígenas e trabalhadores bolivianos explorados há séculos pela oligarquia da
Bolívia; a continuidade do governo anti-imperialista de Chávez na Venezuela; a
resistência do povo cubano ao famigerado bloqueio do imperialismo
norte-americano; a luta dos povos do Equador contra o TLC e a espoliação das
empresas estrangeiras, como a OXY, a resistência da guerrilha na Colômbia e o levante
popular em Oaxaca, México, são indicações claras do enfraquecimento político do
imperialismo norte-americano na região e do avanço da consciência e da
organização dos trabalhadores em nosso continente.
Na
Venezuela, Hugo Chávez Frías conquistou sua terceira vitória consecutiva como
presidente da República Bolivariana.
A
grande vitória eleitoral de Chávez foi possível não só porque realizou um
governo antiimperialista, mas também porque defendeu durante a campanha o
socialismo e várias medidas contra a dominação imperialista na Venezuela, tais
como a retomada das estatais privatizadas durante a década de 1990, a
estatização da empresa de energia elétrica, o fim da chamada autonomia do Banco
Central e um maior controle nacional sobre a indústria petroleira. No terreno
político, Hugo Chávez defendeu a criação de conselhos populares, para que o
povo participe ativamente não somente da eleição dos seus representantes, mas
também das decisões governamentais.
Convencidos,
trabalhadores, jovens e indígenas votaram em Chávez.
Dando
início a essas medidas, Hugo Chávez não renovou a concessão do canal Radio
Caracas Televisión (RCTV), conhecido do povo venezuelano por ter participado
ativamente do golpe antidemocrático de 2002.
Temerosos
de que o exemplo se espalhe, os grandes meios de comunicação iniciaram uma
grande campanha para apresentar Hugo Chávez como o novo demônio mundial e
passaram a destilar seu ódio a ele em reportagens que afirmam que cancelar uma
concessão pública a um grupo privado é uma medida antidemocrática. Mas o
presidente da Venezuela não cedeu às pressões e manteve a decisão.
Entretanto,
os golpes contra a dominação imperialista na América Latina não ocorrem apenas
na Venezuela.
Na
Bolívia, o presidente Evo Morales nacionalizou o gás e o petróleo, no ano
passado, e informou que este ano serão nacionalizadas as minas do país e que há
um “debate profundo” entre os advogados do governo para nacionalizar a maior
empresa telefônica do país, a Entel, cuja principal acionista é a italiana Telecom,
com 50%.
No
Equador, depois de o povo ter expulsado a multinacional dos Estados Unidos Oxy
de seus campos de petróleo e revogado o Tratado de Livre Comércio com os EUA,
Rafael Correa declarou que não renovará a concessão para os EUA manterem a base
militar de Manta e convocou uma Assembléia Nacional Constituinte, impondo uma
dura derrota para as forças de direita.
Ainda
no ano passado, no Chile, a juventude foi às ruas exigindo uma profunda reforma
educacional no país, cobrando mais direitos e denunciando a privatização dos
serviços públicos.
No
Peru, o candidato apoiado pelas forças populares e de esquerda, Olanta Humala,
obteve uma grande votação no primeiro e no segundo turno das eleições
presidenciais, e o movimento sindical readquiriu novo impulso, com grandes
lutas sendo travadas.
Na
Colômbia, vários são os reveses que as tropas do Exército oficial sofreram nos
enfrentamentos com a guerrilha, que se mantém firme e com controle de
importantes áreas do país.
Em
Cuba, o afastamento de Fidel Castro do governo para realizar tratamento de
saúde não levou a nenhuma comoção no país, e as últimas notícias dão conta de
uma melhora no estado de saúde do presidente cubano, frustrando as expectativas
dos ianques.
No
México, a população de Oaxaca, uma das mais importantes cidades do país,
levantou-se contra seus exploradores, destituiu todos os governantes, elegeu a
Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (Appo) e enfrentou de pé uma violenta
repressão do governo mexicano.
Greves,
ocupações de terra e manifestações estudantis se sucedem por todos os países,
deixando claro que vivemos uma nova onda de revoltas e de rebeliões na América
Latina.
Diante
dessa realidade, as oligarquias, a grande burguesia e o imperialismo temem o
crescimento das mobilizações populares e os seguidos golpes contra seus
mesquinhos interesses. Acuado e temendo perder sua influência, o imperialismo
norte-americano quer aumentar sua presença militar na América Latina, como
mostra o recente acordo com o governo do Paraguai, que permite livre ingresso
nesse país de tropas estadunidenses e a utilização da base militar de Mariscal
Estigarribia, e, ao mesmo tempo, busca uma aliança estratégica com o governo
brasileiro para retomar a ALCA e isolar as forças populares e
anti-imperialistas da América Latina.
A
tendência é, portanto, de radicalização dessa contradição na maioria dos países
de nosso continente.
De
um lado, o imperialismo junto com as burguesias nacionais e as oligarquias
procurarão estabelecer governos – por eleições ou não – que garantam a
continuidade e o aprofundamento da exploração dos trabalhadores e a espoliação
das nações.
De
outro, a classe operária, os camponeses, os indígenas e os povos crescem seu
ânimo para a luta e para a revolução.
Tal
é a realidade em nosso continente.
Como
se vê, a esquerda tem diante de si grandes tarefas e desafios. Cremos que,
antes de mais nada, nossa principal tarefa é apoiar e impulsionar esses
movimentos e dar prosseguimento à essas lutas, procurando aprofundar o seu
conteúdo e atraindo para elas cada vez mais parcelas do povo.
Porém,
mais que apoiá-las, é decisivo que a esquerda revolucionária assuma a direção
desse movimento antiimperialista e se caracterize por ser quem mais
intransigentemente defende os interesses das massas populares e suas
reivindicações.
De
fato, como demonstra a experiência histórica das lutas populares na América
Latina, vários levantes populares foram derrotados por não ter em sua direção
uma vanguarda revolucionária, temperada nas lutas dos trabalhadores e dirigida
por uma teoria de vanguarda, pelo marxismo-leninismo.
Nesse
sentido, não é demais repetir a necessidade de dominar todas as formas de lutas
e de organização da classe operária, haja vista, que para vencermos e avançarmos
a luta revolucionária é essencial aprofundar nossos vínculos com as massas
populares.
Por
isso, acreditamos que apesar de todos os avanços da luta de classes em nosso
continente, é, ainda, de grande importância a atuação dos revolucionários nas
organizações sindicais, estudantis, populares e indígenas, bem como, a
participação nas eleições parlamentares.
Por
outro lado, no desenvolvimento dessas lutas, enfrentamos e continuaremos a
enfrentar agrupamentos e lideranças que se proclamam de esquerda, mas defendem
tímidas reformas econômicas e políticas e se recusam a lutar pelo fim do
capitalismo. Por isso, não há como avançar e preparar as massas para uma
revolução senão, combatendo os que propagam ilusões pacifistas entre os
trabalhadores e se recusam a erguer a bandeira da revolução.
Por
esta razão, consideramos de grande importância a realização há 11 anos deste
Seminário Internacional, organização pelo Partido Comunista Marxista-Leninista
do Equador e pelo Movimento Popular Democrático, que permite não só o debate e
a divulgação da teoria revolucionária, como também incentiva e promove a
solidariedade entre as organizações revolucionárias de nosso continente.
Proletários
de todos os países, uni-vos!
Viva
o marxismo-leninismo!
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