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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Fidel Castro: Cinismo genocida (1, 2 e 3)

Fidel Castro: Cinismo genocida (Primeira parte)

Nenhuma pessoa sã, especialmente aqueles que tiveram acesso aos conhecimentos elementares que se adquirem em uma escola primária, estaria de acordo com que nossa espécie, de modo particular as crianças, os adolescentes ou jovens, sejam privados hoje, amanhã e para sempre do direito a viver. Jamais os seres humanos, ao longo de sua turbulenta história, como pessoas dotadas de inteligência, conheceram experiência semelhante.

Por Fidel Castro

Sinto-me no dever de transmitir àqueles que se ocupam em ler estas reflexões, o critério de que todos, sem exceção, estamos na obrigação de criar consciência sobre os riscos que a humanidade está correndo de forma inexorável, rumo a uma catástrofe definitiva e total como consequência das decisões irresponsáveis de políticos a quem o acaso, mais que o talento ou o mérito, pôs em suas mãos o destino da humanidade.

Sejam ou não os cidadãos de seu país portadores de uma crença religiosa ou céticos com relação ao tema, nenhum ser humano, em seu juízo são, estaria de acordo com que seus filhos, ou familiares mais próximos, pereçam de forma abrupta ou vítimas de atrozes e torturantes sofrimentos.

Depois dos crimes repugnantes que com frequência crescente a Organização do Tratado do Atlântico Norte, sob a égide dos Estados Unidos e dos países mais ricos de Europa, vêm cometendo, a atenção mundial se concentrou na reunião do G20, onde se devia analisar a profunda crise econômica que hoje afeta todas as nações. A opinião internacional, e particularmente a europeia, esperava resposta à profunda crise econômica que, com suas profundas implicações sociais, e inclusive climáticas, ameaça todos os habitantes do planeta. Nessa reunião se decidia se o euro podia manter-se como a moeda comum da maior parte da Europa, e inclusive se alguns países poderiam permanecer dentro da comunidade.

Não houve resposta nem solução alguma para os problemas mais sérios da economia mundial, apesar dos esforços da China, Rússia, Indonésia, África do Sul, Brasil, Argentina e outros de economia emergente, desejosos de cooperar com o resto do mundo na busca de soluções aos graves problemas econômicos que o afetam.

O insólito é que logo que a Otan deu por concluída a operação na Líbia – depois do ataque aéreo que feriu o chefe constitucional desse país, destruiu o veículo que o transportava e o deixou à mercê dos mercenários do império, que o assassinaram e o exibiram como troféu de guerra, ultrajando costumes e tradições muçulmanos – a AIEA, órgão das Nações Unidas, uma instituição que deveria estar a serviço da paz mundial, lançou o informe político, carimbado e sectário, que põe o mundo à beira da guerra com o emprego de armas nucleares que o império ianque, em aliança com a Grã-Bretanha e Israel, vem preparando minuciosamente contra o Irã.

Depois do “Veni, vidi, vici” do famoso imperador romano há mais de dois mil anos, traduzido para o “vim, vi e morreu” transmitido à opinião pública através de uma importante rede de televisão logo que se tomou conhecimento da morte de Kadafi, as palavras são desnecessárias para qualificar a política dos Estados Unidos.

O que importa agora é a necessidade de criar nos povos uma consciência clara do abismo para onde a humanidade está sendo conduzida. Duas vezes nossa Revolução conheceu riscos dramáticos: em outubro de 1962, o mais crítico de todos, em que a humanidade esteve à beira do holocausto nuclear; e em meados de 1987, quando nossas forças enfrentavam as tropas racistas sul-africanas, dotadas com as armas nucleares que os israelenses os ajudaram a criar.

O Xá do Irã também colaborou junto a Israel com o regime racista e fascista sul-africano.
O que é a ONU? – uma organização impulsionada pelos Estados Unidos antes do final da 2ª Guerra Mundial. Essa nação, cujo território estava consideravelmente distante dos cenários de guerra, tinha enriquecido enormemente; acumulou 80% do ouro do mundo e sob a direção de Roosevelt, sincero antifascista, impulsionou o desenvolvimento da arma nuclear que Truman, seu sucessor, oligarca e mediocre, não vacilou em usar contra as cidades indefesas de Hiroshima e Nagasaki no ano de 1945.

O monopólio do ouro mundial em poder dos Estados Unidos e o prestígio de Roosevelt permitiram o acordo de Bretton Woods, que atribuiu aos Estados Unidos o papel de emitir o dólar como única divisa que se utilizou durante anos no comércio mundial, sem outra limitação que seu respaldo em ouro metálico.

Os Estados Unidos, ao finalizar aquela guerra, eram também o único país que possuía a arma nuclear, privilégio que não vacilou em transmitir a seus aliados e membros do Conselho de Segurança: Grã-Bretanha e França, as duas mais importantes potências coloniais do mundo naquela época.

À URSS, Truman nem sequer informou uma palavra sobre a arma atômica antes de usá-la. A China, então governada pelo general nacionalista, oligárquico e pró-ianque Chiang Kai-shek, não podia ser excluída daquele Conselho de Segurança.

A URSS, golpeada duramente pela guerra, a destruição e a perda de mais de 20 milhões de seus filhos pela invasão nazista, consagrou ingentes recursos econômicos, científicos e humanos para equiparar sua capacidade nuclear com a dos Estados Unidos. Quatro anos depois, em 1949, provou sua primeira arma nuclear; a de hidrogênio, em 1953; e em 1955 seu primeiro megaton. A França dispôs de sua primeira arma nuclear em 1960.

Eram apenas três os países que possuíam a arma nuclear em 1957, quando a ONU, sob a égide ianque, criou a Agência Internacional de Energia Atômica. Alguém imagina que esse instrumento dos Estados Unidos fez algo para advertir o mundo sobre os terríveis riscos a que se exporia a sociedade humana quando Israel, aliado incondicional dos Estados Unidos e da Otan, situado em pleno coração das mais importantes reservas do mundo em petróleo e gás, se constituía em perigosa e agressiva potência nuclear?

Suas forças, em cooperação com as tropas coloniais inglesas e francesas, atacaram Port Said quando Abdel Nasser nacionalizou o Canal de Suez, propriedade da França, o que obrigou o primeiro-ministro soviético a transmitir um ultimato exigindo o cessar daquela agressão, que os aliados europeus dos Estados Unidos não tiveram outra alternativa senão acatar.

Fidel Castro: Cinismo genocida (Segunda e última parte)

Para dar uma ideia do potencial da URSS em seus esforços para manter a paridade com os Estados Unidos nesta esfera, basta assinalar que quando se produziu sua desintegração em 1991, na Bielorrússia havia 81 ogivas nucleares, no Cazaquistão 1,4 mil e na Ucrânia aproximadamente 5 mil, as quais passaram à Federação Russa, único Estado capaz de sustentar seu imenso custo, para manter a independência.

Por Fidel Castro

Em virtude dos tratados Start e Sort sobre a redução de armas ofensivas assinados entre as duas grandes potências nucleares, o número destas se reduziu a vários milhares.

Em 2010 foi assinado um novo tratado deste tipo entre ambas as potências.

Desde então os maiores esforços foram consagrados ao aperfeiçoamento dos meios de direção, alcance, precisão e engano da defesa adversária. Imensas cifras são investidas na esfera militar.

Muito poucos no mundo, salvo raros pensadores e cientistas, se dão conta e advertem de que bastaria a explosão de 100 armas nucleares estratégicas para pôr fim à existência humana no planeta. A imensa maioria teria um fim tão inexorável como horrível em consequência do inverno nuclear que seria gerado.

O número de países que possuem armas nucleares neste momento se eleva a oito; cinco deles são membros do Conselho de Segurança: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, e China. Índia e Paquistão adquiriram o caráter de países possuidores de armas nucleares em 1974 e 1998, respectivamente. Os sete mencionados reconhecem esse caráter.

Israel, ao invés, nunca reconheceu seu caráter de país nuclear. Contudo, calcula-se que possui entre 200 e 500 armas desse tipo, ficando indiferente quando o mundo se inquieta pelos gravíssimos problemas que ocorreriam em decorrência da eclosão de uma guerra na região onde se produz grande parte da energia que move a indústria e a agricultura do planeta.

Graças à posse das armas de destruição em massa é que Israel pôde desempenhar seu papel como instrumento do imperialismo e do colonialismo nessa região do Oriente Medio.

Não se trata do direito legítimo do povo israelense a viver e trabalhar em paz e liberdade, se trata precisamente do direito dos demais povos da região à liberdade e à paz.

Enquanto Israel criava aceleradamente um arsenal nuclear, atacou e destruiu, em 1981, o reator nuclear iraquiano em Osirak. Fez exatamente o mesmo com o reator sírio em Dayr az-Zawr no ano de 2007, um fato sobre o qual estranhamente a opinião pública mundial não foi informada. As Nações Unidas e a AIEA conheciam perfeitamente o ocorrido. Tais ações contavam com o apoio dos Estados Unidos e da Aliança Atlântica.

Nada tem de estranho que as mais altas autoridades de Israel proclamem agora sua intenção de fazer o mesmo com o Irã. Esse país, imensamente rico em petróleo e gás, tinha sido vítima das conspirações da Grã Bretanha e dos Estados Unidos, cujas empresas petrolíferas saqueavam seus recursos. Suas forças armadas foram equipadas com o armamento mais moderno da indústria bélica dos Estados Unidos.

O xá Reza Pahlevi também aspirava a dotar-se de armas nucleares. Ninguém atacava seus centros de pesquisas. A guerra de Israel era contra os muçulmanos árabes. Os do Irã não, porque tinham se transformado em um baluarte da Otan que apontava suas armas para o coração da URSS.

As massas dessa nação, profundamente religiosas, sob a direção do aiatolá Komeini, desafiando o poder daquelas armas, desalojaram o xá do trono e desarmaram um dos exércitos melhor equipados do mundo sem disparar un tiro.

Por sua capacidade de luta, o número de habitantes e a extensão do país, uma agressão ao Irã não guarda semelhança com as aventuras bélicas de Israel no Iraque e na Síria. Uma sangrenta guerra se desencadearia inevitavelmente. Sobre isso não debe haver nenhuma dúvida.

Israel dispõe de um elevado número de armas nucleares e da capacidade de fazê-las chegar a qualquer ponto da Europa, Ásia, África e Oceania. Eu me pergunto: A AIEA tem o direito moral de sancionar e asfixiar um país se tenta fazer em sua própria defesa o que Israel fez no coração do Oriente Médio?

Penso realmente que nenhum país do mundo deve possuir armas nucleares e que essa energia debe ser posta a serviço da espécie humana. Sem esse espírito de cooperação a humanidade marcha inexoravelmente para sua própria destruição. Entre os próprios cidadãos de Israel, um povo sem dúvida laborioso e inteligente, muitos não estarão de acordo com essa disparatada e absurda política que também os leva ao desastre total.

Do que se fala hoje no mundo sobre a situação econômica?

As agências internacionais de noticias informam que “O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu par chinês, Hu Jintao, apresentaram agendas comerciais divergentes […] ressaltando as crescentes tensões entre as duas maiores economias do mundo.”

“Obama usou seu discurso ― afirma a agência Reuters ― para ameaçar a China com sanções econômicas, a menos que comece a ‘jogar segundo as regras do jogo’…”. Tais regras são, sem dúvida, os interesses dos Estados Unidos.

“Obama ― afirma a agência ― está envolvido na batalha pela reeleição no próximo ano e seus opositores republicanos o acusam de não ser suficientemente severo com a China.”

As noticias publicadas na quinta-feira e sexta-feira últimas refletiam muito melhor as realidades que estamos vivendo.

A agência estadunidense AP, a melhor informada desse país, comunicou: “O líder supremo iraniano advertiu os Estados Unidos e Israel de que a resposta do Irã será enérgica se seus arqui-inimigos lançarem um ataque militar ao Irã…”

A agência noticiosa alemã informou que a China tinha declarado que como sempre acreditava que o diálogo e a cooperação era a única forma de aproximação ativa para resolver o problema.

A Rússia se opôs igualmente às medidas punitivas contra o Irã.
A Alemanha rechaçou a opção militar mas se mostrou partidária de fortes sanções contra o Irã.

O Reino Unido e a França defendem fortes e enérgicas sanções.

A Federação Russa assegurou que fará todo o possível para evitar uma operação militar contra o Irã e criticou o informe da AIEA.

“‘Uma operação militar contra o Irã pode acarretar graves consequências e a Rússia terá que fazer tudo de sua parte para aplacar os ânimos’, afirmou Contantín Cosacov, chefe da comissão de Relações Exteriores da Duma” (Parlamento) e criticou, segundo a agência Efe, “as afirmações por parte dos Estados Unidos, França e Israel sobre o possível uso da força e de que o lançamento de uma operação militar contra o Irã está cada vez mais próxima”.

O editor da revista estadunidense Executive Intelligence Review, Edward Spannaus, declarou que o ataque contra o Irã terminará na 3ª Guerra Mundial.

O próprio secretário da Defesa dos Estados Unidos, depois de viajar a Israel há alguns dias, reconheceu que não pôde obter do governo israelense um compromisso de se consultar previamente com os Estados Unidos sobre um ataque contra o Irã. Chegou-se a esses extremos.

O sub-secretário de Assuntos Políticos e Militares dos Estados Unidos desvelou cruamente os obscuros propósitos do império:

“Israel e Estados Unidos se envolverão nas manobras conjuntas ‘mais importantes’ e ‘de maior transcendência’ da historia dos aliados, declarou no sábado (12) Andrew Shapiro, sub-secretário de Assuntos Políticos e Militares dos Estados Unidos”.

“…no […] Instituto Washington para a Política do Oriente Médio, Shapiro anunciou que participarão nas manobras mais de 5 mil efetivos das forças armadas estadunidenses e israelenses e simularão a defesa de mísseis balísticos de Israel”.

“‘A tecnologia israelense é essencial para melhorar nossa segurança nacional e proteger nossas tropas’, agregou…”

“Shapiro destacou o apoio do governo de Obama a Israel apesar dos comentários da sexta-feira por parte de um alto funcionário estadunidense que expressou sua preocupação de que Israel não avisase os Estados Unidos antes de levar a cabo uma ação militar contra as instalações nucleares do Irã.”

“Nossa relação com a segurança de Israel é mais ampla, mais profunda e mais intensa do que nunca antes.”

“‘Apoiamos Israel porque é de nosso interesse nacional fazê-lo’ […] É a pura força militar de Israel o que dissuade os possíveis agressores e ajuda a fomentar a paz e a estabilidade.”

Hoje, 13 de novembro a embaixadora norte-americana na ONU, Susan Rice, disse à rede BBC que a possibilidade de uma intervenção militar no Irã não só não está fora da mesa, mas é uma opção real que está crescendo por culpa do comportamento iraniano.

Ele insistiu em que a administração norte-americana está chegando à conclusão de que será necessário acabar com o atual regime do Irã para evitar que este crie um arsenal nuclear. “Estou convencida de que a mudança de regime vai ser a nossa única opção aqui”, reconheceu Rice.

Não é necessário nem uma palavra mais.

Fonte dos textos em português:
Tradução: Redação do Vermelho

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