domingo, 25 de dezembro de 2011
Necessidade de um novo paradigma sustentado no bem comum como alternativa ao capitalismo
“NECESSIDADE DE UM NOVO PARADIGMA SUSTENTADO NO BEM
COMO ALTERNATIVA AO CAPITALISMO QUE AMERÇA A SOBREVIVENCIA DA HUMANIDADE E DO
PLANETA”.
POR FERNANDO ARELLANO ORTIZ
“Uma declaração universal de bem comum se faz necessária
como um instrumento pedagógico que permita concretizar um conjunto coerente de
alternativas ao capitalismo que tem causado uma profunda crise de civilização”,
afirma de forma categórica o intelectual e humanista belga François Houtart,
durante a conferência que apresentou na Academia Maior de Bogotá para comemorar
o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Convidado pela Direção de Direitos Humanos da
Secretaria de Governo da Capital colombiana, Houtard explicou que é inaceitável
que o capitalismo tem chegado a níveis inéditos de especulação e ganância, ao
ponto de na atualidade, 75% da economia mundial ser fictícia.
Ao mesmo tempo destacou como o neoliberalismo, o
modelo mais leonino e criminal do capitalismo, tem aprofundado a crise multidimensional
em que hoje se debate a humanidade. Em grande medida, este malfadado modelo,
disse, tem gerado uma crise ecológica e alimentária que tem relação direta com
a ganância do capital na concentração de terras para destinar uma alta
porcentagem delas aos agrocombustíveis que estão destruindo a biodiversidade
dos países do sul.
“A lógica do sistema capitalista tem causado o fenômeno
da mudança climática, afetando de forma mortal a 30% das espécies vivas do
planeta, e produzindo também inumeráveis catástrofes naturais”, assinalou este
científico social comprometido com as resistências ao arredor do mundo.
Depois deste panorama desolador, Houtart vem
levantando a necessidade de aplicar uma Declaração Universal de Bem Comum da
Humanidade por parte da Assembleia Geral das Nações Unidas que permita
encontrar um novo paradigma civilizatório.
Em sua concepção, quatro exemplos fundamentais deve
levar em conta esta Declaração de Bem Comum com o fim de construir alternativas
e também orientar novas práticas de convivência social: 1) utilização
sustentada e responsável dos recursos naturais; 2) privilegiar o valor de uso
sobre o valor de troca; 3) generalizar a democracia a todas as relações sociais
e a todas as instituições; e 4) fazer realidade a multiculturalidade, para dar
a possibilidade de participar de todos os conhecimentos, a todas as culturas, a
todas as tradições filosóficas e religiosas.
Professor emérito da Universidade Católica de
Lovaina, diretor do Centro Tricontinental, secretario executivo do Fórum
Mundial de Alternativas, membros do Conselho Internacional do Fórum Social
Mundial de Porto Alegre, presidente da Liga Internacional pelos Direitos e a
Liberdade dos Povos e diretor da Casa Editorial Ruth, Houtart é antes de tudo
um sacerdote caloroso da Teologia da Libertação, com uma sólida cultura, que
tem dedicado sua vida a lutar contra as injustiças e a difundir de forma ativa
e denodada o pensamento alternativo por um mundo melhor.
Viajante incansável tem estreitos vínculos com a
América Latina. Foi professor e amigo pessoal de Camilo Torres Restrepo, o
sacerdote revolucionário colombiano que nos anos 60 fez parte do Exercito de
Liberação Nacional (ELN) e que foi morto em combate em uma região montanhosa do
departamento de Santander. Igualmente na Universidade de Lovaina teve como aluno
seu o atual presidente do Equador, Rafael Correia Delgado.
Por sua passagem por Bogotá, o Observatório Sociológico
Latino americano www.cronicon.net
entrevistou a Houtart para se aprofundar na sua abordagem a respeito de um novo
paradigma depois do retumbante fracasso do capitalismo.
A entrevista no seguinte vídeo:
Fonte:
http://www.cronicon.net/paginas/edicanter/Ediciones66/nota01.htm
Tradução:
Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)
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