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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A OTAN sonha com a guerra civil na Síria

Por Pepe Escobar

O Neoliberalismo ocidental e seu braço armado, a OTAN, seguem conspirando contra a Síria. Com sua autoproclamada frase: “responsabilidade para proteger aos civis” e com a ajuda da desinformação massiva da imprensa comercial internacional, que distorce os fatos e oculta o que verdadeiramente está acontecendo nessa região, a OTAN opera secretamente com mercenários e outros grupos terrorista sobre seu controle para desestabilizar a Síria. Nosso colega Papel Escobar com suas análises nos atualiza sobre a situação no Oriente Médio.

 Cada grão de areia no deserto sírio sabe que não haverá uma intervenção “humanitária” da OTAN, justificada por sua “responsabilidade para proteger”, a fim de provocar uma mudança de governo em Damasco. Uma guerra prolongada como na Líbia não é viável – a pesar de que esses impecáveis praticantes da democracia, a Casa de Saud, já tem oferecido pagar por ela, generosamente.

Mas, o nevoeiro de uma guerra permanente segue sendo impenetrável. Ao que se propõe, realmente, a OTAN na Síria?

Já tem sido estabelecido [1] que a OTAN havia instalado um centro de comando e controle na província Hatay, sul da Turquia, – onde comandos britânicos e os serviços de inteligências franceses estão treinando o suspeito Exercito Libre Sírio (Free Siria Army, por suas siglas em inglês). O objetivo: fomentar uma guerra civil que afete o norte da Síria.  

Agora chega a confirmação, através do site da ex-denunciante do FBI dos EUA, Sibel Edmonds, de que poderia haver de fato um movimento de pinça envolvendo a Jordânia [2].

Edmonds cita fontes locais, segundo as quais, “centenas de soldados que falam línguas não árabes” estão se “movimentando entre... a base aérea Rey Hussein em Al-Mafraq” e “aldeias jordanianas adjacentes à fronteira síria”.

Edmonds sustenta que os meios de comunicações americanos não informam de nada a respeito por uma ordem enviada de cima, que em teoria, expirou-se nesta terça-feira. E não tente perguntar ao rei Abdullah da Jordânia.

A base de Al-Mafraq está praticamente no outro lado da fronteira de Dar´a. Recentemente tem havido muita atividade em Dar´a – um epicentro do movimento contra o presidente Bashar Al-Assad. No se diz respeito a agencia de noticia síria Sana, forças da Segurança têm sido mortas rotineiramente por “bandos terroristas”. Para os “rebeldes” são desertores patrióticos do exercito que atacam linhas militares de suprimentos militares.

O plano B de ataque

Ao adaptar este movimento de pinças, a OTAN na Síria está ativamente diversificando a estratégia do Iraque nos anos noventas: submeter à Síria a um prolongado estado de sitio antes de atacar.

Mas, por muito que a OTAN suplique a Alá, a Síria não é a Líbia. É muito menor e compacta, porém, mais povoada e com um verdadeiro exercito preparado em batalhas. Além de ser imensamente divididos pelo atual drama do euro, os britânicos e a potencia colonial francesa hão calculado que têm tudo a perde, economicamente, se envolvendo na demência de uma guerra convencional.

Os partidários da oposição síria – o Conselho Nacional Sírio (CNS) – são uma piada. Em sua maioria são da Irmandade Muçulmana, com alguns Curdos. O líder, Burhan Ghalioun, é um oportunista exilado em Paris com credibilidade zero (para o sírio mediano), embora numa recente entrevista, ao Wall Street Journal, fez todo o possível para apaziguar o lobby de Israel (não mais vinculados com Irã, não mais apoio para Hizbolá no Líbano e a Hamas em Gaza).

O FSA afirma que tem 15.000 desertores do exercito, mas está infestado de mercenários, é o que numerosos civis sírios descrevem como bandos armados. O CNA, teoricamente, se opõem as guerrilhas. Porém, isso é exatamente o que o FSA pratica ativamente, atacando a soldados sírios e oficiais do partido Baaz.

A tática essência do CNS é pelo momento promover ante a opinião pública ocidental a ideia de um pesadelo “potencial”, ao estilo líbio de um iminente massacre em Homs. Não tem muito que aceitar – além dos hábitos, estridentes, suspeitos dos meios de comunicação corporativos. Embora ambos estejam localizados em Istambul, o CNS e o FSA não parecem capazes de se por em acordo; parece uma versão letal dos Três Patetas.

Longe está a Liba Árabe, que atualmente está controlada pelos oito fantoches: os seis monarquias do CCG (conselho de Cooperação do Golfo, também, conhecido como Grupo Contrarrevolucionário do Golfo) e mais os membros “convidados” do CCG, Marrocos e Jordânia. Os Fantoches são subcontratados do Grande Oriente Médio da OTAN com esteroides (humanitários). Ninguém, porém, pergunta onde estiveram esses bonecos quando Beirute e o sul do Líbano foram destruídos em 2006, e, quando Gaza foi destruída em 2008 – em ambos os casos por Israel. Os fantoches não se atrevem a questionar os direitos divinos do chefe EUA-Israel.

A tática da OTAN na Síria tem sido clara, como água, faz tempo. A França, sob a liderança neonapoleônica da Líbia, presidente Nicolas Sarkozy, se concentra em acelera a escalada. Ao mesmo tempo, Paris trata de posicionar o crescimento da Irmandade Muçulmana, em todo o mundo árabe, como um interesse estratégico ocidental – como para militar a influência iraniana.

E então temos o continuo bloqueio econômico – impossível sem a cooperação do Iraque (não haverá), o Líbano (não haverá) e Jordânia (poderá ter lugar, mas, em detrimento da Jordânia).   

O verdadeiro sonho tenebroso da OTAN é levar a Turquia a fazer o trabalho suicida. Em sua irremediável falência, os países da OTAN – incluindo EUA – simplesmente não podem lançar outra guerra no Oriente Médio porque subiria as nuvens os preços do petróleo.  

O que a OTAN não pode conceber é a possibilidade de que uma guerra sectária entre sunitas e xiitas volte a se estabelecer no Iraque. Neste caso, o único refugia seguro seria o Curdistão iraquiano. Turquia teria nesse caso problemas mais pertinentes e se envolveria em uma guerra com a Síria.

O duplo jogo da Turquia

Apesar de tudo, o grande imponderável, nesse complexo tabuleiro de xadrez, é a Turquia, – como, precisamente, o que aconteceu com sua tão aclamada política de “problema zero com nossos vizinhos”, imaginada pelo ministro do exterior Ahmet Davutoglu.

Frente à impotência de Riad, e com o Cairo convencionado, Ankara (capital da Turquia) parece ter monopolizado o manto da liderança sunita – ou o papel de guardião da ortodoxia sunita enfrenando a esses hereges xiitas, sobretudo do Irã (mas também no Iraque, os alauitas na Síria e Hezbolá).

Ao mesmo tempo, para agradar a OTAN e aos EUA, Ankara permite a implantação da defesa de misseis em seu território – que se dirige não só contra o Irã, mas, sobretudo, contra a Rússia. Para não mencionar que Ankara alberga o desejo proibido de “solucionar”, permanentemente, a questão curda estabelecendo uma região autônoma no território sírio.

E Ankara também quer ganhar dinheiro; na Líbia ganharam os interesses petroleiros britânicos e franceses, embora os perdedores fosse os italianos e os turcos. Mas, até agora Turquia também esta perdendo, especialmente, na província Hatay, vizinha da fronteira síria, já que um acordo de livre comércio entre ambos os países tem sido anulado.

Para desespero do Ocidente, o governo de Assad esta longe de ser estrangulado. Para combater o pesado pacote de sanções da Liga Árabe e da Turquia, o governo tem acelerado o comércio com a China – mediante a troca direta e deixando de lado o sistema financeiro internacional.  

Não é surpreendente que Washington esteja adaptando uma atitude a longo preço. Reenviado seu embaixador a Damasco, Robert Ford, (ex-assistente do sinistro ex-desestabilizador da Nicarágua, John Negroponte, quando foi embaixador em Bagdá, e atual entusiasta da contrarrevolução da Casa de Saud). 

Ford terá muito tempo para intercambiar correios eletrônicos com uma oposição síria totalmente comprometida com a ex-potêncial colonial francesa.

Falando de um festival de fantoches: este gravará seu próprio ninho nos anais da infâmia no Oriente Médio. 

Notas:


[1] Vea «La guerra en las sombras en Siria», Rebelión, 2 de diciembre de 2011


[2] El informe está aquí: Una entrevista con el periodista sirio Nizar Nayouf está aquí. También se puede ver el video en este enlace, en inglés.

Fonte:

Tradução:
Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

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