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domingo, 29 de janeiro de 2012

Antecedentes Históricos do Estado de Israel Contemporâneo

Por Armando Briñis Zambrano

A propósito da candente situação no Oriente Médio, meios da imprensa israelenses, assim como, políticos e analistas de marcada tendência sionista, de dentro e fora de Israel, especialmente do atual governo, têm começado com destacada insistência a reclamar essa suposta necessidade de um “Grande Israel”, que ampliando suas fronteiras a custa de seus vizinhos países árabes consolide sua capacidade defensiva.

Especulando sobre um eventual ataque missilístico iraniano e uma possível resposta israelita, assumem com embasamento bíblico (Antigo Testamento), um Israel que abarque um território da península do Sinai e partes do Líbano, Síria e Jordânia. Podemos considerar válida, de algum ponto de vista, esta pretensão sionista que nos lança uma abordagem histórica desta situação?

Desde a Antiguidade até 1948, o território que ocupa na atualidade o Estado de Israel tem sido governado por inumeráveis potências e impérios estrangeiros. As fronteiras nunca foram às mesmas, como tão pouco seu nome. A maior parte do tempo, exceto durante a etapa dos reinos de Israel e Judeia e dos cruzados, o território não foi um ente político independente, senão que, constituiu uma província menor governada pelas metrópoles dos distintos impérios ocupantes.

No ano de 638 d.C., os árabes capturaram Jerusalém, e a Palestina deixou de ser parte do império de Bizâncio. Durante o califado árabe de 638 a 1099, a maioria da população adaptou o idioma árabe e se produziram números conversões ao Islam por parte da população cristã. Nem sequer os aproximadamente 200 anos de controle cruzado e seus Reinos Francos puderam mudar esta tendência e a derrubar Jerusalém das mãos do Sultão Selyúcida Saladino, isso, marcou o princípio do fim das cruzadas nestes territórios.

A partir de 1517, depois da conquista do Sultão Suleiman, O Magnifico Palestino, até 1918, formou parte do Império Turco Otomano, como uma província a mais deste, com Jerusalém como capital administrativa.

Devido às perseguições dos judeus na Rússia de 1881 e do incremento do antissemitismo na Europa, como seu momento mais candente, na opinião do oficial francês de origem judia, Richard Dreyfus, acusado de espião a favor do exército alemão, começou com força, a partir de 1882, as emigrações a província palestina do império otomano. 

Teodoro Herlz, ideólogo sionista (na foto), iniciou a campanha para a fundação do Estado para o povo judeu, ideia que começou encontrar apoio dos judeus da Europa Oriental. Em 1897 se celebrava, em Basiléia, o primeiro Congresso Sionista, que elegeu uma bandeira, um hino e fundou uma organização internacional.

No ano de 1917, no mês de dezembro, o general britânico Allenby entrou em Jerusalém, terminando, assim, com quatro séculos de dominação turca. No mês de novembro desse mesmo ano, se produziu a declaração unilateral do governo britânico que deu seu apoio ao estabelecimento de Lar Nacional Judeu na Palestina, com a conhecida Declaração Balfour.

Durante os anos de 1918 e 1919, os contratos entre o líder sionista, Chaim Weizmann, e o líder árabe, Emir Faisal, alentaram a esperança de que as aspirações nacionais de árabes e judeus poderiam ter lugar no marco da cooperação e da justiça internacionais.

Em 10 de agosto de 1920, se assinou o Tratado de Sevres entre Turquia e as Nações Aliadas, vencedoras na I Guerra Mundial. Em seu artigo 95 se arruma claramente os termos da Declaração Balfour sobre o estabelecimento do Lar Nacional Judeu na Palestina.

Em 1920, se assina o Tratado de Sam Remo, no qual a Sociedade de Nações acorda dar o Mandato da Palestina a Grã Bretanha, em aplicação do artigo 22 do Pacto da Sociedade de Nações. Os Territórios que incluía o mandato eram os atuais territórios da Jordânia, Israel, Cisjordânia, Gaza e os Altos do Golan (estes últimos foram entregues a França, potência mandatária da Síria).

Em 24 de julho de 1922, o Conselho da Sociedade de Nações ratifica os territórios da Declaração Balfour.

Depois de um atraso de dois anos, se estabeleceram os Mandatos, em 23 de setembro de 1923. O texto do Mandato da Palestina continha em seu preâmbulo o texto da Declaração de Balfour: “… conexão histórica do povo judeu com a Palestina… a criação de seu Lar Nacional…”. E em seu artigo 6: “a potência administrativa (Reino Unido) se impôs a tarefa de facilitar a imigração judia e seu assentamento, sempre assegurando que os direitos e posições dos outros habitantes não fossem prejudicados”.

Nos anos 20 e 30 do século passado, a imigração judia aumentou de maneira significativa, as compras de terras aos árabes palestinos originais e os enfrentamentos entra ambas as partes se fizeram normas nos territórios. Diante da impossibilidade de controlar a situação na Palestina, a Inglaterra estabeleceu a Comissão Peel, em 1937, em cujo informe se propôs a partilha da Palestina em um estado judeu e outro Árabe, ficando sob o mandato britânico, Jerusalém, Belém e Nazaré. 

Um terço do território seria judeu e o resto seria árabe, unindo-se a Jordânia. Estes términos foram aceitos pelo Congresso Mundial Sionista e pelo Emir Abdullah da Jordânia, embora tenha sido rechaçada pelo Alto Comitê Árabe, em sua reunião de Bludan (Síria).  A tentativa de aplicação do Informe Peel provocou o aumento dos ataques de militantes independentes árabes nos territórios.

A situação de instabilidade obrigou a Grã Bretanha a designar uma nova comissão, liderada por Woodhead, para reconsiderar o Informe Peel. O resultado da comissão foi rechaçado pelos árabes e judeus.

Em 1939, Grã Bretanha publicou o Livro Branco, que não satisfez a nenhuma das partes. A Comissão Permanente dos Mandatos determinou (não era vinculante) que o Livro Branco não estava de acordo com a interpretação que, de acordo com o estado administrador e o Conselho, a Comissão havia estabelecido para o Mandato da Palestina e, que na prática, havia estabelecido à imigração judia sem restrição e em detrimento dos árabes palestinos originais.

O Livro Branco significou uma mudança da política britânica, não tão a favor como anteriormente do estabelecimento do Lar Nacional na Palestina, ao tenta limitar a migração judia e nele jogou um papel determinante o interesse da Grã Bretanha de manter o apoio dos lideres árabes da região, frente a iminente guerra com a Alemanha.

Em 1942, começam as massivas emigrações de judeus europeus para a Palestina dado ao genocídio na Alemanha Nazista. Em Nueva York tem lugar a Declaração de Baltimore, que solicitou uma imigração judia sem restrições na Palestina e o estabelecimento de um Estado, embora o apoio da causa judia tenha começado a ser evidente nos setores do governo americano.
 Em 1945, o presidente dos Estados Unidos, Truman, declarou que urgia a imediata admissão na Palestina dos refugiados judeus europeus. Esta declaração provocou o estabelecimento de uma Comissão anglo-americana que publicou suas conclusões em 20 de abril de 1946, aonde se chamava para por fim as restrições de admissão aos refugiados judeus e a criação de um estado binacional sobre a responsabilidade das Nações Unidas.

A impossibilidade da Grã Bretanha para levar a cabo o mandato da Sociedade de Nações fez com que, em abril de 1947, pedisse a inclusão da “Questão Palestina” na ordem do dia da Assembleia Geral das Nações Unidas. Encomendou-se uma Comissão Especial de Informação (UNSCOP) encarregada de preparar um informe com propostas para o futuro da Região.

As Nações Unidas adaptaram, em 1947, a resolução 181 (II) que estabelecia a partilha da Palestina. A comunidade judia aceitou a citada resolução, mas não os países árabes. Em 14 de maio de 1948, Israel aceita a resolução 181 (II) e declara sua independência, de fato reconhecida pelos Estados Unidos e um dia depois pela União Soviética.

 Em 1949, depois de continuas lutas intermitentes, se assinou o Armistício de Rodes sob os auspícios do doutor Bunche, mediador das Nações Unidas. O citado armistício foi assinado por Egito, Líbano, Jordânia e Síria, embora o Iraque se tenha negado.

O Mapa da região ficou, então, desta seguinte forma:

O Estado de Israel, 54% do território que o tinha concedido o Plano de Partilha da Palestina, agregou mais 26% de territórios ocupados nos combates.

O Reino de Transjordânia se anexou a Margem Ocidental e mudou seu nome pelo de Reino Hachemita de Jordânia. Esta anexação foi reconhecida pela Grã Bretanha e Paquistão, mas, por nenhum governo árabe ou pelas Nações Unidas.

Gaza ficou sobre controle egípcio na qualidade de território administrado, mas, não anexado.

Está aqui a abordagem histórica que consideramos deixar estabelecido o Estado de Israel contemporâneo, que só pode ser enquadrado nos anos que mediam entre fins do século XIX e meado do século XX.


Tradução de Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

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