sábado, 4 de fevereiro de 2012
Justiça paraguaia impede invasão das terras dos brasiguaios e embaixador se diz "aliviado"
Brasília – A Justiça do Paraguai determinou, na
tarde de hoje (3), a reintegração de posse das terras dos agricultores
brasileiros, chamados brasiguaios, na região do Alto Paraná, na fronteira com o
Brasil. A Justiça decidiu, também, pela retirada imediata dos sem-terra
paraguaios, conhecidos como carperos, que pressionam pela ocupação das
propriedades.
A decisão foi comemorada pelo embaixador do Brasil
no Paraguai, Eduardo Santos. Ele disse à Agência Brasil que está “confiante no
retorno da normalidade” à região.
Agência Brasil – Depois de 11 dias de tensão, o
senhor acredita que o fim do impasse está próximo?
Eduardo Santos - Posso dizer que, agora à tarde,
fiquei bem mais aliviado depois dessa decisão judicial, que determina a
reintegração de posse no Alto Paraná. Com isso, acredito, sinceramente, que a
normalidade está próxima, embora a cautela determine aguardar e observar.
ABr – O ministro das Relações Exteriores, Antonio
Patriota, pediu que o senhor obtenha do presidente paraguaio, Fernando Lugo, garantias
para a segurança dos brasiguaios e que seja afastado o risco de novos
conflitos. Como estão essas negociações?
Santos – Desde que eclodiram os conflitos, estou
conversando todo o tempo com as autoridades paraguaias. É um diálogo constante.
O nosso papel na embaixada e no consulado é manter e zelar pelos interesses e
segurança dos nossos nacionais. Essas têm sido nossas preocupações. Hoje, o
Paraguai é o quarto maior exportador de soja da região e os brasileiros que
estão aqui ajudaram muito.
ABr – Como tem sido o diálogo com as autoridades
paraguaias?
Santos – Em ótimo nível. Hoje mesmo, logo depois
que a Justiça determinou a reintegração de posse, conversei com o ministro do
Interior [Rafael Filizzola] sobre a situação no Alto Paraná. Ele [o ministro]
me garantiu que a Polícia Nacional fará cumprir a ordem [judicial] na área e
que a segurança dos brasileiros está assegurada.
ABr – Em meio a esse clima, quais são as garantias
que o governo Lugo dá para os brasileiros?
Santos – O que todas as autoridades aqui dizem é
que a demarcação de terras seguirá a legislação, obedecendo os marcos legais, e
sob coordenação do Judiciário. Porém, o Executivo está atento e participando
diretamente das negociações. No Paraguai, a legislação fundiária é complexa e é
importante compreender isso.
ABr – O que, de fato, ocorreu na região do Alto
Paraná?
Santos – Houve um acirramento de tensões porque os
carperos insistiam que as propriedades que estão com os brasileiros deviam ser
usadas para a reforma agrária. Mas não chegou a ter invasão propriamente dita,
não. O problema se concentrou em três propriedades produtivas daquela região.
ABr – Como o governo brasileiro atua em situações
como essa?
Santos – Acompanhamos de perto todo o processo.
Vários brasileiros, agricultores e produtores rurais, nos procuraram com medo
de ter as terras retiradas. Colocamos a embaixada e o consulado em alerta todo
o tempo. Também converso constantemente com o ministro [das Relações
Exteriores] [Antonio] Patriota. Assim, coordenamos as ações e os procedimentos.
ABr – O senhor continua conversando diretamente com
os brasiguaios?
Santos – Claro. Todos na embaixada que lidam com
esse assunto estão conversando o tempo todo. Temos garantias do governo Lugo
sobre o respeito à propriedade privada e orientamos os colonos para que tentem
manter a calma. É assim que estamos agindo.
Edição: Vinicius Doria
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