ESPERAMOS QUE VOCÊ DEIXE SUAS OPINIÕES, IDÉIAS E QUE VENHA PARTICIPAR CONOSCO DEIXANDO SUAS PROPOSTAS

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Malvinas: as explosões de Cameron e a soberania Argentina

Por Juan Manuel Karg – Licenciado em Ciência Política UBA


“O pirata coxo com perna de pau, com tapa-olho, olhando ruim, o malandro velho, capitão de um navio que tive por bandeira um par de tíbias e crânio”.
Joaquín Sabina


Os meios de comunicação de massa de nosso país se encontram cobrindo, nestes dias, uma “nova escalada diplomática” com o Reino Unido, a raiz da soberania das Ilhas Malvinas. A finalidade deste artigo é analisar a estratégia argumentativa da Grã Bretanha para fazer ouvidos de mercador a uma reclamação que transcende a Argentina, como demonstra, por exemplo, a recente declaração da Comunidade de Estados Latino-Americana e Caribenha, em dezembro passado.

O “colonialismo” argentino…

O Primeiro Ministro britânico, David Cameron, comentou um desabafo – de dimensões – ao afirmar que a Argentina estava praticando “colonialismo”, por sua “insistência” em reclamar a soberania a respeito do Arquipélago. Segundo Cameron “o ponto chave é que apoiamos o direito à autodeterminação das Ilhas Falklands (sic). E o que os argentinos estão dizendo, recentemente, é de fato muito mais parecido ao colonialismo. Porque essas pessoas querem seguir sendo britânicas, e os argentinos querem que façam algo diferente”.

A autodeterminação é o direito que tem um povo ocupado por uma potência estrangeira, para decidir por si mesmo se quer permanecer sob a esfera desta potência ou não. Enormes processos de libertação nacional se conheceram ao longo de todo o século XX contra essas ocupações, muitas vezes por parte do próprio Reino Unido. No entanto, o caso das Malvinas é mais complexo: a população que neste momento está ali se instalou logo depois da ocupação militar britânica no final de 1832 e princípios de 1833. Foi neste momento quando a população civil argentina foi expulsa. De que “autodeterminação” fala Cameron se foi o próprio Reino Unido que – colonialismo mediante - usurpou um território nacional argentino? Que direito a autodeterminação teve os argentinos que foram usurpados de seu território? A armadilha discursiva do “velho palhaço” salta a vista.

A causa de um continente vs. um império em decadência

O apoio à soberania argentina sobre as Malvinas que surgiu da CELAC – que mencionávamos anteriormente – tem uma importância vital: 33 chefes de Estados da América Latina e do Caribe, reunidos em Caracas, anunciaram que a causa das Ilhas pertencem a todo o continente e não apenas a nosso país. Similar respaldo surgiu na Conferencia da alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA), na UNASUR, e, inclusive, no MERCOSUL.  

É que, além da caracterização politica-ideológica que se pode ter do governo argentino [1], resulta de primeira ordem para todos os países de nosso continente remediar uma absurda situação de colonialismo por parte de uma – também absurda – monarquia em pelo século XXI.

A estratégia discursiva de Cameron remete a buscar um “perigo” externo que permita, por sua vez, alinhar forças ao interior. É uma das últimas cartas de um governo assediado pelo quase nulo crescimento econômico, e golpeado, brutalmente, pela crise internacional em curso.

Claramente, a posição de vitima por parte da Grã Bretanha não resiste ao menor tratamento, e deve ser rechaçada de pronto por todos aqueles que lutam diariamente pela liberdade de nossos povos. Um império – desgastado, mas um império, finalmente - que tem regado nosso continente (e alguns outros) de sangue nativo, não pode marcar de “colonialista” a ninguém.
 
[1] E inclusive de concessões atuais desta para empresas estrangeiras que devem ser criticadas com rigor, como aconteceu atualmente com a mineradora transnacional a céu aberto na Famatina, por parte do governo oficial, Beder Herrera, algo que implica um negocio milionário e que encontra a resistência das assembleias socioambientais pelo dano natural provocado.


Tradução de Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Página Anterior Próxima Página Home