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terça-feira, 6 de março de 2012

Síria está aberta ao diálogo, assegura o Grande Muftí Hassoun

As portas da Síria estão abertas para os que queiram dialogar em paz e buscar vias para fazer que este país, de vasta riqueza cultural, religiosa e histórica, possa ser ainda melhor, assegurou o Grande Muftí da República, Ahmad Badreddine Hassoun.

"Convido a que venham todos os que hoje estão fora e se chamam oposição; que apresentem seus programas, que dialoguem e convencem ao povo, se me convencem, então, aconselharia ao presidente Assad: Olhe, deixe a presidência, volte à medicina; você é oftalmologista", afirmou Hassoun.

Em virtude da nova Constituição o povo pode eleger que presidente quer, destacou à Prensa Latina o xeque Hassoun.

"Mas essa não é a opção que desejam; não querem a paz, o diálogo, mas o caos, a sedição, a destruição, a morte", se lamentou o Grande Muftí, principal jurisconsulto do islamismo e guia espiritual na Síria.

Como não podem chegar a mim -recorda- assassinaram meu filho de 21 anos junto a seu professor da universidade. "Diante de seu corpo no funeral, no entanto, disse-lhes: perdoo-os, venham e dialoguemos... mas qual foi a resposta? Também te mataremos, disseram".

"Os extremistas, os talibãs, os salafistas, os wahabitas e os que combatem em nome da religião se retroalimentam mutuamente para exterminar as pessoas", disse. "Portanto um muçulmano, um cristão ou um homem verdadeiro não pode aceitar isto, porque se transformaria em uma besta".

O xeque de 62 anos é considerado um dos homens mais importantes da Síria, com influência nas negociações da paz e da guerra em seu país e em toda a região do Oriente Médio.

Para Hassoun, a fórmula que se quer impor na Síria da chamada primavera árabe é totalmente diferente do acontecido no Egito ou Tunísia.

"Nesses países só houve uma mudança superficial, os sistemas, os exércitos, as políticas, as relações... tudo permaneceu igual; em troca, na Síria querem destruir tudo: o regime político, a ordem social, a harmonia religiosa, a estrutura militar, tudo", advertiu.

Comentou que a Síria é um estado laico, onde há um presidente alauita, mas o ministro de Defesa é cristão, o de Segurança Interior é sunita e há muitos mais desta fé, e também há ateus.

"Esta imagem harmoniosa não agrada fora da Síria, por isso lhe declaram a guerra. E quem se opõe, matam-no; rejeitam o diálogo porque não têm argumentos convincentes".

Quiçá não tenhamos ainda a democracia almejada, mas a que estamos concebendo não se importa da França, Inglaterra ou Estados Unidos, mas que emana e responde às condições de nosso país, disse o Grande Muftí em alusão ao processo de reformas que se leva a cabo no país.

Mas George W. Bush já o advertiu há uma década: quem não está conosco, está na contra nós, "e na realidade o que querem é impor seus desígnios ao mundo", alertou.

Estados Unidos e Europa não querem que tenhamos identidade própria, mas que sejamos um vassalo de seus interesses denunciou o líder religioso sunita considerado o jurisconsulto competente para emitir um 'fatwa' ou pronunciamento legal no Islã.

"Eles olham tudo sob um prisma econômico, em seu predomínio e não no bem do ser humano", denunciou Hassoun fazendo referência a que por trás da crise síria está as potências ocidentais apoiando aos opositores armados com o fim de satisfazer seus próprios interesses e propósitos.

"No entanto, estimou, os Estados Unidos perderá logo o poder sobre esta região e prevalecerá a influência da China e Rússia".

Está de acordo com a opinião de que a Síria se converteu no terreno onde hoje se redefine um novo quadro na geopolítica mundial entre um esquema unipolar dominado até agora por Estados Unidos e aliados ocidentais e o surgimento de um mundo multipolar.

Hassoun censurou as fatwas (éditos) que fazem fora do país. "Quem o emitem dizem ser líderes islâmicos e exortam a matar ao povo sírio, mas carecem de significado e estão destinados a socavar a nação e satisfazer a Israel e a Estados Unidos", repudiou.

Referiu-se aos islamitas wahabitas, partidários de um islamismo fundamentalista e concentrados na Arábia Saudita que aparecem nos canais da televisão dessa monarquia e chamam os muçulmanos sírios, em especial aos da escola sunita, a cometer atos de violência contra outras comunidades religiosas.

Inclusive, esses imans ditaram um edito contra sua integridade pessoal e espiritual porque para eles ele trai a religião e é demasiado moderado porque defende a harmonia de fé e a concórdia, relatou o erudito sunita graduado da Universidade Azhar, do Cairo, membro do parlamento durante oito anos e que sempre se pronunciou de maneira conciliatória com respeito ao Ocidente.

O povo sírio -disse- quer reformas; uma correção no poder, um governo mais eficiente, limpo de corrupção, e a nova Constituição responde a essas aspirações. "Agora o partido que mais sirva ao povo será o que seja eleito", afirmou.

Não obstante, expressou sua esperança de que não se estabeleçam partidos sobre uma base religiosa "porque estes dividem o povo; enquanto as organizações laicas unem. Quero uma democracia para todo meu povo, sejam muçulmanos, cristãos, judeus ou ateus. Apoiamos a diversidade confessional e religiosa", afirmou.

À pergunta sobre que lhe diria se tivesse ante se uma multidão de muçulmanos, cristãos, judeus, ateus, o xeque Hassoun respondeu com singeleza: "Amem-se, vivam em paz sob a harmonia de Deus".

Damasco, 5 mar (Prensa Latina) [Modificado el ( lunes, 05 de marzo de 2012 )]

 

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