ESPERAMOS QUE VOCÊ DEIXE SUAS OPINIÕES, IDÉIAS E QUE VENHA PARTICIPAR CONOSCO DEIXANDO SUAS PROPOSTAS

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Prestes del Brasil (1949) – Plablo Neruda (Canto General) + Tradução

Prestes del Brasil (1949) – Plablo Neruda


Brasil augusto, cuánto amor quisiera

para entenderme en tu regazo,

para envolverme en tus hojas gigantes,

en desarrollo vegetal, en vivo

detritus de esmeraldas: acecharte,

Brasil, desde los ríos

sacerdotales que te nutren,

bailar en los terrados a la luz

de la luna fluvial, y repartirme

por tus inhabitados territorios

viendo salir del barro el nacimiento

de gruesas bestias rodeadas

por metálicas aves blancas.

Cuánto recodo me darías.

Entrar de nuevo en la alfandega,

salir a los barrios, oler [141]

tu extraño rito, descender

a tus centros circulatorios,

a tu corazón generoso.

Pero no puedo.

Una vez, en Bahía, las mujeres

del barrio dolorido,

del antiguo mercado de esclavos

(donde hoy la nueva esclavitud, el hambre,

el harapo, la condición doliente,

viven como antes en la misma tierra),

me dieron unas flores y una carta,

unas palabras tiernas y unas flores.

No puedo apartar mi voz de cuanto sufre.

Sé cuánto me darían 30

de invisible verdad tus espaciosas

riberas naturales.

Sé que la flor secreta, la agitada

muchedumbre de mariposas,

todos los fértiles fermentos 35

de las vidas y de los bosques

me esperan con su teoría

de inagotables humedades,

pero no puedo, no puedo

sino arrancar de tu silencio 40

una vez más la voz del pueblo,

elevarla como la pluma

más fulgurante de la selva,

dejarla a mi lado y amarla

hasta que cante por mis labios.

Por eso veo a Prestes caminando

hacia la libertad, hacia las puertas

que parecen en ti, Brasil, cerradas,

clavadas al dolor, impenetrables.

Veo a Prestes, a su columna vencedora 50

del hambre, cruzando la selva,

hacia Bolivia, perseguida

por el tirano de ojos pálidos.

Cuando vuelve a su pueblo y toca

su campanario combatiente 55 [142]

lo encierran, y su compañera

entregan al pardo verdugo

de Alemania.

(Poeta, buscas en tu libro

los antiguos dolores griegos,

los orbes encadenados 60

por las antiguas maldiciones,

corren tus párpados torcidos

por los tormentos inventados,

y no ves en tu propia puerta

los océanos que golpean 65

el oscura pecho del pueblo.)

En el martirio nace su hija.

Pero ella desaparece

bajo el hacha, en el gas, tragada

por las ciénagas asesinas 70

de la Gestapo.

Oh, tormento

del prisionero! Oh, indecibles

padecimientos separados

de nuestro herido capitán!

(Poeta, borra de tu libro 75

a Prometeo y su cadena.

La vieja fábula no tiene

tanta grandeza calcinada,

tanta tragedia aterradora.)

Once años guardan a Prestes 80

detrás de las barras de hierro,

en el silencio de la muerte,

sin atreverse a asesinarlo.

No hay noticias para su pueblo.

La tiranía borra el nombre

de Presten en su mundo negro.

Y once años su nombre fue mudo.

Vivió su nombre como un árbol

en medio de todo su pueblo,

reverenciado y esperado. 90

Hasta que la Libertad

llegó a buscarlo a su presidio,

y salió de nuevo a la luz,

amado, vencedor y bondadoso,

despojado de todo el odio

que echaron sobre su cabeza. [143]

Recuerdo que en 1945

estuve con él en Sao Paulo.

(Frágil y firme su estructura,

pálido como el marfil 100

desenterrado en la cisterna,

fiero como la pureza

del aire en las soledades,

puro como la grandeza

custodiada por el dolor.)

Por primera vez a su pueblo

hablaba, en Pacaembú.

El gran estadio pululaba

con cien mil corazones rojos

que esperaban verlo y tocarlo.

Llegó en una indecible

ola de canto y de ternura,

cien mil pañuelos saludaban

como un bosque su bienvenida.

Él miró con ojos profundos

a mi lado, mientras hablé.


Tradução (Paulo Mendes Campos)

Prestes do Brasil (1949)

Brasil augusto, quanto amor quisera

para estender-me em teu regaço,

para envolver-me em suas folhas gigantes,

em desenvolvimento vegetal, em vivo

detrito de esmeraldas: espia-te,

Brasil, dos rios

sacerdotais que te nutrem,

dançar nos terraços à luz

da lua fluvial, e repartir-me

por teus desabitados territórios

vendo sair do barro o nascimento

de grossos bichos rodeados

de metálicas aves brancas.

Quanta lembrança me darias.

Entrar de novo na alfândega,

sair pelos bairros, cheirar

teu estranho rito, baixar

a teus centros circulatórios,

a teu coração generoso.

Mas não posso.

Uma vez, na Bahia, as mulheres

do bairro dolorido,

do antigo mercado de escravos

(onde hoje a nova escravidão, a fome,

o trapo, a condição dolente,

vivem como antes na mesma terra),

me deram umas flores e uma carta,

umas palavras ternas e umas flores.

Não posso apartar a voz de quanto sofre.

Sei quanto me dariam

de invisível verdade as tuas espaçosas

ribeiras naturais.

Sei que a flor secreta, a agitada

multidão de mariposas,

todos os férteis fermentos

das vidas e dos bosques

me esperam com a sua teoria

de inesgotáveis umidades,

mas não posso, não posso

senão arrancar do teu silêncio

uma vez mais a voz do povo,

elevá-la como a pluma

mais fulgurante da selva,

deixá-la a meu lado e amá-la

até que cante por meus lábios.

Por isso vejo Prestes caminhando

para a liberdade, para as portas

que parecem em ti, Brasil, fechadas,

cravadas à dor, impenetráveis.

Vejo Prestes, sua coluna vencedora

da fome, cruzando a selva,

até a Bolívia, perseguida

pelo tirano de olhos pálidos.

Quando volta a seu povo e toca

o seu campanário combatente,

o encerram, e a sua companheira

entregam ao pardo verdugo

da Alemanha.

(Poeta, buscas em teu livro

as antigas dores gregas,

os orbes acorrentados

pelas antigas maldições,

correm as tuas pálpebras torturadas

pelos tormentos inventados,

e não vês em tua própria porta

os oceanos que batem

no sombrio peito do povo.)

No martírio nasce a sua filha.

E ela desaparece

a golpe de machado, no gás, tragada

pelos lamaçais assassinos

da Gestapo.

Oh, tormento

do prisioneiro! Oh, indizíveis

padecimentos separados

de nosso ferido capitão!

(Poeta, apaga de teu livro

a Prometeu e sua corrente.

A velha fábula não tem

tanta grandeza calcinada,

tanta tragédia aterradora.)

Onze anos eles guardam Prestes

detrás das barras de ferro,

no silêncio da morte,

sem que se atrevam assassiná-lo.

Não há notícias para seu povo.

A tirania apaga o nome

de Prestes em seu mundo negro.

E onze anos seu nome foi mudo.

Viveu sem nome como uma árvore

em meio a todo o seu povo,

reverenciado e esperado.

Até que a liberdade

foi buscá-lo em seu presídio,

e saiu de novo à luz,

amado, vencedor e bondoso,

despojado de todo 0 ódio

que lançaram sobre a sua cabeça.

Lembro que em 1945

estive com ele em São Paulo.

(Frágil e firme sua estrutura,

pálido como o marfim

desenterrado na cisterna,

fino como a pureza

do ar nas solidões,

puro como a grandeza

custodiada pela dor.)

Pela vez primeira a seu povo

falava, no Pacaembu.

O grande estádio pululava

de cem mil corações vermelhos

que espetavam vê-lo e tocá-lo.

Chegou em uma indizível

onda de canto e ternura,

cem mil lenços saudavam

como um bosque a sua boa-vinda.

Ele olhou com olhos profundos

a meu lado, enquanto falei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Página Anterior Próxima Página Home