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sábado, 28 de janeiro de 2012

Afeganistão: 11 anos de escândalos e péssima memória

Por: Oliver Zamora Oria

Agitação na Internet! A gravação de quatro soldados norte-americanos urinando sobre os cadáveres de alguns talibãs deu a volta ao mundo, e um desses vídeos colocados no Youtube já tem quase meio milhão de visitas. Esse parecia um fato casual, primeiro pelo lugar onde os soldados estadunidenses pisam com seus sapatos. Do meu ponto de vista jornalístico, o acontecimento tem valor noticioso, mas o assombro de muitos mostra a péssima memória de milhões de pessoas no mundo.

A lista é longa. No próprio Afeganistão, o soldado norte-americano Calvin Gibbs criou um esquadrão da morte que assassinou três civis no começo de 2010. Os abusos do grupo foram descobertos graças a umas fotos nas quais posavam ao lado dos cadáveres e, como troféu, cortavam os dedos ou outras partes do corpo das vítimas. Mas vamos um pouco mais ao oeste, até o Iraque. Lembrem-se das torturas e abusos sexuais em Abu Ghraib? As invasões a ambos os países estão marcados por casos como estes, que emergem nos meios de comunicação com a mesma facilidade com a qual depois desaparecem, e sobre os quais não vou detalhar para evitar cair em uma mórbida crônica vermelha.

No entanto, seria um erro nos limitar a fatos como estes para analisar a violência e os horrores de uma guerra. As grandes barbaridades são executadas pelos governos invasores e não por um grupo isolado de soldados; de toda forma, os crimes cometidos por estes efetivos são a expressão de um ódio estimulado pelas elites políticas e militares. No Afeganistão, a OTAN (que na prática é sinônimo de Washington) utilizou urânio empobrecido; segundo dados oferecidos pela própria organização bélica, o número de civis mortos no último ano superou os 2700 e em 11 anos podem somar um total de 10 mil pessoas assassinadas. Se a própria aliança transatlântica ofereceu esses números, é prudente esperar que na realidade sejam muito superiores.

O inferno pode ser sofrido em vida. Dezenas de milhares de afegãos foram deslocados de seus lugares de origem, o sistema de saúde apenas existe, as mulheres, crianças e idosos são os setores mais afetados e as péssimas colheitas põem à beira da fome mais de seis milhões de pessoas. Segundo o Programa Mundial de Alimentos, 31% dos afegãos estão em grave situação alimentar e um terço já sofre de fome. A organização diz que não pode fazer muito frente a esta situação pela falta de 200 milhões de dólares. Ah... Porquê falta esse dinheiro? Sim, falta; enquanto Washington gasta 20 bilhões de dólares no ar condicionado dos seus soldados nesse país centro-asiático, faltam fundos para a ONU alimentar os civis. O único que prospera no Afeganistão é o negócio da droga e o drama humanitário que ocasiona.

Não é possivel considerar crimes todas essas situações? O sofrimento pela fome, miséria e violência é menos terrível do que alguns cadáveres profanados? Os soldados são levados a julgamento e sentenciados a uma pena ínfima, independentemente do crime cometido, mas quem leva Washington, a OTAN e seus aliados europeus aos tribunais? O vídeo dos soldados profanando os cadáveres dos talibãs é só um capítulo de um livro de horror.

Fonte: http://multimedia.telesurtv.net/pt/opinion/afeganistao-11-anos-de-escandalos-e-pessima-memoria/

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