APRESENTAÇÃO TEÓRICA DOS EMPACTOS AMBIENTAIS
O espaço social é um produto da transformação do espaço natural (solo, rios, flora, fauna, etc.) a partir do trabalho social. Palco verdadeiramente construído, o espaço é modelado - em graus muito variados de intervenção e alteração - pelas mínimas modificações induzidas, como por exemplo, aqueles de uma sociedade de caçadores e coletores até ambiente construído e altamente artificial como uma grande metrópole contemporânea, passando pelas pastagens e pelos campos de cultivos, pelos pequenos assentamentos etc. Em síntese, pode se dizer que, o meio ambiente social é historicamente construído por meio de um processo de interação contínua entre a sociedade em movimento e um espaço físico particular que se modifica permanentemente.
Neste sentido de modificação permanente, ocorrem processos de mudanças sociais e ecológicas causadas por perturbações ou impactos no ambiente (uma nova ocupação e/ou construção de um objeto novo - uma usina, uma estrada ou uma indústria). Esses impactos sociais são escritos no tempo e incidem, diferencialmente, alterando as estruturas das classes sociais e reestruturando o espaço.
Foi a partir do processo de industrialização moderna, iniciado na Inglaterra do século VIII e, posteriormente, naqueles países onde se implantou o modo capitalista de produção, que a intervenção humana provocou com mais intensidade os impactos ambientais.
Segundo Tommasi, 1993: “Impacto ambiental é uma alteração física ou funcional em qualquer dos componentes ambientais. Essa alteração pode ser qualificada e, muitas vezes, quantificada. Pode ser favorável ou desfavorável ao ecossistema ou a sociedade humana”. O Conama, por sua vez, aprecia o conceito de impacto ambiental afirmado que ele è: “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam: 1. a saúde, a segurança e o bem estar da população 2. as atividades sociais e econômicas 3.a biota ( conjunto de animais e vegetais de uma região) 4. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente 5. a qualidade dos recursos ambientais”.
Podemos considerar com base nestas proposições que a água - um dos principais componentes do ambiente, e, de extrema necessidade a sociedade - tem sofrido impactantes alterações tanto física quanto funcional a partir de três ordens de fatores. A primeira razão prove do desenvolvimento da indústria e seus despejos complexos, com os mais variados poluentes. O segundo é a necessidade de uma maior produção agrícola, que resulta numa carga mais pesada, transportada pelas águas, de pesticidas e fertilizantes. Terceiro está relacionado ao alto grau de urbanização aliado a falta de saneamento básico. O resultado disso tudo é a poluição do meio ambiente (rios, riachos, lagos, praias, fontes naturais subterrâneas), com isso, conseqüentemente, vem o alastramento de problemas sociais urbanos de extremas conseqüências negativas para o povo trabalhado moradores das cidades.
Existem dois pressupostos equivocados para o estudo dos impactos ambientais. O primeiro pressuposto considera que: “os seres humanos, ao se concentrarem num determinado espaço físico, aceleram inexoravelmente os processos de degradação ambiental. Tal lógica vem da idéia de que a degradação ambiental cresce na proporção em que a concentração populacional aumenta. O segundo é que os seres humanos são, por natureza, depredadores e aceleradores dos processos erosivos. A idéia vendida, neste caso, é que as vítimas dos impactos ambientais são, assim, responsabilizadas e transformadas em culpados.
Os estudos sobre os impactos ambientais têm de partir do principio das relações sócio-espaciais e da estrutura de classes. Em sendo assim, a incorporação da estrutura de classes a análise dos impactos ambientais possibilitara perceber quem se apropria dos benefícios das atividades econômicas, cujos custos são divididos com toda a sociedade. Porém, se identificará e reconhecerá que os impactos ambientais decorrentes de tais atividades econômicas são mais percebidos pelos setores menos favorecidos da população, pois, não podem enfrentar os custos da moradia em áreas ambientalmente mais seguras ou beneficiadas por obras mitigadoras de impactos ambientais.
Nesta ordem de idéias, há de se analisar a distribuição dos impactos ambientais sobre o espaço urbano da cidade. Segundo geógrafos e historiadores, os problemas ambientais (ecológicos e sociais) não atingem igualmente todo o espaço urbano. Atingem muito mais os espaço físicos de ocupação das classes sociais menos favorecidas do que os das classes mais elevadas. Uma vez que, a distribuição espacial das primeiras estão associadas à desvalorização do espaço, quer pela proximidade dos leitos de inundação dos rios, das indústrias, quer pela insalubridade, tanto pelos riscos ambientais (suscetibilidade das áreas e das populações aos fenômenos ambientais) como desmoronamentos e erosão.
Porquanto, as cidades, historicamente, localizaram-se as margens de rios ou de grandes reservatórios de águas. A incidência das inundações, motivaram as classes médias e altas a se afastarem das áreas urbanas delimitadas como áreas de elevado risco. As inundações contínuas vitimam as classes pobres. Fugindo das áreas inundáveis e insalubres, as classes mais favorecidas, que buscam as áreas de topografia elevada, só eventualmente. A solução do problema da minoria rica se faz mais facilmente e, não raramente, com os investimentos pesados na reorientação dos sistemas de drenagem, muros de arrimos etc., em detrimento do investimento no saneamento das áreas ocupadas pela população pobre.
O Açude de Bodocongó, antes de ser construído em 1916, foi um riacho volumoso, principalmente, guando chovia. Parte do meio ambiente natural, o riacho desde o inicio começou a se integrar a vida humana dos primeiros habitantes da cidade de Campina Grande, especialmente, das sociedades indígenas dos Arius, pertencentes à nação dos Cariris, povos que habitavam a extensa área do atual território nordestino, compreendendo larga faixa que segue da Bahia ao Estado do Ceara, passando pelos Estados de Pernambuco e de nossa Paraíba.
Pelo modo de vida da cultura indígena, certamente, não ocorreu degradação ambiental do riacho, assim como, ocorreu após o estabelecimento das atividades industriais. Três razões para que isto não tenha ocorrido estão nos fatos da ausência da noção de propriedade privada da terra, depois, do conhecimento da diversidade biológica e ecológica, e, por fim, da concepção de natureza como fonte de vida. No primeiro sentido, a posse do território por eles se dá pelo uso coletivo dos recursos, uma vez que, tanto a terra quanto as águas são considerados um bem coletivo, pertencente a toda comunidade, sem necessidade de demarcação de fronteiras ou limites rígidos ou de utilização privadas dos recursos hídricos. Em segundo, o conhecimento da diversidade esta inter-relacionada aos seus métodos de agricultura, caça e coleta. Práticas estas em que se encontra a noção da preservação da natureza enquanto provedora das necessidades de sobrevivência da coletividade. Em terceiro lugar, a relação sociedade indígena e natureza (homem/meio) que estabelecem, prevalece à reciprocidade, isto é, a relação com recursos naturais (terra, água, flora e fauna) constituem fonte de vida para os mesmos e não fonte de lucro.
A partir do momento que surge a fixação de relações de propriedades privadas dos recursos naturais, visando utilizá-los para produzir lucro para um reduzido grupo de pessoas, é que se começou a degradar as águas do riacho, provocando, assim, graves impactos ambientais. As terras, e outros recursos hídricos que pertenciam ao conjunto das sociedades indígenas, foram desapropriadas e transformadas em formas sociais de relações privadas pelos europeus que chegaram à localidade. De posse destes recursos naturais, a classe dominante começou a usá-los para a criação de gados e produção da cultura do algodão. Segundo os mesmo dominadores, estas duas atividades econômicas eram “elementos dos mais valiosos da fortuna particular e fontes principias da receita pública”.
Um ofício de 1910 elaborado pelo “Conselho Municipal” (o qual fazia parte o prefeito da cidade de Campina Grande, Cristiano Lauritzen, e enviado ao “engenheiro Miguel Arrojado Lisboa”, da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas) descreve as boas intenções, dizendo o seguinte: “O Conselho agradece em nome da populaçãodo Município a solicitude com que V.S. mandou fazer os estudos do Açude de Bodocongó, promoveu perante o governo a sua aprovação. Com este açude não fica resolvido o problema d`água potavel para uma população que, apesar das secas contínuas, aumenta admiravelmente. A população vive sobre a ameaça continua do desaparecimento gradual do elemento mais essencial a vida... (a água)".
Seis anos depois, 1916, chegou ao término as obras do Açude de Bodocongó. Porém, os objetivos nobres que motivaram a construção do açude ficaram apenas nas boas intenções, e assim como usa-se a palavra de Deus em vão, da mesma maneira fizeram os “ricos” fazendeiro de gado e produtores de algodão. Na opinião de um cronista, o Açude de Bodocongó “Não serviu, é verdade, para o abastecimento da cidade, dado o elevado teor de salinidade da água acumulada. Não dirimiu a crise de água potável. Mas, o trabalho não se perdeu. Se não prestou serviços imediatos, tornou-se mais tarde o fator decisivo da formação de um novo bairro, o Bairro Industrial, que tanto esta concorrendo para o enriquecimento e a propagação do nome de Campina Grande”. Para que serviu os estudos técnicos feitos pela Inspetoria Federal de Obras contra as Secas?
No vídeo abaixo há uma frase da jornalista que confirma a existência de um complexo industrial que funcionava as margens do Açude. Além disso, aprecia que a construção visava suprir a escassez de água na região. Em conseqüência disto, cresceu a urbanização as margens da barragem. Quando analisa a degradação ambiental, afirma que a causa da existência de grande quantidade de lixo e esgotos lançados é culpa das comunidades vizinhas. Não considera a ação das indústrias e nem o papel do poder público e nem da elite campinense que fazia do Açude espaço lazer nos finais de semana.
Atualmente, ao pronunciarmos o termo Bodocongó não identificamos apenas um Açude com péssimas qualidades de suas águas, mas, sobretudo, altos índices de impactos ambientais. No vídeo disponibilizado, um antigo morador diz que antes o açude era grande, suas águas limpas e com grande quantidade de peixes. Interessante observar um fato imbutido nas reportagens feitas pela TV Paraíba: os culpados pela dagradação ambiental é a população local: que joga lixo, carros que despejam esgotos e banheiros químicos no açude. Se por um lado essas ações contribuem para agravar a situação, de outro lado as empresas que funcionavam, e ainda funcionam, não são culpadas; também não constatam que ainda hoje jogam dejetos e águas poluídas proveniente do processo industrial: estive com os alunos pesquisando o Açude de Bodocongó e constatamos o fato, a fatalidade.
Usaram este espaço do comentário para me acusar, de forma mais baixa possível, porém a pessoal não se identificou, fato lamentável para quem busca levantar ilações incabíveis. As palavras são torpes, desonestas, infames, vergonhosas, sórdidas, ignóbeis. Gostaria dela ter se identificado, por um lado, porque iriam pública-las aqui neste mesmo lugar objetivando dá-lhes uma resposta a medida de minhas forças, de outro lado, pois, iria pedir as provas da acusação, visando meu prazer em mostrar as minhas de modo a descamara-la. Se por um acaso desse que desce do além, a pessoa que se prestou a isso ler este meu comentário, faça-me um favor de identificar-se: penso que não terá coragem porque é um sujeito sem caracter. Se esse sujeito está afirmando um fato que julga verídico por que não se mostra? Do que tem medo? É uma alma pequena. Farei minhas as palavra do grande jornalista Antônio Borges da Fonseca: “Amigos e inimigos são convidados a me ajudarem no empenho que ora tomo, afim de que a verdade se restabeleça e a intriga não produza seus funestos efeitos”. Ficarei esperando.
ResponderExcluiroi,sou Raone e moro no bairro de bodocongó a 20 anos e durante esse tempo aproveitei bastante minha infancia ness bairro maravilhoso,tambem pude ver varias açoes da natureza no nosso açude,pondo em risco todos os moradores da area,podendo ser feita uma revitalizaçÃo um trabalho honrado e maravilhado por todos que por aqui passace,ao invez disso nimguem faz nada a nao ser ficar de braços cruzados vendo e achando bonito pessoas ignorantes tirar a alimentaçao do dia,poluindo o coraçao do bairro.é uma tristeza da um grande aperto no coraçao de ver isso acontecer e de saber que sao poucas pessoa assim como eu que quer ter a felicidade de um dia ver esse nosso açude como ponto turistico de campina grande mais uma vez.ja fui aluno na escola padre antonino, e chei linda e adimirei muito a atitude do ex pofessor Luiz carlos costa nascimento de criar este blog.
ResponderExcluirMAS EU TE DIGO UMA COISA MUITO IMPORTANTE QUE SERVE PARA TODOS OS MORADORES DA AREA QUE PODERAR LER ISTO;NUMCA DESISTA DO NOSSO AÇUDE,POIS ELE JA FOI UM RIACHO E O TEMPO NAO PARA PODEMOS MELHORAR O FULTURO DO MESMO,.
PRÓ-MELHORAMENTO DO AÇUDE DE BODOCONGÓ JÁ.
Escrevi um artigo intitulado "A tal “urbanização” do açude de Bodocongó" para ajudar no debate (ou na falta dele!!!). Há muita "divulgação" de um projeto concretista e pouca ou nenhuma ação com relação a revitalização do Açude de Bodocongó ... enquanto isto vai se transformando num penico como o Açude Velho ou tenderá a desaparecer como o Açude Novo que foi aterrado ... quem se interessar em ler o artigo completo acesse nosso blog Memórias de um ambientalista ... http://ramiromanoel.blogspot.com.br/2012/11/a-tal-urbanizacao-do-acude-de-bodocongo.html#more ... Finalizo o texto dizengo: "Por que não fazer o correto? Por que não cumprir a lei ambiental? Por que não tratar os esgotos antes de voltar aos nossos rios, açudes e riachos, já que pagamos mensalmente a taxa para tratamento de esgoto a Companhia de Águas e Esgotos do Estado da Paraíba – CAGEPA? Por que não recuperar a mata ciliar do açude de Bodocongó? Por que cometer os mesmos erros do açude velho e do açude novo (que foi aterrado!)?"
ResponderExcluir"Se este projeto concretista for efetivado, iremos testemunhar mais uma vez a agressão a Lei Ambiental do Brasil, a mutilação de mais um importante açude no semiárido, o descaso com a cidade de Campina Grande, a falta de sensibilidade para utilização do meio ambiente em favor da saúde e lazer da população, só nos resta cantar a letra da música de Humberto Teixeira e Cícero Nunes … “Eu fui feliz lá no Bodocongó. Com meu barquinho de um remo só. Quando era lua. Com meu bem. Remava à toa. Ai ai ai que coisa boa. Lá no meu Bodocongó ...”
Um abraço a tod@s,
Ramiro Manoel Pinto Gomes Pereira
ambientalista, professor, pesquisador, doutor em Recursos Naturais
Luis Carlos Costa Nascimento não deixa morrer este sonho vai luta a perseverança é o caminho nos amigos do lago do bairro mirante das agulhas em Resende RJ temos uma luta de 13 anos para salva um lago centenário eu Antônio Albino Filho mais conhecido como velho do lago já foi duas vezes em Brasília DF e foi muito bem recebido com carinho no ministério do meio ambiente e estou confiante na salvação do nosso lago. Este projeto vai concretizar através da perseverança
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