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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Os sócios do Mossad no Irã

Por Iñigo Sáenz de Ugarte

O assassinato de quatro cientistas nucleares em Teerã volta a pergunta de quem está por trás dos ataques contra o governo iraniano e, sobretudo, se os EUA ou Israel estão declarando uma guerra secreta para sabota o programa nuclear. A Revista Foreign Policy publicou uma ampla reportagem, citando fontes da CIA e outros serviços de inteligências, que assinalam a relação do Mossad com o grupo salafista sunita Jundallah.

Os americanos descobriram alarmados durante os últimos anos da Administração de Bush que os agentes israelenses tinham se passado por espiões americanos para estabelecer contatos com representantes do Jundallah, muito deles celebrados em Londres. Por sua ideologia salafista, é de supor que os membros deste grupo armado teriam alguns inconvenientes em receber ajuda do Mossad. ‘Disfarçar-se’ de agentes da CIA provocava essa dificuldade.

Quando os serviços de inteligência americanos entenderam isso deixaram de dar crédito. Esses implicavam aos EUA em apoiar a um grupo armado que tinha cometido atentados contra objetivos militares iranianos, mas também, contra civis, por exemplo, em mesquitas xiitas. A Casa Branca pediu explicações a CIA e, depois de conhecer a resposta, Bush se enfureceu, segundo o artigo. O Mossad operava na mais absoluta impunidade sem se importa com o que pensava seu maior aliado (não é uma novidade, o Mossad também trabalha dentro dos EUA).

“Não nos dedicamos a assassinar altas autoridades iranianas ou a matar civis iranianos”, disse uma fonte de inteligência. Ao contrário do Mossad, poderia haver acrescentado. 

Dois membros do comando suicida de Jundallah, fotografados antes do atentado de julho de 2010 contra uma mesquita. 

“Isto, certamente, não é a primeira vez que acontece, embora seja o pior dos casos que tenho ouvido”, disse o ex-chefe do Comando Central e agora general aposentado, Joe Hoar, depois de ter informado da operação. “Embora este tipo de operações não seja novas, são extremante perigosas. Basicamente, se está utilizando a amizade, com um aliado, para seus próprios objetivos. Israel esta jogando com fogo. Consegue que nos envolver em uma guerra secreta de outros, sem meditar se queremos participar ou não”. 

Não importa o quanto eles estavam com raiva da CIA. Nunca tem consequências quando a política israelense prejudica aos interesses de Washington. Ninguém se atreve a denunciar publicamente. Igual que a eliminação de um dirigente do Hamás em Dubai, na qual usaram passaportes falsos de países europeus, ser aliado de Israel obriga aparentemente ter que engolir isso e muito mais. 

Jundallah, fundado em 2001, não é um nome que apareça muito nos meios de comunicação. Isso não quer dizer que seja um completo mistério. Já em 2007 e 2008 se suspeitava que recebesse ajuda dos EUA. Por então, não figurava na lista de organizações terrorista elaborada pelo Departamento de Estado, que esperou até novembro de 2010 para corrigir essa estranha omissão. A mudança se produziu poucos meses depois de um atentado contra a mesquita xiita de Azedam, no qual morreram 27 pessoas e deixou 169 feridos.  

Como organização radical sunita, Jundallah não conta com muitos apoios entre a maioria xiita do país. Diz lutar contra a discriminação que sofrem os sunitas, que são cerca de 10% da população total, mas uma porcentagem muito maior nas províncias de Sistão e Baluchistão, fronteiriça com Paquistão e Afeganistão (mapa). O Irã tem acusado também aos serviços de inteligências paquistaneses de financiar e armar a Jundallah, como fazem com os grupos jihadistas que operam no Afeganistão ou Cachemira.  

Os contatos do Mossad com Jundallah confiram que os israelenses estão dispostos a aliar-se com o diabo para acabar com o programa nuclear iraniano. Não se importam em dar chutes em ninho de marimbondos, nem implicar aos EUA, o que faz suspeitar que estejam encantados de arrastar Washington a um conflito bélico contra o Irã.

Fonte:
 
http://www.cubadebate.cu/noticias/2012/01/15/los-socios-del-mossad-en-iran/

Traduzido por:

Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

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