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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

SAUDAÇÃO (Poesia)

Por Itamar Pires*


Os velhos deuses morreram,
Evoé Baco, o sempiterno
Evoé Baco, o que vive
Evoé Baco, Dionisius, Satã
Princípio Ativo, Elohin, o deus da beleza
E do fogo,
Evoé todos os deuses
filhos diletos do homem, Evoé faces esplêndidas
Evoé desejo de perfeição, de superação de negação
do que está posto em sossego
Evoé potências infinitamente elevadas do que somos
Evoé dialética, Evoé vinho e sexo,
Evoé machos de rijo corpo, Evoé femeas
possantes, insaciáveis, loucas,
Evoé a conjunção de tudo o que somos,
Evoé mundo estilhaçado,
Evoé fadas e dragões em exílio,
Evoé todos os deuses já sonhados,
rito tântrico, cabala
Evoé busca de compreensão, Evoé
aos navegantes
que mostraram serem outros os terrenos do mar,
Evoé mundo retalhado,
Evoé ódio de classe
Evoé revoluções – ainda que traídas, pisoteadas
Evoé revoluções – ainda que traídas e pisoteadas
Evoé revoluções, deusas sangrentas como parteiras,
e amantes ferozes que nos consomem até o bagaço,
que dormem com outros homens
enquanto estiolamos sangue e lava e poemas
para ficar vivos, ainda
Evoé luta armada, guilhotina,
fuzilamentos traidores
execuções em massa de canalhas,
Evoé aos mortos em combate, aos poetas estraçalhados
aos poetas que afrontam o absurdo, o cinzento,
que deitaram-se lado a lado com o horror,
que morreram em barricadas, em poços de fel curtido,
tonéis de cachaça,
que traduziram este mundo, este mundo
de aço, feridas, grandes fomes e fábricas, viagens
Evoé Walt Whitmann e Maiakovsky, Evoé Pessoae Neruda
Evoé Borges e Brecht, vizinhos inconciliáveis
- por que foram da ânsia do mundo
o que o leito é para o oceano
Evoé aos que combatem a barbárie, aos que
na voragem da revolução
foram muitas vezes cruéis e insensatos,
intolerantes, loucos porque criam
pelo que apaixonadamente sabiam certo
Evoé aos que provaram ser o homem a matéria suprema,
Evoé Hegel, Evoé Marx,
Evoé aos que reconciliaram a paixão e a ciência
Evoé aos que sempre combateram os deuses,
Evoé Lênin, não ficavas mesmo bem em casacas de
chumbo!
Evoé aos que dinamitaram, enfim, o parapeito
das pontes
e injetaram 100 mil volts em nossa corrente sanguínea
Evoé novas revoluções
que arrancarão de cada século sua jóia mais pura,
Evoé aos que dão o sangue
para que as bandeiras permaneçam vermelhas
Evoé aos cantares, palavras, lutas, atos
do homem, eterno movimento,
Evoé ao que ousaremos de mais belo,
Evoé ao futuro
que brande suas espadas de jóia,
terrível ceifadeira e canta
com toda potência de seu corpo-fêmea.

Itamar Pires

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