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quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Banca do Distinto: Historias Entrecrudas


Luis Carlos

Há coincidência que se entrecruza com acontecimentos e experiências de nossas vidas cotidianas, não das mesmas maneiras, certamente, dos cenários nos quais se desenrolaram.

Minha companheira relata a história de que um antigo namorado ia de quando em quando à casa de seus pais, levando um grupo de samba que tocava com a família noite adentro, especialmente, com a presença indispensável do pai. Esse era negro, porém, não gostava das pessoas de sua cor. Numa dessas reuniões de samba familiar, o agraciado das atenções da moça achou de cantar a música de Billy Branco, A banca do distinto. A música foi o pomo da discórdia que nem a deusa da sabedoria, Minerva, conseguiu dá jeito. O patriarca chamou a atenção do rapaz dizendo que a música era uma letra de mau gosto e incabível no momento, e asseverou que: “podre e preto não merecia ser cumprimentado mesmo não por um doutor”. Ai foi àquela peste emocional. Daí por diante, o rapaz deixou de levar o grupo de samba e de cantar no seio familiar.

Por uma eventualidade dessas que cai do além, como dizia Castro Alves em alguma de suas poesias, encontrei a música de Billy Branco cantada na voz de Vanderlea em vídeo do Youtube, fato esse que, me trouxe a memória a historia contada, entrecruzando-se quanto à questão do preconceito, apesar das diferências de contexto e atores.

Mas se o século que viu Colombo também viu Gutemberg, ao tempo que encontrei o vídeo, igualmente, achei a historia subjacente que motivou o compositor a escrever a letra “A banca do distinto”.

Não irei aventura-me na analise textual da letra por que o comentário feito pelo “faclubewanderlea” já dá uma idéia do preconceito que nós negros sofremos tanto no passado quanto na atualidade por pessoas que não fizeram uma lavagem cerebral, como faz observar Gabriel, O Pensador.

No demais, como não tive a oportunidade de conhecer o sogro de cor que tinha preconceito dos seus pares, vou aproveitar a oportunidade para faze-lhe uma homenagem póstuma, visto que nas reuniões atuais da família, a música é sempre lembrada, assim como, o atraso de sua “consciência” e de suas atitudes.


“Enviado por faclubewanderlea em 30/07/2010

Wanderléa canta neste vídeo um clássico da MPB, a música A Banca do distinto, de Billy Blanco, no Teatro FECAP, em São Paulo. A canção faz parte do mais recente disco da musa da Jovem Guarda, Nova Estação, premiado e elogiado pela crítica. No palco, Wanderléa é acompanhada por Lalo Califórnia (direção musical, arranjos, violão e guitarra), Hanilton Messias (piano), Marcos Rogério (teclados), Khristiano Oliveira (baixo) e Luis Antunes (bateria) e Jadde Flores (percussão).

A composição de Billy Blanco nasceu de um fato inusitado. A inspiração veio a partir de um relato de preconceito feito por Dolores Duran ao compositor. Conta Billy Blanco que, por volta de meados dos anos 50, no auge do Beco das Garrafas em Copacabana, Dolores Duran cantava numa daquelas boates. Tinha um homem que sempre ia aos shows da Dolores porque gostava muito da voz dela, porém odiava negro ou afro-descendente, o caso de Dolores Duran.

O “doutor” ia ao show toda noite, sentava-se na primeira fileira de mesas, mas sempre de costas para o palco. Não dirigia uma única palavra a ela porque não falava com negros. Sequer a olhava! Quando queria pedir uma música, dirigia-se ao garçon – Alberico Campana, hoje dono da Plataforma no Rio de Janeiro – e dizia, acenando com um bilhetinho na mão: “Manda a neguinha cantar essa música aqui!”

Todo final da noite, pelo fato de ser solteiro, o tal sujeito sempre comprava o jantar e levava para casa, como não carregava embrulhos – que segundo ele era serviço de negro – pedia ao garçon que levasse até o seu automóvel. Dolores, profissonal e pacientemente atendia os pedidos do “doutor”. Nessa época, ela e Billy Blanco – segundo ele – mantinham um “affair”.

Um dia, muito aborrecida com a grossura do sujeitinho, Dolores contou a história ao Billy que, imediatamente compôs o samba “A BANCA DO DISTINTO”. E aí…, na noite seguinte Dolores Duran cantou o samba para o “doutor”. Em 1959 a música foi gravada na voz de Isaurinha Garcia. Posteriormente várias outras gravações vieram, como as de Elza Soares, Neusa Maria, Dóris Monteiro, Elis Regina e Jair Rodrigues, entre outros”.

Fonte: http://bahiaempauta.com.br/?p=42311



A Banca do Distinto

Composição: Billy Blanco

Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
Com terra em cima e na horizontal

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