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sábado, 25 de junho de 2011

Entre o Bom Gosto e o Ser Humano fico com o último.


Rick Bonadio no portal do R7 aborda o “bom gosto” em relação ao artista no começo de carreira. Aponta que o indivíduo e o grupo a que pertence tem uma identidade musical e apresenta uma atitude, ademais, ambos têm como peculiaridade o gosto de certas coisas (capacidade de apreciar o valor ou sentido estético, digamos, da moda [roupas], produção artística [música ou som], impressão ou prazer da fotografia ou imagem em geral e das opiniões, etc.).

Sabendo disto, o artista tem que saber identificar qual é a música, o som e a roupa, dado que, isto é, o procedimento fundamental para provocar reações e boas impressões a aquele indivíduo ou grupo. Para esses últimos, o bom gosto vai ser desenvolvido pelo artista ao passo que houver, de sua parte, dedicação, pesquisa e estudo, mesmo sabendo que, tal bom gosto, seja algo que “talvez” nasça espontaneamente. Outra orientação ao artista em inicio de carreira é vê “o que está sendo feito de bom e dando certo”.

Para tanto existem alguns critérios. Com a justificativa de que o passado deve ficar no passado, pois, o público quer o novo com bom gosto. Neste sentido, é imprescindível se desprender de conceitos fixos e abrir a mente ao novo e bom. Aí prevalece o bom gosto.

Esta exposição é típica de um empresário musical e proprietário de Studio. Para quem se aventura em ser artista, tem como missão buscar criar um produto cultural novo e bom, mas, um novo e um bom sem “conceitos fixos”. A questão fundamental está aqui. O novo e bom existem de forma dinâmica, efêmera, passageira, em contrapartida ao velho parado, fixo, estático, sem movimento. Essa é a tese da indústria cultural, ávida em procurar criar, diariamente, uma música-mercadoria esvaziada de “memória” e princípios, por qualquer outra coisa que denomina de bom gosto, ao tempo que, exclui outros “valores estéticos”, às vezes criados por ela mesma.

O artista nesta concepção é um ser volátil sem personalidade própria. Sua identidade é de um sujeito sem sujeito e proposição de “estilo peculiar”, porque, se manifesta sempre naquilo que corresponde ao valor e sentido estético de outrem, não necessariamente, dele. Este tipo de artista não tem criatividade devido aos padrões e modelos estereotipados, imposto ao público pelos meios de comunicação. Bom gosto, neste sentido, é um fetiche criado por isso que se denomina esterilização de padrões e modelos culturais da Indústria de massa. Por isso que Salvador Dali dizia que “É o bom gosto que (...) tem o poder de esterilizar e é sempre o primeiro obstáculo para qualquer funcionamento criativo”.

A justificativa de que o passado deve ficar lá no passado corresponde aquilo que chamamos juízo de valor e não juízo fundamentado no conhecimento histórico. Nem que todas as subjetividades pensem desta forma, o passado não deixará de está em convivência com presente, “novo”. Como nascerá o novo se nele não coexistir o velho? Certo que há princípios provenientes do passado que não merecem ser absorvido, mas, muitos deles ainda são vigentes na atualidade. Então quando se afirma genericamente que o artista deve se despir dos “conceitos fixos” está universalizando a idéia, de modo que, incorre em erro.

O artista não deve buscar criar composições musicais apenas a partir de indivíduo e grupo em particular, mas, fundamentalmente, aprender a captar a totalidade da vida. Para tanto, dizia Gorki, é necessário estudar a vida das gentes e não deixar deslizar por elas um olhar de passagem, de observador contemporâneo, é necessário aprender a ler, a estudar as gentes como se lêem e estudam os livros. A roupa, o som e a música têm como fundamento o ser humano, os humanos das “gentes”.

Esta concepção leva em apreciação o ser humano e não o bom gosto fetiche criado pelo mercado. Neste ponto estou com Bertolt Brecht quanto dizia que “Há momentos em que se tem de escolher entre ser humano e ter bom gosto”.

Para finalizar, no que se diz respeito ao bom gosto, farei minhas as palavras de Adriana Calcanhotto quando fala:

“O que eu não gosto é do bom gosto”

(...)

“Eu gosto dos que têm fome

Dos que morrem de vontade

Dos que secam de desejo

Dos que ardem”.


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