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domingo, 12 de junho de 2011

Oitavas a Napoleão - Castro Alves (Poesia e Áudio)







Oitavas a Napoleão - Castro Alves

(Tradução do espanhol, de LOZANO)




Águia das solidões!. . . Ninho atrevido

Foram‑te as borrascosas tempestades,

Flamígero cometa suspendido

Sobre o céu infinito das idades.

Tu que, no lago intérmino do olvido,

Lançaste tuas régias claridades...

Deus caído do trono dos mais deuses...

Quem recebeu teus últimos adeuses?...

Não foram as Pirâmides, que ouviram

De teus passos o som e se inclinaram...

Nem as águas do Nilo, que te viram,

E co'as ondas teu nome murmuraram...

Não foram as cidades, que brandiram

As torres como facho... e te aclararam..

Quem foi? Silêncio!... trêmulo de medo

Vejo apenas—um mar... vejo—um rochedo...

A terra, o mar, os céus... espaço estreito

Eram p'ra tua planta de gigante,

Para tecto dos paços teus foi feito

O firmamento colossal, flutuante

Como diadema — O!; sóis... E como leito

O antártico pólo de diamante...

Teu féretro qual foi?... Titão do Sena

O penhasco fatal de Santa Helena...

Assassina do Encélado da guerra

Só tu foste, Albion... do mar senhora..

Por quê? Porque um pedaço aí de terra

Foi pedir‑te o gigante em negra hora...

E lhe deste um penhasco... Oh! Lá s`encerra

Tua lenda mais hórrida... Traidora!

Lá seu espectro envolta na mortalha

Aos quatro céus a maldição espalha...

Ao leão, que temias, enjaulaste;

E de longe escutando seu rugido,

Tu, senhora do mar... tu desmaiaste!

Pelo punhal traidor ele ferido

Caiu‑te aos pés... Então tu respiraste,

Cobarde vencedora do vencido...

Nem mesmo todo o oceano poderia

Lavar este padrão de covardia...

Tu não és tão culpada!... Aonde estava

A França tão potente e tão temida?...

Oh! por que o não salvou?... se o contemplava

Lá dos gelos dos Alpes—soerguida!?...

E ele que a fez tão grande?... Ela folgava!...

Enquanto ao longe do colosso a vida,

Como um vulcão antigo e moribundo

Lento expirava nesse mar profundo.

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