Os cortes e as privatizações mencionados pela presidente, aliadas à redução do valor de aposentadorias e pensões e elevação da carga tributária, fazem parte da receita indigesta que a chamada troika (FMI, Banco Central Europeu e União Europeia) impõe aos gregos em troca de novos empréstimos ao país para evitar a moratória.
Pacote recessivo
O avanço da crise mundial mostra que Dilma tem razão ao condenar tal caminho e sustentar que ele não é a solução correta para a crise. A Grécia ruma para o quarto ano consecutivo de recessão, empurrada agora pela política econômica imposta pela troika. O ajuste fiscal levado a cabo pelo governo social-democrata fez a taxa de desemprego disparar para 16,3% e o PIB despencar 7,3% no segundo trimestre deste ano.
Os cortes aludidos estão contidos no pacote anunciado nesta semana, que incluem redução de 20% no valor das pensões superiores a 1,2 mil euros e de 40% nas superiores a mil euros pagas a pessoas com idade inferior a 55 anos, arrocho de até 60% dos salários de cerca de 30 mil funcionários públicos e mais privatização.
Revolta
As medidas revoltaram a classe trabalhadora, que paralisaram o transporte rodoviário e aéreo e as escolas nesta quinta, 22, e prometem novas greves nacionais nos dias 5 e 19 de outubro. A “ajuda” da troika (dezenas de bilhões de euros que vão direto para o bolso dos credores) e as condições decorrentes agravaram a crise na Grécia sem afastar a possibilidade de moratória, que cresce a cada dia e é uma das causas do pânico que afeta as bolsas de valores.
Capitulando à pressão dos bancos internacionais, principalmente franceses e alemães, o governo grego promete entregar todo ou quase todo patrimônio público aos grandes capitalistas através de um programa radical de privatizações. No cardápio estão incluídas o Parternon e as paradisíacas Ilhas Gregas, referidas pela presidente, além dos portos, aeroportos, ferrovias, rodovias e empresas estatais.
Um símbolo à venda
O Parternon foi um templo da deusa grega Atena, construído no século V a.C. na acrópole de Atenas. É o mais conhecido dos edifícios remanescentes da Grécia Antiga, considerado um símbolo duradouro do país e da democracia helênica e é visto como um dos maiores monumentos culturais do mundo. O nome Partenon parece derivar da monumental estátua de Atena Partenos abrigada no salão leste da construção.
A arrecadação de 50 bilhões, por meio da venda de estatais e de terrenos e da concessão de serviços públicos foi uma das condições impostas à Grécia para a conclusão do pacote de socorro financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia, firmado em 2010. O pacote envolve uma ajuda de 110 bilhões, dos quais cerca de 60 bilhões foram liberados. Entre as empresas a serem privatizadas estão as distribuidoras de gás e de água, os cassinos, a rede ferroviária, as loterias, os correios e os bancos Hellenic Postbank e o ATEbank. Os portos e aeroportos passarão a ser geridos pelo setor privado por concessão de longo prazo.
Haja entreguismo
Já são 15 os programas de privatização em andamento e Papandreou anunciou a criação de nova agência para acelerá-los. Quer privatizar até o hipódromo. Parte das empresas já haviam sido negociadas, e agora o governo vai liquidar a parte minoritária que restara.
Segundo a revista alemã “Der Spiegel”, o principal do que a Grécia tem a entregar, sem contar as ilhas gregas e outros territórios, é 100% das ferrovias e rodovias, 75% nos portos de Pireus (em Atenas) e Tessalônica (segunda maior cidade do país); 10% na empresa de telecomunicações OTE; 34% no Banco Postal Helênico, 55% no Aeroporto de Atenas; e 34% na Loteria OPAP। Há ainda a empresa de energia elétrica PPC. Haja entreguismo e desfaçatez! Os credores estão depenando a Grécia, com a vergonhosa cumplicidade do governo social-democrata liderado por George Papandreou.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=2&id_noticia=164735
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