Procissão dos Retirantes
Letra: Marjin César Ramires Gonçalves; Música: Pedro Munhoz; Voz/violão-base: Pedro Munhóz; Violão-solo: Egbert Parada; Baixo: Fabricio Moura
Terra-Brasilis, Continente
Pátria-Mãe da minha gente,
Hoje eu quero perguntar:
Se tão grandes são teus braços,
Por que negas um espaço,
Aos que querem ter um lar?
Eu não consigo entender,
Que nesta imensa nação,
Ainda é matar ou morrer
Por um pedaço de chão!
Lavradores nas estradas,
Vendo a terra abandonada,
Sem ninguém para plantar.
Entre cercas e alambrados,
Vão milhões de condenados
A morrer ou mendigar.
Eu não consigo entender.
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão!
No Eldorado do Pará,
Nome Índio: Carajás
Um massacre aconteceu.
Nesta terra de chacinas,
Essas balas assasinas
Todos sabem de onde vem.
É preciso que a justiça
E a igualdade sejam mais
Que palavras de ocasião.
É preciso um novo tempo,
Em que não seja só promessa
Repartir a terra e o pão
(A hora é essa, de fazer a divisão!)
Eu não consigo entender,
Que em vez de herdar um quinhão
Teu povo mereça ter
Só sete palmos de chão!
Nova leva de imigrantes,
Procissão dos retirantes,
Só há terra em cada olhar.
Brasileiros feito nós,
Vão gritando, mas sem voz
Norte a sul, não tem lugar.
Eu não consigo entender,
Que nesta imensa nação
Ainda é matar ou morrer,
Por um pedaço de chão!
Pátria Amada do Brasil,
De quem és mãe gentil?
Eu insisto em perguntar:
Dos famintos das favelas,
Ou dos que desviam verbas
Pra champagne e caviar?
Eu não consigo entender,
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter,
E ainda se diz bom cristão.
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