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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sionismo e capitalismo

Autora: Débora Cerio

Tradução: Luis Carlos

A ideologia sionista: O contexto histórico do surgimento do sionismo.

Com o termo “sionismo”, derivado da palavra Sión [1], se define o movimento nacional judeu surgido na Europa no final do século XIX e cuja figura mais representativa foi o jornalista de origem húngara Theodor Herzl, em cujo livro “O Estado Judeu”, publicado em 1896, se define as ideias principais deste movimento.

Como afirma Abraham León [2], o pano de fundo da irrupção do movimento sionista foi a rápida capitalização da economia russa despois da reforma de 1863, que tornou-se insuportável a situação das massas judias das pequenas cidades. No Ocidente, as classes médias, trituradas pela concentração capitalista, começaram a voltar-se contra os judeus cuja competição agravava sua situação. A Organização Sionista [3] surgia como o programa de um setor da grande burguesia judia que terminaria sendo dominante dentro dela.

Para León, o sionismo procura assentar-se numa explicação religiosa para justificar sua existência. Segundo a interpretação ad hoc do sionismo, no ano de 70 da era cristã, os judeus foram expulsos de Jerusalém, que estava sendo ocupada pelos romanos. Esta expatriação foi à famosa Diáspora, que dispersou aos judeus pelos quatro pontos cardiais; os judeus haviam buscado por dois milênios o retorno a Eretz Israel, considerada na Bíblia a pátria dos judeus. Veja nas palavras do fundador do sionismo, Theodor Herzl:

“Nada é o bastante forte ou o bastante rico para transportar um povo de uma residência à outra. Isto pode fazê-lo somente uma ideia. Parece que a ideia de Estado tem essa virtude. Os judeus não tem cessado de sonhar, através de toda a noite de sua história, este divino sonho: O ano que vem, em Jerusalém!; são nossas palavras tradicionais. Agora se trata de mostrar que o sonho pode transforma-se em uma ideia clara como o dia” [4]

Contudo, o movimento sionista é uma reação da pequena burguesia judia, que, duramente golpeada pela crescente onda de antissemitismo, teve que dispersar-se de um país a outro para escapar da perseguição. É que, tal como sustenta Leon, a ideologia sionista é, como toda ideologia, o reflexo desfigurado dos interesses de uma classe. O sionismo é a ideologia da pequena burguesia judia, oprimida entre o feudalismo em ruinas e o capitalismo em decadência.

Seguindo a León, o sionismo é produto da última fase do capitalismo, do capitalismo que começa a descompor-se. Porém, sustenta que sua origem se remonta a um passado bimilenário. E se bem o sionismo é essencialmente uma reação contra a crise do judaísmo gerada pela combinação do desmoronamento do feudalismo com a decadência do capitalismo, afirma ser uma reação contra a situação existente desde a caída de Jerusalém, no ano 70 da era cristão. [5].

Essa história dos judeus, tal como é contada pelos sionistas, trata de criar o pano de fundo para justificar a ocupação da Palestina. Assim, depois da violenta dispersão dos judeus por obra dos romanos, os judeus não haviam podido assimilar-se nas nações a onde emigrarão.

Imbuídos de sua “coesão nacional”, “de um sentimento ético superior” e de “uma indestrutível crença em um Deus único”, haviam resistido a todas as tentativas de assimilação. [6]. Isto não foi realmente assim, já que houve ao largo desses dos mil anos inumeráveis casos de assimilação. Contudo, de acordo com a história construída pelos sionistas, a única esperança dos judeus durante esses dias sombrios, que duraram dois mil anos, era retornar a antiga pátria.

Nesta mesma perspectiva, há que dizer que não se pode, como fazem os defensores do sionismo, compará-lo com os demais movimentos nacionais. O movimento nacional da burguesia europeia foi uma consequência do desenvolvimento capitalista que reflete a vontade daquela de criar as bases nacionais da produção, de abolir os resquícios feudais. Porém, no século XIX, época de florescimento dos nacionalismos, a burguesia judia, longe de ser sionista, era profundamente assimilacionista. O processo econômico que fez surgir às nações modernas criava as bases para a integração da burguesia judia na nação burguesa. Só quando o processo de formação das nações culminou, quando as forças produtivas deixaram de crescer, limitadas pelas fronteiras nacionais, começou o processo de expulsão dos judeus da sociedade capitalista e o moderno antissemitismo. A eliminação do judaísmo acompanha a decadência do capitalismo. Longe de ser um produto do desenvolvimento das forças produtivas, o sionismo é justamente a consequência da total paralisia desse desenvolvimento, da petrificação do capitalismo. Assim, enquanto o movimento nacional é um produto do período ascendente do capitalismo, o sionismo é fruto da era imperialista. A tragédia judia do século XX é uma consequência direta da decadência do capitalismo [7].

Justamente aí está o principal obstáculo para a realização do sionismo, a chave para compreender a crise que se vive na Palestina desde a fundação do Estado de Israel. A decadência capitalista, base do crescimento do sionismo, é também a causa da impossibilidade de sua realização. A burguesia judia se viu obrigada a criar um Estado Nacional e assegurar as condições para o desenvolvimento de suas forças produtivas justamente na época em que as condições para isso desapareceram havia muito tempo. A decadência do capitalismo, si por um lado coloca de forma tão aguda a questão judia, por outro torna-se impossível sua solução pela via sionista. [8].

Isso marca como um ferro quente o caráter de classe do movimento sionista. É certo que os pioneiros da colonização da Palestina eram artesão, pequenos comerciantes pobres, personagem sem grandes posições e que nem Rotschild nem a grande burguesia judia enviaram a seus homens a colonizar a terra em Palestina. Isto foi à base do intento de criar uma imagem “plebeia” e até “0peraria” e “socialista” do sionismo. [9]. Porém, o sionismo - e não faz falta dizê-lo depois da ocupação colonial e a limpeza ética – não é socialista e longe está de sê-lo. O sionismo é o movimento de uma burguesia que buscava “livrar-se” dos judeus europeus para acalmar a fúria antissemita e frear sua crescente participação nos partidos de esquerda. Para se estabelecer necessitaria do apoio do imperialismo, que o colocaria como seu agente policial no Oriente Médio.

Os pilares ideológicos do sionismo.

O fundador do sionismo foi Theodor Herzl. Ele define a questão judia como uma questão nacional, cuja resolução implicaria converte-la no problema de política internacional. Dado que os judeus seriam um povo e seus intentos de assimilação nos países por onde se disseminaram trás a “diáspora” haviam sido vãos, do que se trata é de separara-los dos “não-judeus” e dar-lhes um “lar nacional” (Palestina ou Eretz Israel, a terra que os pertenceria por “direito bíblico”) donde puderam resguardar-se do antissemitismo, segundo eles, inerente ao gênero humano. Em suas próprias palavras:

“A solução da questão judia não consistia em lutar para acabar com o antissemitismo e conseguir a total igualdade dos judeus nos países aonde viviam, senão em separar aos judeus dos que não o eram”. [10].

Como se vê, o sionismo se baseia em alguns postulados que o convertem em uma ideologia profundamente racista.

Por um lado, considera que os judeus são um povo e não uma comunidade religiosa, que Palestina foi e segue sendo a terra do povo judeu, e que o antissemitismo e a perseguição são um perigo latente para este.

Para os sionistas, Israel é a terra do povo judeu [11] e se define como “estado judeu”, quer dizer, que não se concebe como o país dos israelenses, mas dos judeus. Esta definição implica que Israel pertence àquelas pessoas consideradas como judias, independente do país que habitem, e não aquelas comunidades não-judias residentes. Isto se traduz em que um judeu de qualquer parte do mundo tem mais direito que a população árabe que permaneceu depois da ocupação israelense, apesar de viver nestas terras durante muitas gerações.

De fato, em 1950 foi sancionada a Lei do Retorno, pela qual todo judeu tem direito a assentar-se em Israel. Em 1952 se sancionou também a Lei da Nacionalidade, pela qual se confere automaticamente a cidadania aqueles chegados sob a Lei do Retorno. Evidentemente, isto não é aplicável aos não-judeus. Assim, os milhões de refugiados palestinos, consequência das expulsões praticadas sistematicamente pelos governos israelenses, ao longo de seus cinquenta e três anos de historia, não tem reconhecido, por parte de Israel, o direito a voltar a suas casas e a recuperar suas propriedades. O argumento oficial apresentado por Israel para vetar o direito de retorno aos refugiados é o de que isto traria perigo ao caráter do estado judeu e, em consequência, de sua própria existência.

Posto que, como sustenta Moses Hesse, considerado o pai espiritual do Sionismo em 1882:

“os judeus tinham permanecido como estranhos em todas as nações”. [12].

o Estado de Israel, seria o “lar nacional” para todos os judeus do mundo, perseguidos pelo antissemitismo, característica biológica do género humano. León Pinsker eleito presidente da Primeira Conferencia Sionista, celebrada em Katowice, em 1884, levantou em seu livro “Auto emancipação”:

“o ódio aos judeus é uma variante da demonologia, com a diferencia de que não é algo peculiar de certas raças (...), senão que constitui um fenómeno comum à totalidade do género humano (...) tem caráter hereditário, e como enfermidade transmitida durante dos mil anos, é incurável”. [13].

Tendo em conta as declarações destes sionistas, poderia pensar-se que o movimento teve um rol destacado contra o antissemitismo, que supostamente seria uma das causas do estabelecimento do Estado de Israel. Pois bem, não apenas não se engajaram em combate a morte contra o genocídio senão que, com a desculpa de que isso exacerbaria aos nazistas, as principais organizações judias e seus dirigentes se opuseram a toda ação enérgica contra o antissemitismo nazista na Alemanha. Isto pode se ver nas palavras de um sionista honesto, algo que não se pode encontrar facilmente:

“(...) nos queixamos hoje de que o mundo não judeu não atuará eficaz, moral e politicamente contra o nazismo (...) não menos justificada está à acusação contra nosso próprio povo (...) não existem desculpas para nossa geração, nem para a maioria de seus dirigentes. Somos uma geração condenada a ser testemunhas da destruição de uma terceira parte de nosso povo, e culpável de haver aceitado a mesma sem uma resistência digna desse nome”.

Adolf Eichmann - encarregado pessoalmente por Hitler de aplicar a “solução final” aos judeus, mas tarde sequestrado, julgado e executado pelo Estado sionista - deixou escrito que:

“(...) Este Dr. Kastner era um homem jovem, (...) um advogado frio e um sionista fanático. Ele concordou em ajudar os judeus que não se opusem à deportação emantivesse a ordem nos campos, se eu fizesse vista grossa e permitisse quealgumas centenas ou alguns milhares de jovens judeus emigrassem ilegalmentepara a Palestina (...) foi um bom negócio. "[15] O segundo princípio do sionismo é que a terra de Eretz Israel (Palestina), que o Messias teria prometido ao povo judeu, segundo a Bíblia, era "vazia". que

Se disse que, naqueles tempos, o territorio estava maioritariamente povoado por tribus nómadas beduinas e que se deslocavam permanentemente. De fato, o eslogam do sionismo era “uma terra sem povo para um povo sem terra”. [16]. A realidade tem demonstrado a falsidade do argumento, já que existem testemunhos da existencia de povoações palestinas ao longo do territorio. No entanto, o sionismo tem se empenhado em intentar apagar os vestigios que mostrariam o caráter árabe destas terras, quer através da redenominção em hebraico antigo ou povoações palestinas e com o arrasamento e desaparição de povos e aldeias (530). Muitas destas familias palestinas conservam, todavia, as chaves de suas casas, agora destruidas ou ocupadas por inquilinos judeus, como o argumento mais esmagador para desmontar a propaganda sionista.

Neste mesmo sentido, os sionistas têm se empenhado em negar identidade nacional aos palestinos, que eles vinheram a desaloja-los. [17]. O terceiro topico se refere, então, a negação de uma identidade palestina, diluindo-a em uma entidade superior e mais geral, a de árabes. [18]. Portanto, segundo seu fundamento, como árabes, deveriam ser acolhidos nos paises vizinhos – também árabes – e deixar o povo judeu fundar seu estado em “Eretz Israel”. A identidade nacional palestina estava em processo de formação desde o final da I Guerra Mundial, como ocorreu com o resto dos paises árabes da região (Égito, Líbano, Síria, Iraque e Jordânia). Porém, mesmo que nesses paises, sob dominação colonial europea, se permitiu um estado central forte com um controle por parte da população local – ainda que fosse apenas nominal e tevesse uma forte aversão entre a população – no caso da Palestina, o poder estava diretamente em mãos dos britanicos. [19]. Isso prejudicou a formação da consciencia nacional, porém, não significa que não a houvera, e não apenas como resposta ao sionismo. O argumento simplista de considerar a estas persoas meramente árabes implica negar a identidade nacional palestina e, implicitamente, a dos países venzinhos, a considerar apenas a qualidade de árabes. Por outra parte, sua expulsão aos paises vizinhos, em vez de propiciar sua integração social, economica e politica nas culturas receptoras, tem reforçado o sentimento de identidade entre os palestinos da Diáspora.

A justificação sionista da ocupação da Palestina

Palestina na antiguidade.

Desde o segulo XV ao XIX, Palestina esteve sob a dominação otomana. No entanto, foi um territorio possuido por mumerosas potencias da antiguidade.

Quatro mil anos antes de Cristo, os cananeus, um povo semita procedente do interior da Peninsula Arabica, se instalaram nas terras desde então conhecida como Canaã e que mais tarde seriam Palestina. Os jebuseos, uma das tribos cananeas, levantaram um povoado ao que chamaram Urusalim (Jerusalém), ou seja, “cidade da paz”.

Os farãos egipcios ocuparam parte de Canaã em 3200 a.C. e construiram fortalezas para proteger suas rotas comercias, porém, o país consevou sua autonomia. Por volta do ano 2000 a.C. passou por Palestina, em sua rota ao sur, outro povo semita nômade, o dos hebreus, conduzido por Abraão. Sete séculos mais tarde voltaram, procedentes do Égito, doze tribos hebrais ao mando de Moiséis. Travaram-se violentos combates pela posse da terra. Apenas quatro séculos depois consiguiu Davi derrotar aos jebuseus e unificar o reino judeu. Mas, apois a morte de seu filho, Salomão, os hebreus se dividiram em reinos – Israel e Judeia – que mais tarde cairam em mão dos asírios (721 a. C.) e os caldeus (587 a. C.), respectivamente. Nesta última data, Nabucodonosor destruiu Jerusalém e levou aos judeus em cativeiro a Babilônia.

Em 332 a. C., Palestina foi conquistada por Alexandre Magno. Depois da morte deste, retornou ao imperio egipcio dos Ptolomeus. Mais tarde foi dominada pelos Seléucidas da Síria. Uma Rebelião escabeçada por Judas Macabeu restabeleceu o Estado judeu no ano de 67 a. C., porém, este de pronto foi submetido à vassalagem pelo então invencível Império Romano, que tomou Jerusalém a sangue e fogo, no ano 63 a. C.. Os Romanos reprimiram severamente a resistência dos macabeus, zelotas e outras tribos judias. Como parte dessa repressão foram crucificados milhões de rebeldes, entre eles Jesus de Nazaré, por volta do ano 30 d. C.; foi demolido o Templo de Salomão, em 70 d. C., e os judeus foram expulsões de Jerusalém, no ano 135 d. C..

Os romanos deram a Palestina sua atual denominação. A dominação de Roma e, logo, a do Império Bizantino - o Romano do Oriente – se estendeu até o ano 611, quando a província foi invadida pelos persas. Os árabes - um povo semita procedente do interior da península - conquistaram Palestina no ano 634. A fé islâmica e o idioma árabe unificaram aos povos semitas, com exceção dos judeus. Com breves intervalos de dominação parcial dos cruzados cristão e dos mongóis, nos séculos XI, XII e XIII, Palestina teve governos árabes durante quase um milênio e islâmico durante um milênio e meio.

Os habitantes da Palestina

Antes que os hebreus migrassem pela primeira vez a região, cerca de 1800 a. C., o país de Canaã estava ocupado pelos cananeus: 3000 a 1100 a. C., a Civilização Cananeia já cobria o que é hoje Israel, Cisjordânia, Líbano e grande parte de Síria e Jordânia. Os que permaneceram nos arredores de Jerusalém, depois que os romanos expulsaram aos judeus no segundo século d. C., eram diferentes povos que formavam parte do ramo cananeu. Os invasores árabes do século VIII converteram os nativos ao Islã, se estabeleceram permanentemente, e se casaram com eles, sendo o resultado uma arabização tão completa de toda a população, que não se pode determinar onde terminam os cananeus e onde começam os árabes. [20].

A ampla maioria da população da Palestina no momento da criação do Estado de Israel era, portanto, árabe, pelo menos desde o século VII d. C.. Assim, em 1948 – mesmo antes da criação do Estado de Israel – setecentos mil árabes foram expulsos ou forçados a fugir dos territórios que seus antepassados haviam vivido por mais de 1200 anos para que estes fossem ocupados por centenas de milhares de judeus europeus.

Os “direitos de propriedade” dos judeus sobre Palestina

Para o sionismo, a justificativa para reivindicar a legitimidade da instalação do Estado de Israel em território palestino, está na “Bíblia e na História”. Baseia-se fundamentalmente na consideração da Palestina como sua “Pátria Histórica”, fundada na “promessa” do Messias ao povo Judeu [21]. Por suposto que historicamente, esta pretensão é infundada: os reinos Judeus de Davi e Salomão durarão setenta e três anos e inclusive sem se considerar como independente a eterna historia dos antigos reinos judeus, desde a conquista de Canaã por Davi em 1000 a. C. até a erradicação de Judeia em 586 a. C., chegamos a um regime judeu de apenas 414 anos. [22]. Os reinos judeus não foram mais que um dos muitos períodos da historia da antiga Palestina. [23].

A ocupação: gênese e desenvolvimento do Império Otomano a Primeira Guerra Mundial

O império otomano manteve sua hegemonia sobre Palestina até a Primeira Guerra Mundial. Durante o conflito, Londres prometeu ao chefe Hussein a independência das terras árabes em troca de sua colaboração na luta antiturca. Ao mesmo tempo, o ministro de Relações Exterior britânico, Lord Balfour, prometia em 1917 ao movimento sionista o estabelecimento de uma “pátria nacional judia” na Palestina. O “direito” de Inglaterra sobre Palestina provinha de sua derrota militar sobre os turcos em aliança com os árabes.

Depois da Primeira Guerra Mundial, veio à divisão dos territórios que estavam em mão turcas. [24]. Para eles Inglaterra se serviu do movimento nacional árabe, que havia começado a despertar. E, por outro lado, firmou com França o acordo de Sikes-Picot, que daria a Palestina, por sua condição de ponte intercontinental, o caráter de zona internacional, ademais, a “Declaração Balfour” (2 de novembro de 1917), que foi considerada como a “aliança de borda” entre o sionismo e o imperialismo inglês. [25]. Os britânicos viram na colonização da Palestina, por parte dos judeus europeus, a possibilidade de dispor de uma localização estratégica que os permitira, por um lado, controlar o Canal de Suez e facilitar, assim, seu comercio com a Índia, e por outro lado, o acesso ao petróleo iraquiano.

Assim, começava a segunda etapa do sionismo, que culminaria com a criação do Estado de Israel. Ademais, de dar aos ingleses um valioso auxilio para estabelecer um futuro protetorado na Palestina, a “Declaração Balfour” colocava em mãos inglesas uma arma poderosa para liquidar o movimento nacionalista árabe e fortalecer a politica de guerra do imperialismo britânico e sua luta contra a Revolução Russa.

Assim, Israel começava a nascer por meio de uma declaração unilateral de uma grande potencia imperialista, declaração que impões o destino de uma região da Ásia que jamais havia pertencido a Inglaterra, que dava de presente a Lord Rothschild o território de uma nação estrangeira e que não teria em conta os desejos do povo palestino, que era 93% árabe em 1917. Essas pessoas eram reduzidas a condição de não-judeus, confinadas em uma “pátria nacional judia”, ou seja, tratados como estrangeiros em sua própria terra. [26].

O período de mandato e a fase pré-estatal do sionismo

No final da Primeira Guerra Mundial, os Aliados criaram a Sociedade de Nações, antecessora da atual Organização das Nações Unidas, que ortogou a Inglaterra o mandato sobre Palestina em 1922. Frente ao conflito gerado pelo aumento significativo da população judaica na Palestina, produto da imigração massiva, os britânicos propuseram dividir Palestina em dois estados: um judeu e outro árabe, e deixar sob a administração inglesa o corredor Jerusalém-Jaffa (Tel Aviv). [27]. Os árabes rechaçaram a divisão e iniciaram uma rebelião que apenas terminou em 1939, quando Londres abandonou a ideia e limitou a imigração. [28].

É que naqueles tempos as coisas não transcorriam muito tranquilas para o imperialismo. Havia surgido por primeira vez na história, um Estado Operário, a URSS, que se opunha a expansão colonialista e em todo o mundo colonial se iniciava uma grande onde de lutas anti-imperialista.

Dentro do mundo árabe, o Oriente Médio concentrou as lutas mais importantes contra o imperialismo inglês e o francês. Palestina foi o centro dessa luta, especialmente durante a insurreição de 1936-39, que começou com uma greve geral que durou seis meses e, para ser sufocada, exigiu a metade dos efetivos de todo o exercito britânico, um dos mais poderosos do mundo nesse momento. Centenas e centenas de palestinos foram mortos, presos e condenados a trabalhos forçados ou a longas penas de prisão. Em 1939, o povo palestino estava derrotado. Essa é a chave para entender a relativa facilidade com que em 1947-48 se instalou na Palestina o Estado de Israel.

Neste período anterior à “declaração de independência” do Estado de Israel, os imigrantes judeus começaram a apropriar-se das condições matérias necessárias para sua fundação, dado que existia para isto, o “obstáculo” de que a Palestina estava já habitada. Assim, a ocupação se deu sobre a base de três pilares do movimento sionista: kibush hakarka (conquista da terra), kibush haavoda (conquista do trabalho) e t`ozteret haaretz (produto da terra). Explicou Jon Rothschild:

“Detrás dessas sonoras palavras havia uma dura realidade. Conquista da terra significava que toda a terra possível fosse adquirida (legalmente ou não) dos árabes, e que nenhuma terra de judeus fosse vendida ou de alguma maneira retornasse aos árabes. Conquista do trabalho significava que nas fabricas e terras de judeus se dava preferencia aos trabalhadores judeus. O trabalho árabe era boicotado. De fato, o Histadrut, que hoje é a Central Operaria de Israel, foi criada para impor o boicote aos trabalhadores árabes. Produto da terra significava praticar o boicote à produção árabe por parte dos colonizadores judeus, e manter somente a compra de produtos das terras ou empresas judaicas”. [29].

A compra e colonização das terras foram, então, o inicio, as condições para a criação do Estado de Israel. Por um lado, havia que impedir que estas terras pudessem ser compradas novamente por árabes. A organização sionista para a compra de terras, o Keren Kayemeth Leisrael (KKL) proibiu expressamente aos judeus alienar o solo adquirido: desde o momento de sua aquisição, seria propriedade nacional. Todavia, hoje, seguem vigentes leis que proíbem a estrangeiros, transferência ou venda para não judeus das terras que juridicamente pertencem ao KKL ou são “terras estatais”. Por outra parte, era necessário vincular a terra os colonos judeus. Oppenheimer, sociólogo e economista sionista, propôs garantir a colonização com camponeses que trabalhassem por si mesmos a terra, bem como, o direito estatal de propriedade, já que essa é uma atividade agrícola que liga os homens a terra, assegurando-lhes o sustento e construindo um verdadeiro laço. Dado que o incentivo econômico do beneficio e a rentabilidade da produção move cada vez mais a empregar uma força de trabalho barata, constituída na Palestina pelo trabalho assalariado árabe, a consequência de uma exploração orientada abertamente ao beneficio havia sido que os árabes, privados de suas terras pela ocupação judaica, haviam se tornado trabalhadores e sem direito a pretendida estrutura homogênea da população judaica na correspondente zona de colonização. Por isso, a colonização agraria devia, necessariamente, excluir o trabalho assalariado. O departamento de colonização da organização sionista determinou que se proibisse por principio o trabalho assalariado nas terras do KKL. Mais tarde, em Israel, esta condição para o cultivo das terras do KKL e do “solo estatal” se converteu em norma quase constitucional, embora muito vezes ela se quebre frequentemente pela pressão econômica, a fim de obter benefícios. O trabalho pessoal permitiu, assim, aos colonos organizarem-se eficazmente em formas coletivas (kibutzim e moshavim), que têm um grande sentido politico de propriedade da terra, não pelas ideias “socialistas” (o termos mais adequado seria coletivismo porque pouco tem que ver o estado de Israel com o socialismo) de alguns de seus membros, mas, por sua utilidade em relação à desapropriação de terras para os palestinos e que ficaram nas mãos da imigração judia organizada”. [30].

Essa politica de ocupação – da qual os sionistas faziam propaganda dizendo que era uma politica “socialista”, que pretendia ajudar aos trabalhadores e pobres judeus – significou a desgraça para o povo palestino, porque foi imposta sobre a terra que eles ocupavam. A pesar de ser minoria ao inicio, os sionistas teriam um poder econômico muito maior que os árabes, ademais de contar com o apoio do imperialismo.

Isto lhes deu força para cair de forma arrasadora sobre o povo árabe da Palestina, que ficou reduzido a trabalhadores desocupados e camponeses sem terras. Os árabes eram expulsos ou boicotados nas empresas de propriedade sionista ou de capital estrangeiro (concessões), que geralmente eram administradas por gerentes sionistas. Cerca de 53% das empresas eram concessões e 40% de propriedade sionista, enquanto apenas 6% era de proprietários árabes [31]. Assim, para os trabalhadores árabes era um mercado de trabalho muito reduzido.

O mesmo se aplica ao produto da terra, uma politica destinada a forçar um boicote de todos os produtos árabe. Esta repressão era praticada por bandos armados do Histadrut e não se livrava dela nem mesmo os judeus que ousassem adquirir algum alimento produzido por mãos árabes.

Eliminados da terra, do trabalho e da possibilidade de comercializar seus produtos, os palestinos se tornaram uma massa marginalizada e pronta pra ser expulsa de suas terras. A resistência palestina, em forma de guerrilha, foi praticamente esmagada em 1939 pelo Exercito Britânico e o Haganá, o exercito extraoficial formado pelo sionismo, em um ataque conjunto para mostrar “quem manda na Palestina”.

A Segunda Guerra Mundial e a nova “potencia protetora” dos sionistas

Nessa época, se iniciava a Segunda Guerra Mundial e os sionistas estavam preocupados pelo destino da Inglaterra – seu imperialismo protetor – ante uma nova divisão do mundo em zonas de influencia, já que queriam garantir para Palestina a proteção imperialista. Tudo indicava que os Estados Unidos da América seriam a partir de então o grande senhor do mundo. A suposta luta anti-imperialista da qual ostentava o sionismo era, simplesmente, o desejo de passar de um sócio menos fortes para outro mais poderoso. Isso foi expressado com claridade por Bem Gurion:

“Nossa maior preocupação era a sorte que estaria reservada a Palestina depois da guerra. Já estava claro que os ingleses não conservariam seu mandato. Sim, se teria todas as razões para crer que Hitler seria vencido, era evidente que a Grã-Bretanha, inclusive vitoriosa, sairia muito debilitada do conflito. Por isso, eu não tinha duvida de que o centro de gravidade de nossas forças deveria passar do Reino Unido a América do Norte, que estava em vias de assumir o primeiro lugar no mundo”.

Sob a orbita estadunidense, o sionismo começou a dar grandes passos em direção à criação do Estado de Israel. Ao final da guerra, as grandes potências, através da ONU, não apenas fizeram vista grossa a ocupação e massacre do povo palestino, senão que deram o status legal à situação colonial criada durante a dominação britânica. Sob a base da proposta de divisão da Palestina, feita durante o Mandato inglês e que incendiou a revolta em todo o mundo árabe, em 29 de novembro de 1947, se votou na recente criada Organização das Nações Unidas, a divisão do país em dois Estados: uno sionista e outro árabe. A resolução 181 foi aprovada com 33 votos a favor [33], 13 contra [34] e 10 abstenções [35]. Na votação, os EUA pressionaram até ao limite os “doces” governos asiáticos e latino-americanos, chegando inclusive a comprar votos. [36]. Sem consulta alguma ao povo palestino e com o aval da burocracia soviética, que enviou armas e aviões para ajudar ao imperialismo a massacrar aos árabes, Palestina era objeto de um “reparto”.

Limpeza étnica e guerra expansionista, condições inerentes ao estabelecimento de um Estado Judeu.

Assim, Israel se programou unilateralmente país independente logo após ter sido afogado em um banho de sangue a resistência palestina. Os exércitos dos países árabes vencidos (Egito, Iraque, Líbano, Síria e Jordânia) atacaram de imediato, porém, foram incapazes de impedir a consolidação do estado sionista.

Isto foi por desigualdade enquanto ao poderio militar, porém, também pelas limitações politicas destes regimes. Somente Haganah, a organização semiclandestina fundada pela Agencia Judia para “colonizar mediante as armas”, sem contar as outras organizações terroristas judias, superava amplamente as forças dos países árabes que entraram na guerra de 1948 (a chamada “Guerra de Independência”). Esta organização teria em 1946, 65.000 homens e em 1948, 90.000. Um ano antes da guerra contava com 10.000 fuzis, 1900 metralhadoras e 768 mosteiros, e nos meses anteriores a Partilha, esse armamento se multiplicou. Enquanto isso se estima o total das forças árabes em torno de 21.000 homens mal equipados: no Egito reinava o corrupto rei Faruk, cujo primeiro ministro Nokrashy não teria o menor interesse em mandar homens a Palestina e desafiar aos ingleses que ocupavam o canal de Suez, em Iraque governava um fantoche dos ingleses, Nuri as Said, Síria acabava de tornasse independente dos franceses e seu exercito não superava os 3000 homens, o “exercito” libanês teria apenas 1000 recrutas, na Região Árabe, a única força de alguma importância militar, reunia 4000 homens preparados e conduzidos por oficiais ingleses. Porém, o Foreign Office chegou a um acordo com o rei Abdullah, pelo qual se impediu a Legião violar a fronteira israelense. [37].

Assim, não só não impediram a fundação do Estado de Israel mais também que este emergiu da guerra, em 1949, com um território maior que o que propunha as Nações Unidas. Mas da metade dos palestinos haviam abandonado seus lugares – expulsos ou executados pela brutal repressão. A maioria deles viviam como refugiados em Cisjordânia, território que foi anexado pelo reino Hachemita de Transjordania, e na Faixa de Gaza, que passou a ser administrada pelo Egito.

É que, para Israel, a guerra expansionista é uma tarefa essencial para manter-se em pé. Na medida em que a razão de ser do Estado sionista é levar ao “povo sem terra” a “terra sem povo”, a expansão é dissociada de sua natureza mesmo. [38]. Em 1936, Bem Gurion disse (referindo-se a aceitação da divisão da Palestina):

“um Estado judeu parcial não é o objetivo final, mas apenas o principio. Estou convencido de que nada pode nos impedir de estabelecermos em outras partes do país e da região”. [39].

E acrescentava mais tarde:

“o Estado será somente um estagio na realização do sionismo e sua tarefa é preparar o terreno para nossa expansão. O Estado terá que preservar a ordem, não pregando, senão com metralhadoras”. [40].

A desocupação e a Guerra

Desde o inicio de 1948 até a retirada britânica (15 de maio do mesmo ano) os judeus ocuparam uns 14% da Palestina, sobre cuja terra se declarou unilateralmente a criação do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948. Dois meses mais tarde, iniciada a guerra com os Estados árabes, os judeus ocuparam outros 9% da Palestina, parte da Galileia, o setor central da Lida e Mamle, e o sul de Yafa). Ao final de outubro de 1948, as forças sionistas, já convertidas em exercito israelense, abateram a defesa egípcia do sul da Palestina e ocuparam 13% a mais de território, ao tempo que completavam as ocupações de Galileia e se adentravam no Líbano. Depois da assinatura de armistício com Egito, ao final desse ano, Israel voltou a atacar o sul da Palestina, ocupando mais 42%.

Em total, uns 78% da extensão da Palestina histórica foi despovoada pelas forças militares, ocupadas de imediato suas cidades por imigrantes judeus procedentes da Europa e submetida à criação do Estado de Israel. Em somente três meses (fevereiro-maio de 1948), pôs-se em macha um projeto meticulosamente programado para aniquilar a presença da população palestina por meio do despojo e da destruição física de seus povos e cidades. Em menos de um ano de pressão e violência militarmente organizada, o sionismo converteu a maior parte da Palestina em território despovoado e a seus habitantes, os palestinos, em refugiados obrigados a perder não somente suas propriedades e suas terras, mas seus direitos coletivos e nacionais como povo. Em 15 de maio de 1948, no território de Mandato britânico na Palestina, mais da metade dos palestinos (414.000) tinha se convertido em refugiados e 21 aldeias e cidades haviam sido já destruídas. Desde essa data até o final de maio de 1948, outras 79 localidades foram desocupadas e 86.700 palestinos mais foram expulsos, somando um total de 500.700 refugiados.

A consideração de que a desocupação majoritária do território palestino teve lugar depois que entraram as forças árabes na Palestina (no mesmo 15 de maio), quer dizer, antes que se iniciasse a primeira guerra árabe-israelense, quebra outro dos mitos fundacionais do Estado de Israel, o da necessidade de autodefesa israelense frente aos exércitos árabes.

Os tipos fundamentais de operação levados a cabo pelas organizações sionistas (Irgun, Trern e a Huganah, embrião do posterior exeécito regular israelense) para expulsar aos palestinos foram: 1) expulsão direta pelas forças sionistas; 2) ataque militar por tropas judias; 3) campanhas de rumores e difamação da Haganah ou das forças de Seguranças Israelenses (gerra psicológica programada para obter a evacuação árabe); 4) temor ante um ataque judeu ou a ser capturados nos enfrentamentos; 5) influncia exercida ante a caída de uma localidade próxima ou ante o êxodo de seus habitantes. É infundada a pretensão israelense de que os refugiados palestinos abandonaram suas aldeias sob ordens árabes - quer dizer, por própria vontade – e não pelos brutais ataques a que foram submetidos pela violência sionista. A matança de 254 civis palestinos em Deir Yasin, perpetrada pela madrugada de 9 a 10 de abril, perdura na memoria como exemplo desta politica sistemática do terrorismo sionista contra a população palestina.

No planejamento de despejo se adiciona a destruição física das aldeias e acampamento beduínos, enquanto que as cidades foram majoritariamente preservadas para o assentamento de imigrantes judeus. Somente 12% das aldeias foram ocupadas pelos colonos; o resto foram literalmente apagadas do mapa. A escassa população palestina que permaneceu em seu lugar de origem não pode nunca recuperar suas propriedades, sendo, também, submetidos administrativamente ao novo Estado de Israel, sob legislação militar até 1967 e convertendo-se, com o passar do tempo, em cidadãos árabes israelenses marginalizados: hoje são mais de um milhão, a quinta arte da população israelense: desses, 150.000 espalhados pelo interior, expulsos de seus povos em 1948.

Concebida como um projeto estratégico, destinado a perdurar, a colonização da Palestina pelo sionismo exacerbo o fenômeno colonial europeu no Oriente Próximo ao impor mediante a força militar a aniquilação brutal de todo um povo. Israel, como projeto colonial imerso no tecido dos interesses europeus, primeiro, e norte-americanos, depois, na região tem, no entanto, pela ideologia sionista que o sustenta, uma caraterística definidora, mantida depois de 50 anos de existência: ser um Estado racista baseado na exclusividade étnica judia. Seu autoproclamado lema de ser a única democracia do Oriente Próximo se revela assim, em todos os sentidos, improcedente, enquanto que sua criação e existência estão baseadas na exclusão do povo palestino e na negação de seus direitos nacionais. Que o plano sionista imposto em 1948 na Palestina, só tem podido realizar-se mediante a negação do direito de outro povo, o palestino, a estabelecer seu próprio Estado na terra que habitava ininterrompidamente deste mais de um milênio, ilustra a injustiça inerente a seu projeto. [41].

Depois de sua fundação, com cada nova guerra contra seus vencidos árabes, Israel tem prosseguido com esta lógica implacável: ocupar militarmente o espaço, expulsar por meio da violência a seus moradores e, imediatamente, anexar o território ao Estado para assentar novos colonos judeus. E esta tem sido também, durante as três últimas décadas, a lógica da colonização do território de Gaza e Cisjordânia ocupados em 1967: dividir a população palestina de seu território, ilhando-a em núcleos densamente povoados – a Faixa de Gaza, as grande cidades de Cisjordânia – separados uns dos outros por uma densa rede de assentamentos judeus em expansão e por uma grade de estradas e rodovias. [42].

O desastre palestino de 1948 se estende até nossos dias nos mais de 4.900.000 refugiados palestinos, que hoje seguem reclamando, desde o abandono e a miséria na qual vivem, desde sua resistência e o mantimento de sua consciência nacional, seu direito ao retorno. Meio século depois, a metade dos palestinos segue sendo refugiados. A resolução justa do problema, o reconhecimento de seus direitos inalienáveis ao retorno só será possível com a destruição do Estado de Israel, que sobradas razões tem para não existir, porque nasceu sobre o sangue de centenas de milhões de palestinos despojados e porque não está fundamentado em nenhum direito real, como se tem demostrado. [43].

Conclusão

Israel, um produto da politica do imperialismo no Oriente Médio.

Pode se dizer então que o Estado de Israel é a expansão politica do sionismo, que se dá no marco da necessidade imperialista de colocar uma agencia policial no Oriente Médio frente à ameaça que significava a crescente resistência das massas árabes.

Israel, embora formalmente se reconheça como uma república parlamentar, na realidade é uma república teocrática na qual o judaísmo ortodoxo ocupa um lugar predominante, em detrimento das outras correntes do judaísmo. A ideologia sionista considera a ortodoxia religiosa como uma questão fundamental que define o caráter de “povo eleito dos judeus”. Por exemplo, a Lei sobre cidadania, aprovada em 1971, permite que qualquer judeu que “expresse seu desejo de instalar-se em Israel” se converta automaticamente em israelense. Em contrario, os árabes cujos antepassados viveram durante séculos na Palestina, são obrigados a viver como seres de segunda categoria. Ou a Lei para a Aquisição de Bens dos Ausentes, que teve como finalidade a classificação dos bens árabes que tiveram de deixar, temporariamente, para escapar da guerra ou porque foram declarados zonas de segurança pelos militares sionistas. Ou o artigo 125 da Lei de Defesa que tem sido empregado para impedir aos árabes de regressar a suas terras quando foram designados pelas forças de ocupação para o estabelecimento de uma colônia judaica. Com a desculpa da segurança, quase a metade da terra - que estava em poder dos árabes antes da criação do Estado sionista – tem passado aos kibutzim. [44].

Sob a mascara de uma justificação religiosa, pode se ver o papel de Israel como enclave do imperialismo no Oriente Médio. A politica de Theodor Herzl, o pai do sionismo, e seus sucessores, foi a de aproveitar-se do processo de expansão colonial imperialista para ocupar a Palestina. E o imperialismo se serviu da ideologia sionista para colocar o Estado de Israel como agente policial do mundo árabe.

Assim, a burguesia judia com o aval do imperialismo impõe um movimento para: 1) confinar aos judeus mais pobres na Terra Santa, apartando-os da luta de classe na Europa e dos partidos de Esquerda; 2) livra-se, em primeiro lutar, da fúria antissemita que crescia; 3) construir um Estado Judeu num ponto estratégico, em meio das maiores reservas de petróleo do mundo, ameaçado pela ascensão das massas árabes. O Estado de Israel nasceu como enclave do imperialismo na região, o agente policial do mundo árabe.

O financiamento de Israel é revelador da natureza desse Estado. Todas as correntes sionistas reconhecem que o Estado de Israel é desde seu inicio financiado pelos EUA e os poderosos lobbys de milionários judeus. Só nos primeiros anos de sua fundação, entre 1949-1966, Israel recebeu 7.000 milhões de dólares. [45]. Uma cifra que define com claridade a natureza do estado israelense é que já nos anos 70-80, o total da ajuda norteamericana – sem contar a ajuda da “Diaspora” nem os presentes – representava 1.000 dólares por habitante/ano, o que por si só equivalia a mais de três vezes o Produto Nacional Bruto por habitante do Egito e da maioria dos países africanos. É sobretudo conhecido o dado de que anualmente EUA dão a Israel ajuda direta no valor de 5.000 milhões de dólares.

A ajuda incondicional e ilimitada recebida nestes 52 anos de existência é o preço pelo serviço que o estado sionista presta, é “o preço de custo” para que esse Estado afiance e desenvolva livremente sua função essencial: levar a qualquer preço judeus a Palestina; desempenha o papel de “bastião avançado da civilização ocidental’.

Neste marco há que considerar o problema da composição étnica de Israel, porque o que pretende este Estado é preservar seu caráter “ocidental”. Nas palavras do próprio Herzl:

“Palestina é nossa inesquecível terra natal. (...) Para Europa formaríamos ali parte integrante do baluarte contra a Ásia: constituiríamos a vanguarda da cultura em luta contra a barbárie”. [46].

Neste sentido, os judeus orientais não são “valorizados” da mesma maneira que os ocidentais.

Nissin Rejwan, um destacado judeu oriental escreveu:

“Quando o grupo sionista atual do leste da Europa em Israel fala da imperiosa necessidade de preservar o judaísmo do país, o que na realidade pensam é em pouco mais que em suas próprias caraterísticas da cultura judaica”. [47].

O grupo dominante de origem ocidental, que constitui uma minoria, rechaça a cultura dos judeus do Oriente Médio, como uma cultura não judaica. A elite dirigente sionista tem sua concepção de Israel como uma sociedade ocidental que pertence ao Oriente Médio unicamente de uma maneira geografica. O que mais preocupa aos sionistas é que Israel se arabize. Em função disto não se dininui esforços para relegar-los a um papel secundario dentro da sociedade israelenses, ao tempo que se promove ao Maximo a imigração de judeus ocidentais para compensar a situação numericamente maior dos judeus orientais..


Argentina, dezembro de 2001.

Fonte: (Observatorio de conflictos.).

Tradução: Luis Carlos (Administrador do blog o povo na luta faz história).


Notas

[1] Tzion, en hebreo, es el nombre de un monte en Jerusalén. En la Biblia, ese nombre era usado tanto para designar la Tierra de Israel como "su capital nacional y espiritual", Jerusalén. A lo largo de toda la historia judía, Sión fue sinónimo de Israel, y la expresión "retorno a Sión" la bandera del movimiento sionista.

[2] Abraham León CONCEPCIÓN MATERIALISTA DE LA CUESTIÓN JUDÍA, Ediciones El Yunque, Buenos Aires, 1975. León es un militante marxista de origen judío que murió el campo de concentración nazi de Auswitchz en 1944.

[3] El Congreso de Fundación de la Organización Sionista se realizó en Basilea en 1897.

[4] Theodor Herzl "El Estado judío" en EL SIONISMO: CRÍTICA Y DEFENSA, Departamento Siglomundo (Compilador), Centro Editor de América Latina, Buenos Aires, 1968. Nótese también que está presente la idea del judío como "pueblo elegido", que habría soportado sinfín de pesares guiado por una "idea" (la del retorno a la Tierra Prometida). León refuta esto partiendo de una interpretación materialista, utilizando el concepto de "pueblo-clase" para referirse a los judíos y planteando que sólo el estudio de su función económica puede contribuir a esclarecer las causas del "milagro judío". En este sentido, tiene pertinencia poner de relieve que el autor demuestra la falsedad del postulado sionista de que la dispersión data de la caída de Jerusalén, planteando que la razón esencial de la emigración judía, así como de su carácter de pueblo comerciante, debe buscarse en las condiciones geográficas de Palestina. Véase CONCEPCIÓN MATERIALISTA DE LA CUESTIÓN JUDÍA, Op. Cit.

[5] León, Op. Cit. Capítulo VII, págs. 157-166. Esto es así y puede constatarse en cualquier publicación sionista, por ejemplo: "La aspiración por el retorno a su patria fue sentida por primera vez por los Judíos exilados en Babilonia hace cerca de 2500 años -una esperanza que subsecuentemente se concretizó. ("Junto a los ríos de Babilonia nos asentamos y lloramos, recordándonos de Tzion." Salmos 137:1). De esta forma, se puede decir que el sionismo político, que se consolidó en el siglo XIX, no inventó ni el concepto ni la practica del retorno. Al contrario, él adaptó una idea muy antigua y un movimiento constantemente activo a las necesidades y al espíritu de su tiempo."

[6] En este sentido, León discute las interpretaciones idealistas de la historia del "pueblo" judío: mientras no hubo intereses económico-sociales reales para el "retorno a Sión, ningún judío se planteó la tarea de volver a la "patria histórica", como si ocurrió con el sionismo a partir de finales del siglo XIX.

[7] León, Op. Cit.

[8] En palabras del autor "El sionismo quiere resolver la cuestión judía sin destruir el capitalismo, principal fuente de los sufrimientos de los judíos". León, Op. Cit.

[9] Sus defensores, principalmente los que se dicen de izquierda, aceptan la idea de que el movimiento sionista no era un factor progresivo en la política europea, pero argumentan que eso era secundario frente a un hecho esencial: el sionismo sería el movimiento de liberación nacional del pueblo judío. Y del "pueblo más pobre", de ahí que fuera una "causa justa". Cecilia Toledo, "Israel: Cinco décadas de pillaje y limpieza étnica" en Marxismo Vivo Nº 3.

[10] Herzl Diarios. Citado en Salahj Eddin "El sionismo: fascismo teocrático". Aparecido en la página web citada en la nota 9, el 8 de octubre de 2001.

[11] Sobre las justificaciones bíblicas e "históricas" de esta pretensión, véase más adelante.

[12] En su libro "Rome and Jerusalem". Citado en Eddin, Op. Cit. Como sostiene este autor, esto es lo mismo que dicen los verdugos antisemitas pero con distintas palabras: "que los judíos son inherentemente distintos a las demás personas".

[13] Citado en Eddin Op. Cit. Es de hacer notar que los judíos ni siquiera mencionan que las árabes son etnias que también provienen del tronco semita.

[14] The Autobiography of Nahum Goldmann. Citado en Eddin, Op. Cit.

[15] "Eichmann´s Own Story" publicada por la revista Life. Citado en Eddin Op. Cit.

[16] "En el tiempo doble de sin favor, la providencia divina guardó el país sin hombres y sin animales, hasta el tiempo que Dios decide a dar el favor a Sion (Isaías 40:1-2; Salmos 102:13)." "El Torá y el país" artículo aparecido en www.bible411.com.

[17] "Los refugiados árabes en Israel comenzaron a identificarse como parte de un pueblo palestino en 1921, 30 años después que llegaran a Israel 85.000 judíos." Ídem anterior.

[18] Como si no hubiera judíos árabes, los sionistas hacen del conflicto un problema entre judíos y no judíos. En este sentido, son interesantes las observaciones que el grupo Judíos por la Justicia en el oriente Próximo hacen en su artículo "El origen del conflicto palestino israelí". Aparecido originalmente en Z-net en español y en el web citado en la nota 9, el 9 de mayo de 2001. "[Durante la Edad Media] África del Norte y el Oriente Próximo árabe fueron sitios de asilo y refugio para los judíos de España y otras partes. En Tierra Santa... vivieron juntos en [relativa] armonía, una armonía que sólo se deterioró cuando los sionistas comenzaron a reivindicar que Palestina era la posesión 'justa' del 'pueblo judío' excluyendo a sus habitantes musulmanes y cristianos." Citado por Sami Hadawi, en "Cosecha Amarga".

[19] Ver más adelante, el proceso por el cual se llegó a la "declaración de independencia" del Estado de Israel.

[20] Illene Beatty, ÁRABES Y JUDÍOS EN EL PAÍS DE CANAÁN. Citado en: Judíos por la Justicia en el Oriente Próximo, Op. Cit.

[21] En el artículo titulado "El Torá y el país" aparecen las afirmaciones bíblicas: "Porque he aquí que vienen días, dice Jehová, en que haré volver a los cautivos de mi pueblo Israel y Juda, ha dicho Jehová, y los traeré a la tierra que di a sus padres y la disfrutarán" (Jeremías 30:3). Aparecido en el sitio citado en la nota 16. Para el sionismo: "Israel con su capital Jerusalem, se convirtió en nación [sic] en el año 1312 antes de la era común, dos mil años antes del surgimiento del Islam (...) Desde la conquista del territorio por parte de los judíos en 1272, antes de la era común, los judíos han tenido dominio sobre la tierra por mil años con una presencia continuada durante los 3300 últimos años." Aparecido en www.geocities.com/yargg/news, sitio web dedicado a difundir "los reales hechos del conflicto árabe (palestino) israelí" según la visión sionista.

[22] Beatty, Op. Cit.

[23] Como plantea Walsh, con el mismo criterio, muchos países deberían reivindicar un "derecho" similar sobre Palestina: "El Sha de irán podría alegar títulos análogos fundado en la invasión persa del siglo VI antes de Cristo, la Junta Militar Griega podría recordar que Alejandro ocupó Palestina el año 331, Paulo VI acordarse de que en el año 1099 los cruzados católicos fundaron el reino de Jerusalén. Los propios historiadores árabes han señalado burlonamente que los caananitas que ocuparon Palestina antes que los hebreos venían de la Península arábiga y eran, en consecuencia, 'árabes' " Rodolfo Walsh "La Revolución palestina" Publicado en el diario Noticias, Bs. As., 1973. Y, por otra parte, los sionistas no abogan por un igual retroceso de la historia en todo el mundo, no buscan, por ejemplo, la restauración del Imperio Romano.

[24] Es que las dos guerras mundiales fueron, esencialmente, guerras imperialistas, de reparto del mundo entre un puñado de potencias. Como definió el marxismo clásico: "Imperialismo es el capitalismo en aquella etapa de desarrollo en que se establece la dominación de los monopolios y el capital financiero; en que ha adquirido señalada importancia la exportación de capitales; en que empieza el reparto del mundo entre los trusts internacionales; en que ha culminado el reparto de todos los territorios del planeta entre las más grandes potencias capitalistas." Vladimir Lenin EL IMPERIALISMO, ETAPA SUPERIOR DEL CAPITALISMO, Editorial Polémica, Buenos Aires, 1974. Capítulo VII, pág. 110.

[25] Dice la carta que Balfour le envía a Rotschild:

"Es con gran placer que envío a Vuestra Señoría, en nombre del Gobierno de Su Majestad, la siguiente declaración de simpatía con las aspiraciones judío-sionistas, que fue sometida y aprobada por el ministerio.

El Gobierno de Su Majestad ve con buenos ojos el establecimiento en Palestina de un Hogar Nacional para el Pueblo Judío, y usará sus mejores esfuerzos para facilitar la realización de este objetivo, quedando claramente entendido que nada debe ser hecho que pueda perjudicar los derechos civiles y religiosos de las comunidades no judías existentes en Palestina, o los derechos y status político disfrutados por los Judíos en cualquier otro país."

Quedaría agradecido si Vuestra Señoría llevase esta Declaración al conocimiento de la Federación Sionista.

Sinceramente,

Arthur James Balfour

[26] El censo de 1922, realizado por el Mandato Británico dio como resultado la existencia de 757.182 habitantes, de los cuales sólo 83.794 eran judíos. Datos aparecidos en Walsh, Op. Cit.

[27] Plan de partición ideado por la Comisión Peel.

[28] Dice Townshend que "Muchos observadores no militares pensaban que en gran medida la rebelión se extinguió a causa de las concesiones políticas realizadas en el Libro Blanco de 1939, que puso límites a la inmigración judía en Palestina." Charles Townshend "La primera Intifada. Rebelión en Palestina. 1936-39", Revista Debats, Nº 33, septiembre de 1990.

[29] Jon Rothscild, "How the Arabs Were Driven Out of Palestine", en Revista de América Nº 12. Citado en Toledo, Op. Cit.

[30] Dan Diner "Israel: el problema del Estado nacional y el conflicto del Oriente Próximo" en Benz y Grant PROBLEMAS MUNDIALES ENTRE LOS DOS BLOQUES DE PODER, Siglo XXI, México, 1985, págs. 146-149.

[31] Los datos son de 1939. Citados en Toledo, Op. Cit.

[32] Citado en Toledo, Op. Cit.

[33] Australia, Bélgica, Bolivia, Brasil, República Socialista Soviética de Bielorusia, Canadá, Costa Rica, Checoslovaquia, Dinamarca, República Dominicana, Ecuador, Francia, Guatemala, Haití, Islandia, Liberia, Luxemburgo, Países Bajos, Nueva Zelanda, Nicaragua, Noruega, Panamá, Paraguay, Perú, Filipinas, Polonia, Suecia, República Socialista Soviética de Ucrania, Unión de Africa del Sur, Estados Unidos, Unión de Repúblicas Socialistas Soviéticas, Uruguay, Venezuela.

[34] Afganistán, Cuba, Egipto, Grecia, India, Irán, Irak, Líbano, Paquistán, Arabia Saudita, Siria, Turquía, Yémen.

[35] Argentina, Chile, China, Colombia, El Salvador, Etiopía, Honduras, México, Reino Unido, Yugoslavia.

[36] Walsh, Op. Cit.

[37] Walsh, Op. Cit.

[38] La Palestina histórica tiene una extensión de 27.242 km², Israel ocupa ya más de 22.000 km², es decir, más del 80% del territorio.

[39] Citado en Angel Luis Parras Sen y Joseph Weil "La encrucijada palestina: ¿Dos Estados o una Palestina laica democrática y no racista?" en Marxismo Vivo Nº 3. Aparecido en la página citada en la nota 9, el 13 de octubre de 2001.

[40] Idem anterior

[41] Loles Olivan Presentación del Libro AL NAKBA. El desalojo sionista de Palestina de 1948, Aparecido en Nación Árabe, Nº 35, septiembre de 1998. Dice el autor, miembro del Comité de Solidaridad con la Causa Árabe "La reciente apertura de los archivos oficiales israelíes relacionados con la fundación del Estado de Israel ha permitido a un minoritario grupo de historiadores israelíes iniciar una investigación revisionista de los acontecimientos que tuvieron lugar a lo largo de 1948 en Palestina y, particularmente, revelar la aplicación de un proyecto característico del sionismo desde los años '20: la eliminación de la presencia palestina con el fin de fundar, mediante un proceso artificial de inmigración judeo-europea, el llamado Hogar nacional judío en Palestina. Asimismo, tales archivos han venido a corroborar los estudios ya existentes de autores palestinos como Walid Jalidi, cuya vida ha estado dedicada a documentar la existencia antigua del pueblo palestino (...) Con su trabajo, Jalidi ha contribuido desde hace décadas a romper el primer gran mito fundacional del Estado de Israel: que Palestina era una tierra sin pueblo para un pueblo sin tierra."

[42] Este es el fundamento del proceso de paz palestino-israelí iniciado en Madrid en 1991 tras la Guerra del Golfo: lograr por medio de una negociación desequilibrada con la dirección palestina el mantenimiento del control sobre el territorio palestino y desentenderse administrativamente de sus pobladores árabes.

[43] Quienes sostienen como posible solución la conformación de dos Estados, uno judío y otro Palestino, parecieran apoyarse en primer lugar en un criterio "racional" y "equitativo". Sin embargo, esto sólo significa la legalización de la injusticia. Como dicen Parras Sen y Weil en el artículo citado anteriormente "Supongamos que alguien ve invadida su casa, asesinada una parte de su familia, expulsada otra parte de ésta y la que queda es arrinconada en un espacio mínimo de la vivienda. A partir de ahí toda su vida, trabajar, comer, educarse, moverse de un lugar a otro... depende de los acuerdos a los que llegue con un ocupante que además sigue trayendo más gente a lo que ya considera es su casa. ¿En que consiste el criterio "racional" y "equitativo" de los dos Estados?, ¿En legitimar esa tropelía?, ¿En dar legalidad a la ocupación?" La idea que Diner plantea, de que es imprescindible "reconocer" al sionismo porque es el statu quo se muestra así completamente equivocada. Lo que no quita que en un Estado palestino, sobre su territorio histórico puedan convivir en paz árabes e israelíes. El problema está en como puede llegarse a esa paz. No será con un estado islámico, lo opuesto al proyecto fundacional de la resistencia palestina. El proyecto islámico acaba dando argumentos al sionismo y unificando alrededor suyo o paralizando a los dudosos al tiempo que no ayuda a romper el cerco a la lucha palestina. La razón esencial es que el objetivo de Hamas es sustituir un Estado teocrático, el sionista, por otro Estado teocrático, el islámico. Es lo simétrico del sionismo en el lado árabe como aspecto religioso y de concepción de estado. Significa también la perspectiva de una dictadura teocrática sobre los pueblos de la región. La única salida es una Palestina laica, democrática y no racista, como parte de la lucha socialista en todo Oriente Medio.

[44] Sobre la implantación de colonias en los territorios ocupados, opinaba el profesor W.T. Mallison de la Universidad George Washington: "El estudio de las negociaciones que condujeron al acuerdo sobre esta cláusula demuestra que es el resultado de una reacción contra los métodos bien conocidos mediante los que los nazis expulsaron a la población autóctona llamada inferior para trasladar arios o alemanes en algunos de los territorios que ocupaban. Este artículo impide la práctica de hechos consumados en los territorios ocupados..." Citado en Eddin, Op. Cit.

[45] Para evaluar el significado de esta cifra, baste recordar que el Plan Marshall, acordado para Europa Occidental de 1949 a 1954, ascendió a 13.000 millones de dólares. Israel, por entonces con algo menos de 2 millones de habitantes, recibió -cierto es que en más años- más de la mitad de lo recibido por 200 millones de europeos. Dicho de otra forma, Israel recibió del imperialismo norteamericano 5 veces más por cabeza que el ya ambicioso plan de reconstrucción europea. Datos citados en Parras Sen y Weil, Op. Cit.

[46] Herzl, Op. Cit., págs. 23 y 24.

[47] Israel as an Open Society, The Jewish Spectator, diciembre de 1967. Citado en Eddin.

Um comentário:

  1. eles são uma ameaça, os imperialistas europeus sufocando e dominando como sempre o fizeram ,até quando aguentaremos tais abusos ?!!!

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