ESPERAMOS QUE VOCÊ DEIXE SUAS OPINIÕES, IDÉIAS E QUE VENHA PARTICIPAR CONOSCO DEIXANDO SUAS PROPOSTAS

sábado, 17 de dezembro de 2011

LIBERDADE - Paul Eluard

Paul Eluard (1894/1952)*

Nos meus cadernos de escola
Nas carteiras e nas árvores
Nas areias e na neve
Escrevo teu nome

Em toda página lida

Em toda página em branco
Pedra, papel, sangue ou cinza
Escrevo teu nome

Em toda imagem doirada

E nas armas dos guerreiros
Ou nas coroas dos reis
Escrevo teu nome

Na floresta e no deserto

Nos ninhos e nas giestas
Nos ecos de minha infância
Escrevo teu nome

Nas maravilhas da noite

No pão branco da manhã
Nas estações em noivado
Escrevo teu nome

Em todo farrapo azul

No tanque de água mofado
No lago de lua viva
Escrevo teu nome

Nos campos e no horizonte

Nas asas dos passarinhos
E nos moinhos de sombra
Escrevo teu nome

Em todo sopro da aurora

No mar e em cada navio
Na montanha adormecida
Escrevo teu nome

Nas espumas e nas nuvens

Nos suores da tormenta
Na chuva densa e enfadonha
Escrevo teu nome

Nas formas resplandescentes

Nos sinos de várias cores
Em toda verdade física
Escrevo teu nome

Nos caminhos acordados

E nas estradas vistosas
Ou nas praças transbordantes
Escrevo teu nome

Na lâmpada que se acende

Na lâmpada que se apaga
Em minhas casas reunidas
Escrevo teu nome

Na fruta cortada ao meio

Do meu espelho e meu quarto
No leito concha vazia
Escrevo teu nome

No meu cão guloso e terno

De orelhas que estão em guarda
Nas suas patas sem jeito
Escrevo teu nome

Na minha porta de entrada

Nos objetos familiares
Nas ondas de fogo lento
Escrevo teu nome

Em toda carne cedida

Na fronte de meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo teu nome

Na vidraça das surpresas

E nos lábios sempre atentos
Bem acima do silêncio
Escrevo teu nome

Nos refúgios destruídos

Nos faróis desmoronados
Nas paredes de meu tédio
Escrevo teu nome

Nas ausências sem desejo

Na solidão toda nua
Nesta marcha para a morte
Escrevo teu nome

Na saúde que retoma

No Perigo que passou
Nas esperanças sem eco
Escrevo teu nome
E ao poder de uma palavra
Recomeço minha vida
Nasci para conhecer-te
E chamar-te
Liberdade.

* Paul Eluard (1894/1952)* – poeta e militante comunista francês.
Poema de Paul Eluard, escrito e publicado clandestinamente, em plena ocupação nazista. Era o grande brado do Poeta, identificado com as dores e os anseios do povo e da Pátria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Página Anterior Próxima Página Home