terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Ecos romanos
Os Estados Unidos é a maior força para a liberdade
e segurança que o mundo jamais conheceu, afirmou o presidente Barack Obama, e
explicou que isso foi alcançado depois de haver construído a força militar
melhor capacitada, melhor dirigida e melhor equipada da historia e, como
comandante em chefe, vai mantê-la assim.
Ao apresentar seu novo esquema estratégico militar,
na semana passada, Obama advertiu que embora se reduza o número de efetivos, o
mundo deve entender que os Estados Unidos manterá a superioridade militar com
forças armadas ágeis, flexíveis e prontas para toda a grama de contingência e
ameaças. O gasto militar dos Estados Unidos é cinco vezes maior que o da China,
o segundo país despois deste em gasto militar, e até Obama ressaltou que é
superior ao dos seguintes dez países com maior gasto militar combinados.
De fato, o pressuposto militar hoje em dia está em
seu nível mais alto desde a Segunda Guerra Mundial, mais que (em dólares
atuais) no momento de auge das guerras da Coreia, Vietnam ou do mais alto dos
tempos de Bush, segundo o Centro de Avaliação Estratégico e Orçamento e o
Centro para Informações sobre Defesa, que têm analisado os dados oficiais. O orçamento
do Pentágono tem aumentado nestes últimos 13 anos consecutivos, algo sem
precedentes, e entre 2001 a 2009, o gasto militar subiu de 412 bilhões para 699
bilhões de dólares, um aumento de 70% por cento.
Obama afirmou que ao chegar ao final das guerras do
Iraque e Afeganistão e a luta contra a Al Qaeda – que chamou de exitoso – o país
está enfrentando um momento de transição. Além de debater se as invasões do
Iraque e do Afeganistão foram exitosas, o presidente reconheceu que a
reformulação da estratégia militar para o futuro necessita do fortalecimento econômico
aqui em casa, o qual é o fundamento de nossa força ao redor do mundo, e isso,
inclui por em ordem nossa casa fiscal.
Porém, não se atreveu a considerar se o gasto
militar mais elevado da história tem algo a ver com o desastre econômico desta
casa.
E que o gasto militar é um massivo subsidio público
ao setor privado e, sem jamais admitir a ironia, é defendida como assunto patriótico
maiúsculo pelos mais ferozes campeões do livre mercado e do sistema capitalista
aqui. Muitas vezes não é mencionado que mais da metade deste gasto é consumido
por contratos privados, as grandes empresas da indústria militar como os
provedores de todo tipo de serviços, incluindo forças de segurança, isto é, mercenários.
A defesa nacional é um dos grandes negócios do país.
Porém, ele também sabe que este subsídio público é
um dos gastos de menor benefício econômico: cada bilhão nos gastos com a defesa
gera metade dos empregos que se o mesmo dinheiro fosse investido em educação
pública, por exemplo, ou quase qualquer outro investimento social. Apesar
disso, também sabe que o que se produz pela indústria militar não é algo que os
consumidores desse país podem comprar. Ainda, não há nenhuma fila para comprar
o último homem-bomba, tanque ou cruzeiro. Ou seja, não produz nada para o
mercado consumidor, mas, si translada tesouro público para as arcas privadas de
algumas das empresas mais poderosas do país.
O que dizer acerca da última superpotência que
decida gastar mais do que nunca em seu poderio militar em meio da pior crise econômica
desde a grande depressão, com um de cada dois americanos na pobreza ou com ingressos
baixos, com quase 24 milhões de desempregados ou subempregados, com um número
crescente de cidadão, sobre tudo menores de idade, que parecem homem?
Talvez seja demasiado simplista fazer uma
comparação com o império romano, mas, existem alguns fatores em comum entre o
que está acontecendo aqui e o que os historiadores contam da caída de Roma. Por
esse motivo, não é por acaso que agora estejam publicando vários livros sobre o
império romano nos Estados Unidos, diz The New Yorker ao resenhar alguns deles.
Um fator que ressalta muito similar entre os
Estados Unidos e Roma: a extrema desigualdade econômica. Segundo Robert Hugher,
autor de um destes novos livros de história romana, para 5% por cento dos mais
ricos, a vida tomou um caráter de sobreindulgencia
e extravagância maníaca, desagradavelmente parecida com a vida dos super
ricos americanos de hoje em dia. De acordo com o historiador Robert Knapp,
quase tudo o que se sabe da historia de Roma foi criado para os mais ricos e
poderosos dessa civilização, e as figuras que se conhece pertenciam às classes
superiores, que numeravam não mais que entre 100 ou 200 mil, menos da metade de
1% por cento da população de 50 e 60 milhões do império.
Talvez fosse bom lembrar que em duas das frentes de
guerra e hostilidade bélica atual dos Estados Unidos, o Iraque e o Irã, foram
regiões (Mesopotâmia e Pérsia) aonde os romanos enfrentaram vários desastres
também. Foi em grande medida a insistência e o gasto para impor seu poder que
levou ao declive e a caída de Roma. Igual que agora, afirma o historiador Brian
Campbell, autor de outro destes livros, a ideologia estabelecida então era que
os romanos sempre realizavam guerras justas, sobre o argumento de que seus
inimigos haviam cometido uma ofensa.
Mas do quer qualquer coisa, foi impossível reconciliar
o caráter dual da república e com império que marcou o fim de Roma, e que
alguns historiadores recordam como a primeira caída do Ocidente. E por isso, agora
há uma sensação – de fato se fala explicitamente deles – de que estamos testemunhando
uma segunda queda do Ocidente, em grande medida por alguns dos mesmos fatores.
O que não se sabe quase nada da historia romana é
qual foi o papel dos que hoje em dia se chama, graças a Ocupa Wall Street, os
99 por cento, nem seus ecos, que agora acompanham novos movimentos, que
denunciam hoje a contradição básica entre república, democracia e império.
Fonte:
Tradução:
Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz
história)
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