quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Irã e o jogo perigoso do Ocidente
Por: Editorial La Jornada
A ofensiva diplomática, econômica e política do
Ocidente contra o Irã se desenvolve a partir de uma lógica dupla: por um lado,
as potências europeias e os Estados Unidos tentam liquidar ou, pelo menos,
submeter um Estado com determinação independente e soberana; por outro,
propiciar o surgimento de novos cenários bélicos e pré-bélicos, quando as
guerras contra o Iraque e o Afeganistão estão esgotadas, em um cenário de
economias desesperadas, onde a indústria militar parece ser a única capaz de
salvar os países da União Europeia (UE) do precipício ao qual foram levados
pela desmedida especulação financeira.
Neste contexto, surge a declaração do ministro
iraniano do Petróleo, Rostam Qasemi, que advertiu que o seu país está disposto
a interromper o abastecimento de petróleo a alguns países, provavelmente aos
que há alguns dias promoveram o embargo europeu às exportações de
hidrocarbonetos do Irã. Já Ahmad Qalebani, vice-ministro do setor e diretor da
empresa estatal de petróleo, disse que o preço do barril nos mercados
internacionais pode chegar a entre 120 e 150 dólares, como consequência da
proibição europeia de importar petróleo iraniano.
Independentemente das possibilidades dos clientes
do Irã de diversificar as fontes de abastecimento petroleiro e de um aumento da
produção do Iraque, da Líbia e da Arábia Saudita, brincar com a estabilidade
dos mercados energéticos mundiais constitui uma gravísima irresponsabilidade da
UE e dos Estados Unidos, já que as subidas e quedas drásticas das cotizações
petroleiras costumam ter efeitos desastrosos para a maior parte dos setores
econômicos, principalmente para os países menos desenvolvidos e para os
assalariados, sem distinção de nacionalidade e residência, já afetados pela
recessão que surge no sul da Europa e que, por enquanto, projeta uma
perspectiva nefasta para o resto do mundo.
Mas além das negativas consequências econômicas que
pode trazer a hostilidade de Bruxelas e de Washington contra o Irã, esse
assédio é condenável porque não tem fundamento segundo as normas
internacionais, constitui uma agressão injustificável a um Estado soberano e
aumenta as probabilidades de um novo conflito bélico em uma região já devastada
pelas guerras. Consciente desta perspectiva, e em um aparente cortejo com o
voto conservador estadunidense, a administração de Barack Obama incrementa a
presença militar do país no Golfo Pérsico e nos arredores do estratégico
estreito de Ormuz, em outra vertente do perigoso jogo ocidental. Esse aumento
de forças, especialmente navais, pode levar em qualquer momento a um atrito,
inclusive acidental, que pode detonar uma escalada bélica de consequências imprevisíveis.
O cerco contra o Irã deve parar e para isso é
preciso que as sociedades europeias e estadunidense levantem a voz frente a
seus respectivos governos e os dissuadam de empreender uma nova guerra colonial
que, apesar dos cálculos de quem sonha com obter utilidades da destruição e da
morte, o que seria necessariamente desastrosa para todos.
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