terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Livres ou escravos da beleza?
Estudos e mais estudos revelam que nunca as
pessoas gastaram tanto dinheiro com cosméticos, vestuário e tempo nos salões de
beleza e com cirurgias plásticas como hoje e, ainda assim, continuam
insatisfeitas consigo. O que falta às pessoas que prestam um verdadeiro culto
ao corpo? Será que estamos sendo escravos da moda?
Quando ouvimos a palavra “ditadura” logo pensamos
numa imposição, no tolhimento da nossa liberdade. Estamos vendo, por exemplo,
em muitos lugares do mundo, os regimes autoritários – também chamados de
ditaduras – caírem um após outro por causa da luta de um povo que está sendo
oprimido por esses sistemas repressores.
Quando falamos em “ditadura da beleza”, também
podemos dizer que nossa liberdade de nos vestir, de nos comportar e cuidar da
aparência também está sendo manipulada? De certa forma sim.
Estudos e mais estudos revelam que nunca as pessoas
gastaram tanto dinheiro com cosméticos, vestuário e tempo nos salões de beleza
e com cirurgias plásticas como hoje e, ainda assim, continuam insatisfeitas
consigo. Segundo o psicólogo Élisson Santos, a indústria da beleza não tem por
objetivo cuidar do bem-estar ou da qualidade de vida das pessoas, “este padrão
de beleza atual visa criar pessoas altamente ansiosas para que elas sejam
altamente consumistas”, denuncia o psicólogo.
E os números confirmam a afirmação desse
profissional, pois a indústria de cosméticos vem registrando alta no mercado
mundial por 14 anos consecutivos, com lucros de até 23 bilhões anuais.
Mas o que está por trás deste consumo desenfreado
para a conquista da beleza? Segundo a psicóloga Samara Jorge, em seu artigo
“Ditadura da beleza – uma visão subjetiva”, atrás desta preocupação com a
aparência pode estar escondida a fuga da realidade, “com sentimentos de
frustração, medo, angústias e inseguranças”.
“Constantemente recebo em meu consultório mulheres
inseguras, com a autoestima bastante comprometida, em geral, sozinhas, em busca
de um parceiro. Não atender a esses padrões, muitas vezes, compõe a lista de
fatores que minam sua segurança”,
salienta a psicóloga.
Essa insegurança está explícita numa pesquisa
realizada por uma empresa de cosméticos, a qual revela que apenas 2% das
mulheres estão satisfeitas com o seu corpo e trocariam 25% da inteligência que
possuem por 25% a mais de beleza. Mas quem pensa que apenas as mulheres estão
insatisfeitas com a sua aparência está muito enganado. Nos últimos anos o
número de cirurgias plásticas entre os homens saltou de 5 para 30%.
E quando os números apontam para os jovens nesta
ditadura? Hoje moças e rapazes estão fazendo do próprio corpo um ídolo, fato
que já é conhecido como “culto ao corpo”. “O que nós estamos vendo, por causa
desta ditadura da beleza, são jovens adquirindo transtornos alimentares em busca
deste corpo perfeito”, recorda o psicólogo Élisson Santos.
Atrás de doenças como a bulimia e a anorexia
(transtornos alimentares), surge também o fenômeno das mudanças corporais,
alcançado pelas cirurgias plásticas. O Brasil só perde para os Estados Unidos
em números de intervenções cirúrgicas com o objetivo de modificar alguma coisa
no corpo.
“Hoje, mais de 50% das cirurgias plásticas são
realizadas por causa da estética, e muitas destas estão sendo feitas em
adolescentes, ou seja, o corpo ainda nem se formou e já está sendo mudado para
atender a um padrão de beleza midiático”, conclui Élisson Santos.
Apesar de os dados sobre cirurgias desse tipo deste
semestre ainda não terem sido computados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica (SBCP), a estimativa é de que as adolescentes vão responder por 10% do
total de plásticas deste ano.
Um outro fenômeno que já começa a surgir dentro
deste “culto ao próprio corpo” é a “vigorexia”, ou seja, uma busca insaciável
pelo corpo perfeito, malhado e escultural. Para ter um corpo assim, muitos
jovens recorrem, inclusive, a anabolizantes sem prescrição médica, colocando em
risco a própria vida.
Por outro lado, não queremos aqui generalizar e
colocar todos os que cuidam do corpo no mesmo “rolo” dos que exageram no cuidado
dele. É preciso reconhecer que nossa sociedade evoluiu na conscientização do
cuidado com a saúde, pois o sedentarismo também é causa de incontáveis mortes
mundo afora. “Cuidar da nossa beleza é, sim, um sinal de saúde, e se a ciência
nos proporciona que estejamos mais bonitos e mais fortes é claro que devemos
aproveitar desse benefício, porque isso está aí para o ser humano e não o ser
humano para isso”, ressalta o psicólogo Élisson Santos
(…)
Assim lembramos do ensinamento de Aristóteles: “A
virtude está no meio”, ou seja, está no equilíbrio, que se torna possível
quando descobrimos o nosso valor como pessoas, porque não somos escravos deste
mundo…
Fonte: http://destrave.cancaonova.com/livres-ou-escravos-da-beleza/
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