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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Milhões de trabalhadores públicos protestaram em Madri contra as medidas de austeridade

Os sindicatos denunciam que um novo plano do Governo conservador se traduzirá num aumento da jornada de trabalho para os 170.000 funcionários da região e que levará a destruição de postos de trabalho.

Milhões de funcionários manifestaram-se, nesta terça-feira, nas ruas de Madri com a palavra de ordem “o público é de todos! Não aos cortes!”, contra as novas medidas de austeridade previstas pelo governo conservador da região.   

Entre estrondos de tambores e trombetas e gritando “Os serviços públicos não se vendem!”, uns 10.000 manifestantes, dentre os quais, enfermeiros, professores ou bombeiros, desfilaram pelo centro da capital espanhola, das proximidades do Museu do Prado até a celebre Praça da Puerta del Sol.

“Se maltratam aos trabalhadores públicos, quem sofre é todo o bem estar social”, afirma Javier Figueroa, de 43 anos, administrador no Departamento madrileno de Cultura e representante do sindicato UGT.  

“Têm cortado os salários, têm aumentado a jornada de trabalho, os direitos trabalhistas se tem cortado; toda a proteção social está em perigo, a educação, a saúde”, acrescentou.

Os principais sindicatos convocaram esta manifestação para protestar contra as medidas de austeridade previstas no orçamento de 2012 da Comunidade Autônoma de Madri, dirigida pelo Partido Popular (PP), que também controla o governo central desde dezembro passado.  

Javier, um bombeiro que prefere não dar seu apelido e que com uma grande dose de humor, combinando com seu traje negro alguns copos plásticos cor de rosa, denunciam alguns cortes que considera perigoso.  
“Afetam a nossa segurança e a segurança dos cidadãos”, afirma, porque “não há orçamento para comprar ferramentas e reparar os veículos”.

Os sindicatos denunciam que o novo plano se traduzirá num aumento da jornada de trabalha para os 170.000 de funcionários da região, que passará de 35 a 37,5 horas semanais.

E afirma que esta medida levará a destruição de postos de trabalho, citando, por exemplo, o setor da saúde pública, que emprega mais de 78.000 pessoas na região, onde poderiam desaparecer milhões de postos interinos.

“Os hospitais estão a meio funcionamento porque não tem pessoal”, afirma Dolores Escrivano, auxiliar de enfermeira de 57 anos. “Tem 7.000 trabalhadores públicos que querem quitar-se”, assegurou.

Segundo os sindicatos, também, as baixas por enfermidades estarão menos indenizadas, com perdas de salário que podem chegar a 500 euros mensais.

Já em 2011, a comunidade autônoma de Madri, como outras regiões do país governadas pela direita, aplicaram as primeiras medidas de austeridade, que afetaram, principalmente, a educação e provocaram grandes manifestações.

Neste ano “tem mais alunos nas salas de aulas e menos professores”, lamenta Bárbara Tapiador, professora de 33 anos.

Desde o ano passado, o governo espanhol tenta impor o rigor orçamentário as 17 comunidades autônomas que forma o país, responsáveis por serviços chaves como a saúde ou a educação e, fortemente, endividadas desde que se estalou a crise em 2008.

Embora ainda não se disponha de dados definitivos, o déficit das regiões deveria alcançar em 2011, 2,3% ou 2,4% do PIB, muito acima do objetivo de 1,3% que lhes havia imposto o governo central.


Tradução de Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

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