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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Planos ativos de guerra: Pentágono planeja guerra respaldada pelos EUA contra a Síria

Por: Chris Marsden

O Pentágono tem elaborado planos para uma intervenção militar na Síria

O ataque militar seria coordenado pela Turquia, os Estados do Golfo e as potências da OTAN, segundo informes que reconhecem, oficialmente, pela primeira vez a existência de semelhantes planos. O Plano é descrito como um “estudo interno” pelo Comando Central do Pentágono, para permitir que o presidente Barack Obama mantenha a ficção de que a Casa Branca segue buscando uma solução diplomática.

Isto é considerado vital, já que é muito provável que a intervenção militar seja realizada através de vários substitutos do Oriente Médio, aos quais os EUA e a OTAN apoiariam com o poder aéreo.  Turquia e os Estados da Liga Árabe, encabeçados pela Arábia Saudita e Catar, não querem ser vistos pelo que são: fantoches dos EUA. A negação em seu caso requer, portanto, que os EUA ocultem toda a dimensão de sua participação.

No Financial Times, de 6 de fevereiro, Anne-Maria Slaughter, ex-diretora de planejamento politico do Departamento de Estado dos EUA, argumentou a favor de “Algo de tempo… para a continuação de esforços diplomáticos orientados a mudar a finalidade da classe comercial sunita de Damasco e Alepo”.

Como no caso da guerra contra a Líbia do ano passado, a intervenção militar volta a ser justificada citando a “responsabilidade de proteger” a civis. Mas, seu verdadeiro objetivo é a mudança do governo para instalar no poder um governo sunita endividado com Washington, aliado com os Estados do Golfo e hostil ao Irã.

Um funcionário do Departamento de Estado declarou a Daily Telegraph britânico que “a comunidade internacional pode ver-se obrigada a ‘militarizar’ a crise na Síria” e que “o debate em Washington tem se apartado da diplomacia”.

Jay Carney, secretário de imprensa da Casa Branca, disse: “Estamos, naturalmente, considerando a ajuda humanitária ao povo sírio, e temos feito isso há certo tempo”.

O Telegraph assinala: “Qualquer plano para fornecer ajuda ou estabelecer uma zona de exclusão envolveria uma dimensão militar para proteger comboios de ajuda ou a civis envolvidos”.

Importantes personagens políticos americanos, também, apelam em público para o armamento do Exército Líbio Sírio (ELS), uma força, exclusivamente, sunita estacionada na Turquia e respaldada e financiada por Ankara, Riad e Doha, incluindo políticos como Joe Lieberman, John McCain y Lindsey Graham.
O tema foi discutido esta semana, diretamente, em Washington com o ELS, cujo coordenador logístico, Jeque Zuheir Abassi, tomou parte numa videoconferência, na quarta-feira, com um grupo de reflexão da segurança nacional americano.

Os EUA, França, Grã Bretanha e a Liga Árabe já operam fora do marco das Nações Unidas com coalisão de “Amigos de Síria”, a fim de contornar a oposição da Rússia e China a uma intervenção semelhante a que ocorreu na Líbia.

Sabe-se que o Catar e Arábia Saudita estão armando ao ELS e que tem suas próprias brigadas, e assessores no terreno, como fizeram na Líbia.

Segundo o site da inteligência israelense Debka-File, unidades de forças especiais britânicas e catares já “operam, clandestinamente, com forças rebeldes na cidade síria de Homs, a só a 162 quilômetros de Damasco… Nossas forças informam que dois contingentes estrangeiros estabeleceram quatro centros de operações – no distrito de Khaldiya, ao norte de Homs, Bam Amro a leste, e Bab Derib e Rastan ao norte. Cada distrito tem cerca de um quarto de milhões de habitantes.

Mas, os Estados do Golfo não têm o poder de fogo necessário para derrotar ao governo de Assad. Para isso, a protagonista chave é a Turquia. Debka-File assinala no informe que a presença das tropas britânicas e do Catar “foi utilizada pelo primeiro ministro turco Tayyip Erdogan para o novo plano que apresentou ao parlamento, em Ankara, terça-feira, 7 de fevereiro. Tratando dos contingentes da Inglaterra e do Catar como o primeiro pé estrangeiro introduzido através da porta síria, seu plano se baseia em consignar uma nova força turco-árabe para Homs, através dessa porta e sob a proteção desses contingentes. Mais adiante irão a outras cidades que foram pontos álgidos”.   

Turquia discute publicamente uma intervenção militar baseada no estabelecimento de “refúgios” e “corredores de ajuda humanitários”, e o ministro de Exteriores, Ahmet Davutoglu, visitará Washington esta semana, depois de esclarecer que as portas da Turquia estão abertas a refugiados sírios.

Escrevendo no New Republic, de 9 de fevereiro, Soner Cagaptay argumentou: “A renúncia de Washington para dirigir uma operação poderia ser uma benção, deixando espaço para que a Turquia tome as rendas… Turquia apoiaria uma intervenção baseada no ar para proteger refugiados designados pela ONU – embora a missão seja dirigida por uma “força regional’ composta de militares turcos e árabes. Catar e Arábia Saudita, que financiam a oposição, deveriam estar contentes em trabalhar com seu novo aliado em Ankara para proteger os refúgios; Washington e as potencias europeias poderiam, então, respaldar, desde logo, a operação, facilitando seu sucesso”.

O objetivo de isolar o Irã tem se convertido no objetivo declarado de funcionários americanos e israelenses, respaldados por uma campanha mediática que envolve de modo destacado a imprensa ‘livre’, mesclando o sentimento anti-iraniano com uma hipérbole humanitária que professa sua preocupação pela sorte do povo da Síria.

Efraim Halevy, ex-conselheiro de segurança nacional israelense e diretor do serviço de espionagem da Mossad, de 1998 a 2002, escreveu no New York Times, de 7 de fevereiro, descrevendo a Síria como “o calcanhar de Aquiles do Irã”.

Escreve: “O ponto de apoio do Irã na Síria possibilita que os mulás em Teerã continuem suas implacáveis e violentas políticas regionais – e tem que terminar com sua presença… Uma vez que se alcance isto, todo o equilíbrio de forças na região experimentaria uma mudança radical”.

A contraparte britânica de New York Times, The Guardian, confia a Simon Tisdall a tarefa de apoiar semelhante sentimento anti-iraniano. Cita, favoravelmente, a ridicularizacão de Hillary Clinton das afirmações de Assad sobre a intervenção estrangeira em apoio da oposição, por ser “Triste, mas, plenamente justificada”. E insiste, “a potência estrangeira mais, ativamente, envolvida dentro da Síria não é os EUA, Grã Bretanha, França ou Turquia. Tampouco é Russia, Arábia Saudita nem os aliados do Golfo. É o Irã, e luta ferozmente por manter o status quo”.

As terríveis consequências de uma guerra americana contra a Síria seriam diminutas em relação às de sua aventura líbia. A Síria é apenas a antecâmara de uma campanha pela mudança de governo no Irã e sua seleção ainda planeja, com maior claridade, um conflito com a Rússia e possivelmente com a China.  

Moscou enviou no mês passado três buques de guerra, incluindo um porta-aviões, a sua base naval no Mediterrâneo, o porto sírio de Tartus. O fez depois de vetar a resolução da Liga Árabe (respaldada pelos EUA, França e Inglaterra e que devia “pavimentar” o caminho para a intervenção) e de enviar o ministro do Exterior a Damasco para conversações com Assad, terça-feira, em outra demonstração de solidariedade. Lavrov foi acompanhado por Milhail Fradkov, chefe da Oficina de Inteligência Exterior da Rússia.

Ainda, foram de grande importância os comentários feitos no dia seguinte pelo primeiro ministro Vladimir Putin, vinculando os esforços para derrotar a Assad como mais uma ameaça direta do ocidente contra a estabilidade da Rússia, através de seu apoio aos protestos da oposição nesse país. “Um culto a violência vem se evidenciando nos assuntos internacionais nas últimas décadas”, disse. “Não pode deixar de causar preocupação… e não devemos permitir nada semelhantes em nosso país”.

Fonte: 

Tradução de Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

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