segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Vidas Secas em três Canções de Djavan: interpretação da sociedade nordestina e “tributo” a Graciliano Ramos.
Sêca – Djavan
A terra se quebrando toda
A fome que humilha a todos
Vida se alimenta de dor,
Que pobre povo sem socorro!...
Porque será que Deus pôs ali
O ser pra ser assim
Sofredor?
Sob a brasa do sol padecer
Do desdém do poder
Fingido.
Sem saber o que é ser feliz Viver,
como se diz:
Dá medo
Apesar de se ter céu azul
O mesmo lá do sul,
Mesmo Deus.
Lamento Sertanejo – Djavan
Por ser de lá do Sertão
Lá do cerrado
Lá do interior, do mato
Da caatinga, do roçado
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigo
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver
Contrariado.
Por ser de lá, na certa
Por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão, boiada
Caminhando a esmo.
Farinha - Djavan
A farinha é feita de uma planta da família das
euforbiáceas, euforbiáceas
de nome manihot utilissima que um tio meu apelidou de macaxeira
e foi aí que todo mundo achou melhor!...
a farinha tá no sangue do nordestino
eu já sei desde menino o que ela pode dar
e tem da grossa, tem da fina se não tem da quebradinha
vou na vizinha pegar pra fazer pirão ou mingau
farinha com feijão é animal!
o cabra que não tem eira nem beira
lá no fundo do quintal tem um pé de macaxeira
a macaxeira é popular é macaxeira pr`ali, macaxeira pra cá
e em tudo que é farinhada a macaxeira tá
você não sabe o que é farinha boa
Farinha é a que a mãe me manda lá de Alagoas
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