CABRA DA PESTE - Patativa do Assaré
Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas nunca esmorece, procura vencê,
Da terra adorada, que a bela cabôca
Com riso na bôca zomba no sofrê.
Não nego meu sangue, não nego meu nome,
Olho para fome e pergunto: o que há?
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.
Tem muita beleza minha boa terra,
Derne o vale à serra, da serra ao sertão.
Por ela eu me acabo, dou a prope vida,
É terra querida do meu coração.
Meu berço adorado tem bravo vaquêro
E tem jangadêro que domina o má.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste fio do Ceará.
Ceará valente que foi muito franco
Ao guerrêro branco Soares Moreno,
Terra estremecida, terra predileta
Do grande poeta Juvená Galeno.
Sou dos verde mare da cô da esperança,
Qui as água balança pra lá e pra cá.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.
Ninguém me desmente, pois, é com certeza
Quem qué vê beleza vem ao Cariri,
Minha terra amada pissui mais ainda,
A muié mais linda que tem o Brasi.
Terra da jandaia, berço de Iracema,
Dona do poema de Zé de Alencá
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.
O AGREGADO - Patativa do Assaré
Quem véve no luxo, somente gozando,
Dinhêro gastando sem mágoa e sem dô,
Não sabe, nem pensa e tombem não conhece
O quanto padece quem mora a favô.
Meu Deus! Como é duro se uvi o lamento,
O grande trumento do triste agregado!
Osente das coisa mais boa da vida,
De rôpa rompida, sem cobre, coitado!
Os fio dizendo: — Papai, tou com fome!
E o pobre desse hòme a chora como loco,
Oiando a f amia, tão magra e tão fracaí
Na veia barraca de paia de coco.
Promode armoçá, é preciso premêro
Corre o dia intêro, sadio ou doente,
Só acha um consolo, na sorte tão crua,
Nos bêjo da sua muié paciente.
Acorda bem cedo e do frio agasaio
Sai para o trabaio, de foice ou de enxada;
Assim padecendo crué abandono
Na roça do dono da casa caiada.
Não crê nas promessa do rico pulento,
No seu sofrimento só pensa em Jesus,
Rogando e pedindo pra tê piedade,
Levando a metade do peso da cruz.
As suas criança, pra quem tudo farta,
Não brinca, não sarta, não tem alegria,
Enquanto pinota na casa caiada
Feliz meninada, robusta e sadia.
Não vai à cidade, só véve loitando,
Limpando ou brocando, socado na mata.
Ninguém lhe conhece, nem sabe seu nome,
Se acanha com os home que bota gravata.
Se às vez ele fica parado, escutando
Arguém conversando, falando de guerra,
Cochicha uma reza, baixinho, em segredo,
Tremendo com medo dos grandes da terra.
Assim ele véve, do mundo esquecido,
Com fome dispido, a chora cumo loco,
Oiando a famia tão magra e tão fraca,
Na veia barraca de paia de coco.
Parabéns pelo trabalho!!! Toda poesia é leitura da alma
ResponderExcluirMarlene Borges .
Quando quiser fique a vontade pra visitar meu blog... Posso dizer q adorei o seu!!!
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Esse texto é uma merda
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