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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
A biografia oculta dos Obama: Uma família ao serviço da CIA (I)
Por Wayne
Madsen [*]
O jornalista investigativo Wayne Madsen descobriu
arquivos da CIA que documentam as conexões da agência com instituições e
indivíduos que figuram com proeminência nas vidas de Barack Obama e sua mãe,
pai, avó e padrasto. A primeira parte da sua reportagem destaca as conexões
entre Barack Obama Senior e as operações patrocinadas pela CIA no Quênia para combater
a ascensão da influência soviética e chinesa nos círculos estudantis, criando
ao mesmo tempo condições que impedissem o surgimento de líderes africanos
independentes.
O próprio trabalho do presidente Obama em 1983 para
a Business International Corporation, uma fachada da CIA que promovia
seminários com os mais poderosos líderes do mundo e usava jornalistas como
agentes de influência [NT] no exterior, encaixa-se perfeitamente com as
atividades de espionagem para a CIA realizadas por sua mãe, Stanley Ann Dunham,
na década de 60, após o golpe na Indonésia, por conta de um certo número de
operações de fachada da CIA, incluindo o Centro Leste-Oeste na Universidade do
Havaí, a USAID (US Agency for International Development). Dunham conheceu e se
casou com Lolo Soetoro, padrasto de Obama, no Centro Leste-Oeste em 1965.
Soetoro foi chamado à indonésia em 1965 para atuar como oficial sênior do
exército e assistir o general Suharto e a CIA na sangrenta derrubada do
presidente Sukarno.
Barack Obama Senior, que conheceu Dunham em 1959
numa aula de russo na Universidade do Havaí, foi parte do que se descreveu como
uma ponte aérea de 280 estudantes da África Oriental para os EUA para estudar
em vários colégios – simplesmente "ajudados" por uma subvenção da
Fundação Joseph P. Kennedy, de acordo com um relato da Reuters, feito de
Londres em 12 de setembro de 1960. A ponte aérea foi uma operação da CIA para
treinar e doutrinar futuros agentes de influência na África, que se estava
tornando um campo de batalha entre os EUA e a União Soviética e a China pela
influência entre os países recém independentes ou na iminência de se declararem
independentes no continente.
A ponte aérea foi condenada pelo vice-líder do
partido de oposição KADU (Kenyan African Democratic Union – União Democrática
Afro-queniana) por ter favorecido certas tribos – a maioria Kikuyu e a minoria
Luo – contra outras tribos, para favorecer a KANU (Kenyan African National
Union - União Nacional Afro-queniana), cujo líder era Tom Mboya, o líder
queniano nacionalista e trabalhista que escolheu Obama Senior para uma bolsa de
estudos na Universidade do Havaí. Obama Senior, que já estava casado, com um
filho pequeno e uma esposa grávida no Quênia, casou-se com Dunham no Mauí em 2
de fevereiro de 1961, e foi também o primeiro estudante africano da
universidade. Dunham estava no terceiro mês de gravidez de Barack Obama Junior
quando se casou com Obama Senior.
O vice-líder no KADU, Masinda Muliro, de acordo com
a Reuters, disse que o KADU enviaria uma delegação aos Estados Unidos para
investigar estudantes quenianos que receberam "doações" dos
americanos de "assegurar-se de que futuras doações a estudantes quenianos
sejam administradas por pessoas genuinamente interessadas no desenvolvimento do
Quênia".
Mboya recebeu da Kennedy Foundation uma doação de
US$100 mil, após ter recusado a mesma oferta do Departamento de Estado dos EUA,
obviamente preocupado com o fato de que assistência norte-americana direta
pareceria suspeita aos políticos quenianos pró-comunistas que suspeitavam que
Mboya tivesse laços com a CIA. O projeto Ponte Aérea da África foi subscrito
pela Kennedy Foundation e pela African-American Students Foundation. Obama Senior
não estava na primeira turma mas numa turma seguinte. A ponte aérea, organizada
por Mboya em 1959, incluía estudantes do Quênia, Uganda, Tanganica, Zanzibar,
Rodésia do Norte, Rodésia do Sul e Niassalândia.
A Reuters relatou ainda que Muliro denunciou
estarem os africanos "perturbados e amargurados" com a viagem dos
estudantes selecionados. Muliro afirmou que "foi dada preferência a duas
tribos principais [Kikuyu and Luo] e muitos dos estudantes inscritos pelos EUA
haviam falhado nos exames preliminares e comuns de admissão, enquanto alguns
dos preteridos tinham certificados de primeira classe".
Obama Senior era amigo de Mboya e também um Luo.
Depois de Mboya ter sido assassinado em 1969, Obama Senior testemunhou no
julgamento de seu suposto assassino. Obama Senior declarou que foi ameaçado de
morte depois de seu testemunho.
Obama Sênior, que trocou o Havaí por Harvard em
1962, divorciou-se de Dunham in 1964. Obama Senior casou-se com uma colega de
Harvard, Ruth Niedesand, uma judia americana, que se mudou com ele para o
Quênia e teve dois filhos. Eles mais tarde se divorciaram. Obama Senior trabalhou
para os ministérios quenianos das Finanças e dos Transportes, assim como para
uma empresa de petróleo. Obama Senior morreu num acidente de carro em 1982, e
seu funeral foi acompanhado pelos principais políticos quenianos, incluindo o
futuro ministro do Exterior Robert Ouko, assassinado em 1990.
Os arquivos da CIA mostram que Mboya foi um
importante agente de influência para a CIA, não somente no Quênia mas em toda a
África. Um antigo Sumário Secreto Semanal de Inteligência Atual da CIA (Secret
CIA Current Intelligence Weekly Summary) datado de 19 de novembro de 1959,
afirma que Mboya atuou na detecção de extremistas na segunda Conferência
Popular Pan-africana (All-African People's Conference - AAPC) em Tunes. O
relatório afirma que "sérios atritos se desenvolveram entre o
primeiro-ministro de Gana Kwame Nkrumah e o nacionalista queniano Tom Mboya,
que cooperou efetivamente no último dezembro para detectar extremistas na
primeira reunião da AAPC em Acra. O termo "cooperou efetivamente"
parece indicar que Mboya estava cooperando com a CIA, que elaborou o relatório
de operações locais em Acra e Tunes. Enquanto estava "cooperando" com
a CIA em Acra e Tunes, Mboya escolheu o pai do presidente dos EUA para receber
uma bolsa de estudos e ser levado para a Universidade do Havaí, onde conheceu e
se casou com a mãe do presidente Obama.
Um CIA Current Intelligence Weekly Summary
anterior, secreto e datado de 3 de abril de 1958, afirma que Mboya "ainda
parece ser o mais promissor dos líderes africanos". Outro sumário semanal
da CIA, secreto e datado de 18 de dezembro de 1958, intitula Mboya de nacionalista
queniano e "um jovem dirigente capaz e dinâmico" do partido da
Convenção Popular, que era visto como oponente dos "extremistas" como
Nkrumah, apoiado por "representantes sino-soviéticos".
Num antigo relatório secreto da CIA sobre a
Conferência Popular Pan-africana de 1961, datado de 1o de novembro de 1961, o
conservadorismo de Mboya, juntamente com o de Taleb Slim na Tunísia, são
contrastados com as políticas esquerdistas de Nkrumah e outros. Pró-comunistas
que foram eleitos para o comitê diretor da AAPC na conferência de Cairo de
março de 1961, com a presença de Mboya, são identificados no relatório como
Abdoulaye Diallo, secretário-geral da conferência, do Senegal; Ahmed
Bourmendjel, da Argélia; Mario de Andrade, de Angola; Ntau Mokhele, da Batusolândia;
Kingue Abel, dos Camarões; Antoine Kiwewa, do Congo (Leopoldville); Kojo
Botsio, de Gana; Ismail Toure, da Guiné; T. O. Dosomu Johnson, da Libéria;
Modibo Diallo, do Mali; Mahjoub Ben Seddik, do Marrocos; Djibo Bakari, da
Nigéria; Tunji Otegbeya, da Nigéria; Kanyama Chiume, da Niasalândia; Ali
Abdullahi, da Somália; Tennyson Makiwane,da África do Sul, e Mohamed Fouad
Galal, da República Árabe Unida.
Os únicos participantes no Cairo a quem foram dados
atestados de saúde pela CIA foram Mboya, que parece ter sido informante da
agência, e Joshua Nkomo, da Rodésia do Sul, B. Munanka, de Tanganica, Abdel
Magid Shaker, da Tunísia, e John Kakonge, de Uganda.
Nkrumah acabou sendo derrubado em 1966 num golpe
apoiado pela CIA, enquanto estava em visita de estado à China e ao Vietnã do
Norte. A derrubada de Nkrumah pela CIA foi seguida em um ano pela derrubada de
Sukarno, em outro golpe que foi associado à família do presidente Obama pelo
lado materno. Há suspeitas de que Mboya foi assassinado em 1969 por agentes
chineses trabalhando com facções anti-Mboya no governo do presidente Jomo
Kenyatta, a fim de eliminar um importante líder político pró-EUA na África. Com
a morte de Mboya, todas as embaixadas em Nairobi arriaram suas bandeiras a meio
mastro, com exceção da embaixada da República Popular da China.
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As interceptações dos associados de Mboya e Kariuki
são uma indicação de que a NSA e a CIA também interceptaram Barack Obama
Senior, que, como não-americano, teria sido legalmente sujeito, à época, a
interceptações executadas pela NSA e pelo Britain's Government Communications
Headquarters (GCHQ).
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