segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
A biografia oculta dos Obama: Uma família ao serviço da CIA (II)
Por Wayne Madsen
Na segunda parte de sua pesquisa, Wayne Madsen foca
a mãe e o padrasto de Barack Obama. Ele segue seus passos como recursos da CIA
desde a Universidade do Havaí, centro de alguns dos mais obscuros projetos da
CIA, até suas atividades na Indonésia, onde se desdobrava um vasto massacre
anticomunista patrocinado pelos EUA, que marcou o início da globalização na
Ásia e no resto do mundo. Ao contrário da dinastia Bush, Barack Obama escondeu
astutamente suas próprias conexões com a Agência e, em particular, as de seus
ascendentes, até agora. Madsen conclui com uma pergunta: Será Barack Obama um
"Manchurian Candidate"? [1]
Na Parte I deste relatório especial , revelamos as
conexões entre Barack Obama Sênior e o projeto Ponte Aérea da África vinculado
à CIA, com o objetivo de conferir graduação universitária e obter influência
sobre um grupo de 280 estudantes da África do Sul e de nações da África
Oriental na iminência de independência, de modo a se contraporem a programas
similares desenvolvidos pela União Soviética e pela China. Barack Obama Sr foi
o primeiro estudante africano a freqüentar a Universidade do Havaí. Obama Sr. e
a mãe de Obama, Stanley Ann Dunham, conheceram-se numa aula de russo em 1959 e
casaram-se em 1961.
O programa da Ponte Aérea Africana foi administrado
pelo líder nacionalista queniano, mentor e amigo de Obama Sr da mesma tribo, os
Luo. De acordo com os documentos da CIA descritos na Parte I, Mboya também
atuou para a CIA na garantia de que nacionalistas africanos pró-soviéticos e
pró-chineses tivessem obstruídas suas tentativas de dominar os movimentos
políticos nacionalistas pan-africanos, estudantis e trabalhistas.
Um dos principais oponentes de Mboya foi o primeiro
presidente de Gana, Kwame Nkrumah, que foi derrubado num golpe insuflado pela
CIA em 1966, um ano antes que o filho de Obama Sr, Barack Obama, e sua mãe, se
unissem a Lolo Soetoro, um indonésio que a mãe de Obama conheceu na
Universidade do Havaí em 1965, quando o Presidente Obama tinha quatro anos.
Em 1967, Obama e sua mãe juntaram-se ao marido dela
em Jacarta. Em 1965, Lolo Soetoro havia sido chamado de volta do Havaí pelo
general Suharto para a função de oficial militar da Indonésia para promover um
sangrento genocídio, apoiado pela CIA, contra comunistas indonésios e chineses
indonésios por todo o vasto país. Suharto consolidou seu poder em 1966, o mesmo
ano em que o amigo de Barack Obama Sr., Mboya, ajudou a reviver o apoio
pan-africano pró-EUA para a derrubada de Nkrumah, pela CIA, em Gana, em 1966.
Centro
Leste-Oeste, Universidade do Havaí e o golpe da CIA contra Sukarno
Ann Dunham conheceu Soetoro no Centro Leste-Oeste
na Universidade do Havaí. O centro era há tempos afiliado às atividades da CIA
na região Ásia-Pacífico. Em 1965, no ano em que Dunham conheceu e se casou com
Soetoro, o centro viu um novo presidente tomar posse. Era Howard P. Jones, que
trabalhou por um tempo recorde de sete anos, de 1958 a 1965, como embaixador
dos EUA na Indonésia, Jones estava presente em Jacarta quando Suharto e seus
oficiais, apoiados pela CIA, planejaram o golpe de 1965 contra Sukarno, que era
considerado, juntamente com o Partido Comunista Indonésio (PKI), como aliado da
China.
Quando Jones foi presidente do Centro Leste-Oeste,
escreveu um artigo para o Washington Post, datado de 10 de outubro de 1965, no
qual defendia a derrubada de Sukarno por Suharto. Jones foi
"convidado" pelo Post para comentar o golpe de Suharto, descrito como
"contra-golpe" contra os comunistas. Jones defendeu que Suharto
estava apenas respondendo a uma tentativa anterior de golpe conduzida pelos
comunistas contra Sukarno, levada a cabo pelo tenente-coronel Untung, "um
comandante de batalhão relativamente desconhecido na guarda palaciana".
O artigo de Jones, que refletia o relatório de
situação da CIA na embaixada dos EUA em Jacarta, continua afirmando que o
alegado golpe esquerdista em 30 de setembro "passou a uma polegada de ser
bem sucedido pelo assassinato de seis dos principais comandantes militares.
Poderia ter sido bem sucedido se o ministro da Defesa Nasution e diversos
outros generais sênior também marcados para assassinato não tivessem agido
rapidamente num dramático contra-golpe". Naturalmente, o que Jones não
informou aos leitores do Post foi que o "contra-golpe" de Suharto
havia sido fortemente apoiado pela CIA.
Sukarno nunca culpou os comunistas pelo assassinato
de generais do exército, nem o fez o gabinete indonésio, onde estavam presentes
líderes de segundo e terceiro escalão do PKI. A possibilidade de que o
assassinato dos generais fosse uma operação diversionista da CIA e de Suharto
para atribuir a culpa ao PKI não pode ser descartada. Dois dias depois do golpe
de Suharto, um grupo de manifestantes arranjado pela CIA incendiou a sede do
PKI em Jacarta. Enquanto marchavam em frente à Embaixada dos EUA, que era
também o local onde funcionava a CIA, gritavam "Vida longa à
América!".
Untung disse posteriormente que quando soube que
Suharto e a CIA estavam planejando um golpe em 5 de outubro de 1965 – Dia das
Forças Armadas da Indonésia – forças leais a ele e a Sukarno agiram primeiro.
Jones descreve isso como "típica propaganda comunista". Suharto
atacou Sukarno em 1º de outubro. Jones repetiu que "não havia um pingo de
verdade... na acusação de que a CIA estava trabalhando contra Sukarno". A
história provou outra coisa. Jones acusou os comunistas de se aproveitarem da
saúde declinante de Sukarno para eliminar os outros candidatos à sua sucessão. O
objetivo, segundo Jones, era fazer com que o chefe do PKI, D.N. Aidit,
sucedesse Sukarno. Sukarno só morreu em 1970, enquanto estava em prisão
domiciliar.
Um documento da CIA, anteriormente classificado
como secreto e sem data, afirma que "Sukarno gostaria de retornar ao
status quo anterior ao golpe. Ele recusou-se a condenar o PKI ou o Movimento
Trinta de Setembro [do tenente-coronel Untung]; em vez disso, ele reclama
unidade à Indonésia e pede que não haja vingança de um grupo contra o outro.
Mas ele não conseguiu forçar o Exército a abandonar suas atividades anti-PKI e,
por outro lado, ele havia cedido às suas demandas ao indicar seu candidato
único general Suharto como chefe do Exército". Suharto e o padrasto de
Barry Obama Soetoro, Lolo Soetoro, ignoraram o pedido de Sukarno para que não
houvesse vingança, como centenas de milhares de indonésios logo descobririam.
O assassinato em massa, por Suharto, de chineses
indonésios é visto na descrição do documento da CIA sobre o partido Baperki:
"o partido de esquerda Baperki, com influência principalmente em áreas
rurais, tem membros majoritariamente sino-indonésios". Um Memorando de
Inteligência da CIA, datado de 6 de outubro de 1966, anteriormente classificado
como secreto, mostra a extensão do monitoramente da CIA do golpe anti-Sukarno,
desde diversos agentes da CIA indicados como conexões com as unidades militares
de Suharto cercando o Palácio Presidencial em Bogor e em diversos postos
diplomáticos pelo país, incluindo o Consulado dos EUA em Medan, que estava
seguindo pistas das pessoas de esquerda naquela cidade de Sumatra e que, num
Memorando de Inteligência de 2 de outubro de 1965, relatou à CIA que "o
cônsul-geral soviético em Medan tem um plano aguardando para ser usado na
evacuação dos cidadãos soviéticos de Sumatra". O memorando de 6 de outubro
também previne que não se deve permitir que Untung faça buscas em Java Central.
Um "Relatório Especial Sumarizado
Semanal" da CIA na Indonésia, anteriormente secreto, datado de 11 de
agosto de 1967,e intitulado "A Nova Ordem na Indonésia", relata que
em 1966 a Indonésia realinhou sua economia a fim de receber ajuda do Fundo
Monetário Internacional (FMI). A CIA relata estar contente com o novo
triunvirato que rege a Indonésia em 1967: Suharto, o ministro do Exterior Adam
Malik, e o sultão de Jogjakarta, que atuava como ministro da Economia e
Finanças. O relatório também se rejubila com a colocação do PKI fora de lei,
mas afirma que ele "ainda tem um número significativo de seguidores no
centro e no leste de Java", onde Ann Dunham Soetoro concentraria
fortemente seus esforços a favor da USAID, do Banco Mundial e da Fundação Ford,
todas atividades de fachada para que a CIA "conquistasse corações e
mentes" dos fazendeiros e artesãos javaneses.
Um Memorando de Inteligência da CIA, anteriormente
secreto e datado de 23 de julho de 1966, claramente enxerga o partido muçulmano
Nahdatul Ulama (NU), o maior partido da Indonésia e o maior muçulmano, como
aliado natural dos EUA e do regime de Suharto. O relatório afirma que ajudou
Suharto a derrubar os comunistas no período pós-golpe, especialmente onde o NU
era mais forte: Java Leste, onde a mãe de Obama iria concentrar suas
atividades, e no norte de Sumatra e partes de Bornéu. Em 29 de abril de 1966,
um Memorando de Inteligência da CIA à época secreto, sobre o PKI, afirma:
"Extremistas muçulmanos em muitas ocasiões superaram o exército na caçada
e assassinato dos membros do partido [PKI] e seus grupos de frente".
Dunham e
Barry Soetoro em Jacarta e atividades de fachada da USAID
Dunham deixou a Universidade do Havaí em 1960
quando estava grávida de Barack Obama. Barack Obama Sr deixou o Havaí em 1962
para estudar em Harvard. Dunham e Obama se divorciaram em 1964. No outono de
1961, Dunham matriculou-se na Universidade de Washington enquanto cuidava de
seu filho pequeno. Dunham reingressou na Universidade do Havaí de 1963 a 1966.
Lolo Soetoro, com quem Dunham se casou em março de 1965, deixou o Havaí pela
Indonésia em 20 de julho de 1965, três meses antes do golpe da CIA contra
Sukarno. Soetoro, que trabalhou para Suharto como coronel do Exército, foi
evidentemente chamado de volta, a partir do Centro Leste-Oeste com conexões com
a CIA, para auxiliar no golpe contra Sukarno, o qual acabou custando as vidas
de cerca de um milhão de cidadãos indonésios. É uma história que o presidente
Obama gostaria que a imprensa ignorasse, o que certamente fez durante as
primárias e as eleições gerais de 2008.
Em 1967, chegando à Indonésia com Obama Jr., Dunham
começou a lecionar inglês na embaixada americana em Jacarta, que também
abrigava um dos maiores escritórios da CIA na Ásia e tinha estações satélite
importantes em Surabaya, no leste de Java, e Medan em Sumatra. Jones deixou a
presidência do Centro Leste-Oeste em 1968.
Na verdade, a mãe de Obama estava lecionando inglês
para a U.S. Agency for International Development (Agência dos EUA para o
Desenvolvimento Internacional - USAID), que era uma fachada importante para
atividades da CIA na Indonésia e por todo o sudeste da Ásia, especialmente no
Laos, Vietnam do Sul e Tailândia. O programa da USAID era conhecido como
Lembaga Pendidikan Pembinaan Manajemen. A mãe de Obama, descrita como um
espírito livre e uma "filha dos anos sessenta" pelo presidente Obama
e pessoas que alegam tê-la conhecido no Havaí e na Indonésia, tinha um
curriculum vitae na Indonésia que contradiz a percepção de que Ann Dunham
Soetoro era uma "hippie".
O treinamento de Dunham Soetoro em língua russa na
Universidade do Havaí deve ter sido útil para a CIA na Indonésia. Em 2 de
agosto de 1966, um memorando à época secreto do secretário executivo do
Conselho de Segurança Nacional, Bromley Smith, afirma que, além do Japão,
Europa Ocidental, Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Filipinas, o golpe de
Suharto havia sido bem recebido pela União Soviética e seus aliados na Europa
oriental porque havia criado uma Indonésia não-alinhada que "representa um
contrapeso asiático à China comunista". Registros indicam que vários
agentes da CIA lotados em Jacarta antes e depois do golpe de 1965 eram, como
Dunham Soetoro, fluentes em russo.
Dunham Soetoro trabalhou para a elitista Fundação
Ford, Banco Mundial, Banco de Desenvolvimento da Ásia, Banco Rayat (o Banco
Popular da Indonésia com controle majoritário do governo), e a USAID, ligada à
CIA, enquanto viveu na Indonésia, e posteriormente no Paquistão.
A USAID esteve envolvida em várias operações
secretas da CIA no sudeste asiático. Em 9 de fevereiro de 1971, o Washington
Star relatou que funcionários da USAID no Laos estavam cientes de que o arroz
fornecido ao Exército do Laos pela USAID estava sendo revendido a divisões
militares norte-vietnamitas no país. O relatório afirmou que os EUA toleravam
as vendas de arroz da USAID para os norte-vietnamitas desde que as unidades do
Exército do Laos que vendiam o arroz estivessem protegidas dos ataques
comunistas do Pathet Lao [2] e dos norte-vietnamitas. A USAID e a CIA também
usaram o fornecimento de arroz para forçar a tribo laociana Meo a apoiar os EUA
na guerra contra os comunistas. Fundos da USAID destinados a civis feridos na
guerra no Laos e a cuidados de saúde pública foram na verdade desviados para
propósitos militares.
Em 1971, o Centro de Estudos Vietnamitas na
Universidade do Sul de Illinois em Carbondale, financiado pela USAID, foi
acusado de ser uma fachada da CIA. Projetos financiados pela USAID em todo o
Midwest Universities Consortium for International Activities (Consórcio de
Universidades do Meio-oeste para Atividades Internacionais - MUCIA) — que
compreendia as universidades de Illinois, Wisconsin, Minnesota, Indiana e
estado do Michigan — foram acusadas de serem projetos de fachada da CIA,
incluindo os de "educação agrícola" na Indonésia, assim como outros
"projetos" no Afeganistão, Mali, Nepal, Nigéria, Tailândia e Vietnam
do Sul. A acusação foi feita em 1971, no mesmo ano em que Ann Dunham estava
trabalhando para a USAID no país.
Numa reportagem do New York Times de 10 de julho de
1971, a USAID e a CIA foram acusadas de "perder" US$ 1,7 mil milhões
apropriados para o programa CORDS (Civil Operations and Revolutionary
Development Support – Apoio a Operações Civis e desenvolvimento Revolucionário)
no Vietnam do Sul. O CORDS era parte do programa da CIA Operação Fênix, que
envolvia assassinato e tortura pela CIA de anciões sul-vietnamitas e clérigos
budistas. O dinheiro da USAID foi também direcionado à companhia aérea privada
da CIA no sudeste da Ásia, a Air America. Na Tailândia, aos fundos da USAID
destinados a projetos de obras públicas no leste do Paquistão em 1971 foram
usados em fortificações militares no leste do Paquistão em suas fronteiras com
a Índia, nos meses que precederam a irrupção da guerra com a Índia, violando as
leis americanas que proibiam que se usasse dinheiro da USAID para fins
militares.
Em 1972, o administrador da USAID dr. John Hannah
admitiu à Metromedia News que a USAID estava sendo usada como disfarce de operações
secretas da CIA no Laos. Hannah somente mencionou o Laos com fachada da USAID
para a CIA. Entretanto, foi também relatado que a USAID estava sendo usada pela
CIA na Indonésia, Filipinias, Vietnam do Sul, Tailândia e Coréia do Sul.
Projetos da USAID no sudeste da Ásia tinham que ser aprovados pelo Southeast
Asian Development Advisory Group (SEADAG), um grupo asiático que, de fato,
respondia à CIA.
O programa norte-americano Food for Peace,
administrado conjuntamente pela USAID e pelo Departamento de Agricultura, foi
fundado em 1972 para ser usado para finalidades militares no Cambodja, Coréia
do Sul, Turquia, Vietnam do Sul, Espanha, Taiwan e Grécia. Em 1972, a USAID
canalizou auxílio financeiro apenas para o sul do Iêmen do Norte, a fim de
auxiliar forças norte-iemenitas contra o governo do Iêmen do Sul, então
governado por um governo socialista que se opunha à hegemonia norte-americana
na região.
Uma das entidades associadas ao trabalho da USAID
na Indonésia era a Ásia Foundation, uma criação de 1950 formada com auxílio da
CIA para se opor à expansão do comunismo na Ásia. A casa de visitantes do
Centro Leste-Oeste no Havaí foi financiada pela Ásia Foundation. A casa de
visitantes foi também onde Barack Obama Sr inicialmente se hospedou depois da
ponte aérea do Quênia para o Havaí, arranjado por um dos principais agentes de
influência da CIA na África, Mboya.
Dunham viajou também a Gana, Nepal, Bangladesh,
Índia e Tailândia para trabalhar em projetos de micro-financiamento. Em 1965,
Barack Obama Sr retornou ao Quênia vindo de Harvard, com outra esposa
americana. Obama Sr reconectou-se com seu velho amigo e "menino de
ouro" da CIA, e outros políticos da tribo luo. O chefe da estação da CIA
em Nairóbi de 1964 a 1967 era Philip Cherry. Em 1975, Cherry foi o chefe do
escritório da CIA em Dacca, Bangladesh. Cherry foi vinculado pelo então
embaixador norte-americano em Bangladesh, Eugene Booster, ao assassinato em
1975 do primeiro presidente de Bangladesh, Sheikh Mujibur Rahman, e membros de
sua família. O ataque ao "Sheikh Mujib" e sua família foi
supostamente ordenado pelo então secretário de Estado Henry Kissinger.
Bangladesh também estava no itinerário de viagem de micro e macro
financiamentos da associada da CIA Ann Dunham.
A CIA, os
bancos e o Havaí
Nesse meio tempo, a mãe de Dunham Soetoro, Madelyn
Dunham, que criou o jovem Obama quando ele retornou ao Havaí em 1971 enquanto
sua mãe permanecia na Indonésia, foi a primeira mulher a se tornar
vice-presidente do Banco do Havaí em Honolulu. Diversas entidades de fachada da
CIA usaram o banco. Madelyn Dunham manipulava depósitos custodiados usados para
fazer pagamentos da CIA para ditadores asiáticos apoiados pelos EUA, como o
presidente filipino Ferdinand Marcos, o presidente sul-vietnamita Nguyen van
Thieu e o presidente Suharto na Indonésia. Na verdade, o banco estava empenhado
na lavagem de dinheiro para a CIA para secretamente sustentar seus líderes
favoritos na região da Ásia-Pacífico.
Uma das principais frentes de lavagem de dinheiro
em Honolulu era a empresa de Bishop, Baldwin, Rewald, Dillingham & Wong
(BBRDW). Depois que a CIA deixou que a firma falisse em 1983 entre acusações de
que a BBRDW era apenas um esquema Ponzi [3] , o senador Daniel Inouye do Comitê
de Inteligência do Senado dos EUA afirmou que o papel da CIA na empresa
"não era insignificante". Mais tarde, seria revelado que Inouye, que
era um dos melhores amigos do finado senador pelo Alaska Ted Stevens no Senado,
estava mentindo, Na verdade, a BBRDW estava profundamente envolvida no financiamento
de programas secretos da CIA em toda a Ásia, incluindo espionagem econômica
contra o Japão, fornecimento de armas para as guerrilhas mujaheddin no
Afeganistão para sua guerra contra os soviéticos e secretamente fornecendo
armas a Taiwan. Um dos diretores da BBRDW era John C. "Jack"
Kindschi, o qual, antes de sua aposentadoria em 1981, era o chefe do escritório
da CIA em Honolulu. O presidente da BBRDW, Ron Rewald, tinha um falso diploma
universitário na parede de seu escritório, fornecido pelos especialistas da CIA
em falsificações, e seu nome estava registrado na universidade como aluno.
Uma falsa história para a BBRDW foi forjada pela
CIA, alegando que a empresa havia operado no Havaí desde que este era um
território. O presidente Obama está atualmente assolado por alegações de que
tem registros falsos do colégio e da universidade, um falso número de seguro
social emitido em Connecticut, e outros itens inventados no currículo. Os
documentos falsos da BBRDW no Havaí teriam prenunciado as questões atuais sobre
o passado de Obama?
A BBRDW realizava seus negócios no coração do
centro industrial de Honolulu, onde estava localizado o Banco do Havaí e onde a
avó de Obama, Madelyn Dunham, controlava os depósitos custodiados. O banco
teria controlado muitas das transações financeiras secretas da BBRDW.
"Candidato
manchuriano"? Obama/Soetoro e os "anos perigosos" em Jacarta
Está claro que Dunham Soetoro e seu marido
indonésio, padrasto do presidente Obama, estiveram intimamente envolvidos com
as operações da CIA para afastar a Indonésia da órbita sino-soviética durante
os "anos de vida perigosa", após a derrubada de Sukarno. WMR
descobriu que alguns dos principais funcionários da CIA foram designados para
várias atribuições oficiais e não-oficiais na Indonésia nesses anos, inclusive
sob a capa da USAID, o Peace Corps e a U.S. Information Agency (USIA).
Um dos contatos da CIA mais próximos a Suharto foi
o antigo funcionário da CIA na embaixada de Jacarta, Kent B. Crane. Crane era
tão próximo a Suharto depois de sua "aposentadoria" da CIA que foi
supostamente um dos únicos homens de negócios "privados" a quem foi
concedido passaporte diplomático pelo governo Suharto. A empresa de Crane, o
Crane Group, estava envolvido no fornecimento de armamento de pequeno porte às
forças militares dos EUA, Indonésia e outros países. Consultor de política
exterior do vice-presidente Spiro Agnew, Crane foi mais tarde nomeado
embaixador dos EUA na Indonésia pelo presidente Ronald Reagan, mas a nomeação
foi cancelada devido às dúbias relações de Crane com Suharto. A embaixada foi
então para John Holdridge, um colega íntimo de Kissinger. Holdridge foi
sucedido em Jacarta por Paul Wolfowitz.
Os comparsas de Suharto, que incluíam Mochtar e
James Riady do Lippo Group, foram mais tarde acusados de desviar mais de US$ 1
milhão de contribuições estrangeiras ilegais para a campanha presidencial de
Bill Clinton em 1992. O presidente Obama por duas vezes adiou visitas oficiais
à Indonésia, talvez temeroso da atenção que estas viagens trariam às conexões
de sua mãe e de seu padrasto indonésio com a CIA.
Nas décadas de 1970 e 80, Dunham esteve ativamente
envolvida em projetos de micro-crédito para a Fundação Ford, o Centro
Leste-Oeste, vinculado à CIA, e a USAID, na Indonésia. Uma das pessoas
indicadas para a embaixada dos EUA e que ajudou a defender o complexo durante
uma violenta manifestação estudantil anti-americana em 1965 foi o dr. Gordon
Donald Jr. Designado para o Setor Econômico da embaixada, Donald era
responsável pelo micro-financiamento da USAID para agricultores indonésios, o
mesmo projeto no qual Dunham Soetoro trabalhou para a USAID nos anos 70, após o
seu trabalho para a USAID como professora de inglês na Indonésia. Num livro de
1968, "Quem é quem na CIA", publicado em Berlim Ocidental, Donald é
identificado como um funcionário da CIA também designado para Lahore,
Paquistão, onde Dunham viveu por cinco anos no Hilton International Hotel
enquanto trabalhava em micro-financiamento para o Banco de Desenvolvimento da
Ásia.
Outro aluno de Jacarta no "Quem é Quem na
CIA" é Robert F. Grealy, que mais tarde se tornou diretor de relações
internacionais Ásia-Pacífico para o J P Morgan Chase, e um dos diretores da
Câmara de Comércio América-Indonésia. O CEO do J P Morgan Chase Jamie Dimon
está mencionado como substituto potencial do Secretário do Tesouro Timothy
Geithner, cujo pai, Peter Geithner, era o decisor-chefe da Fundação Ford na
Ásia, que canalizava dinheiro para os projetos indonésios de Ann Dunham.
Os projetos
negros da CIA e o Havaí
Enquanto estava no Paquistão, Dunham foi visitada
por seu filho Barack em 1980 e 1981. Obama visitou Karachi, Lahore e Hyderabad,
na Índia, durante suas visitas ao sul da Ásia. Foi durante este período que a
CIA desenvolvia suas operações anti-soviéticas no Afeganistão a partir do
Paquistão.
Um memorando NOFORN [no foreign dissemination – não
divulgar para o exterior], antes secreto, de 31 de janeiro de 1958, para o
diretor da CIA Allen Dulles do assessor do Diretor Assistente da CIA para
Pesquisa e Relatórios [nome redigido] relata uma missão de investigação ao
Extremo Oriente, ao sudeste da Ásia e ao Oriente Médio de 17 de novembro a 21
de dezembro de 1957.
O chefe do Escritório de Pesquisa e Relatórios
[Office of Research and Reports – ORR] relata uma reunião com a equipe do
general de Exército reformado Jesmond Balmer, um funcionário sênior da CIA no
Havaí, sobre pedidos do Comandante-em-Chefe do Pacífico (Commander-in-Chief
Pacific -CINCPAC) por "várias pesquisas detalhadas e demoradas". O
chefe do ORR relata então sobre um "levantamento de estudantes na
Universidade do Havaí que têm tanto habilidades para pesquisa quando língua
chinesa", feito pela CIA. O chefe do ORR relata ainda que num Seminário
Anti-subversão da Organização do Tratado do Sudeste Asiático (South-East Asia
Treaty Organization – SEATO) em Baguio, nas Filipinas, realizado de 26 a 29 de
novembro de 1957, o Subcomitê Econômico discutiu um "fundo de
desenvolvimento econômico" para combater "atividades subversivas do
Bloco Sino-soviético na área e uma discussão de possíveis contra-medidas que
poderiam ser empregadas".
As delegações da Tailândia e das Filipinas
pressionaram bastante pelo financiamento norte-americano de um fundo de
desenvolvimento econômico, que pode ter fornecido impulso para os projetos da
USAID na região, incluindo aqueles com os quais Peter Geithner e a mãe de Obama
estavam intimamente envolvidos.
Apesar de estarem bem documentadas as operações
geopolíticas secretas da CIA na Universidade do Havaí, o lado mais negro da
pesquisa e as operações do tipo MK-UKTRA não foram geralmente associadas com a
Universidade do Havaí.
Uma série de memorandos da CIA, anteriormente
confidenciais, datados de 15 de maio de 1972, aponta para o envolvimento tanto
da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (Advanced Research Projects Agency
- ARPA), da CIA, quanto da Universidade do Havaí no programa de ciência
comportamental da CIA. Os memorandos estão assinados pelo então diretor-adjunto
da CIA Bronson Tweedy, o chefe do Intelligence Community's Program Review Group
(PRG) [nome redigido], e o diretor da CIA Richard Helms. O assunto dos
memorandos é "ARPA Supported Research Relating to Intelligence
Product". O memorando do chefe do PRG discute uma conferência realizada em
11 de maio de 1972, da qual participou o tenente-coronel Austin Kibler, Diretor
de Pesquisa Comportamental da ARPA. Kibler era o chefe da ARPA para pesquisas
em modificações de comportamento e visão remota [4] . Outros que são
mencionados no memorando do chefe do PRG são o Diretor-adjunto de Inteligência
da CIA Edward Proctor, o Diretor-adjunto para Ciência e Tecnologia da CIA Carl
Duckett, e o Diretor do Escritório de Estimativas Nacionais John Huizenga.
Em 1973, depois que o Diretor da CIA James
Schlesinger ordenou a revisão de todos os programas da CIA, a CIA desenvolveu
um conjunto de documentos sobre os seus diversos programas, coletivamente
denominados as "Jóias da Família" ("Family Jewels"). Muitos
desses documentos foram liberados em 2007, mas foi também revelado que o dr.
Sidney Gottlieb, o diretor da CIA do MKULTRA, havia recebido ordens de Helms,
antes de este deixar o cargo de diretor da CIA, de destruir os componentes de
modificação comportamental, lavagem cerebral e testes de drogas. Duckett, em um
memorando de Ben Evans da CIA para o Diretor da CIA William Colby, datado de 8
de maio de 1973, afirma que "acha que o Diretor estaria sendo mal
aconselhado se dissesse que está familiarizado com este programa", a
respeito do programa de teste de drogas de Gottlieb sob o MKULKTRA.
Funcionários graduados da administração Gerald
Ford, incluindo o chefe de equipe Dick Cheney e o secretário de Defesa Donald
Rumsfeld, asseguraram que depois da produção das "Family Jewels" a
CIA não fez nenhuma revelação adicional sobre programas de alteração de comportamento
psicológico, incluindo o MKULTRA e o Projeto Project ARTICHOKE.
O conjunto de memorandos de 15 de maio de 1972
parece estar relacionado às pesquisas iniciais da CIA, com nome em código
SCANATE, em Guerra psíquica, incluindo o uso de psiquismo para propósitos de
espionagem com visão remota e controle mental. O memorando discute Kibler, da
ARPA, e "seu contratante", que se descobriu mais tarde ser o Stanford
Research Institute (SRI) de Menlo Park, California.
Num memorando do diretor da CIA Helms para, entre
outros, Duckett, Huizenga, Proctor, e o diretor da Defense Intelligence Agency,
que mais tarde herdou o programa de visão remota da CIA sob o nome em código
GRILL FLAME, Helms insiste que a ARPA havia apoiado a pesquisa em ciência
comportamental e seu potencial para produção de informações "por muitos
anos" no "MIT, Yale, Universidade de Michigan, UCLA, Universidade do
Havaí e outras instituições assim como instalações de pesquisa de
empresas".
O papel da Universidade do Havaí nas operações de
Guerra psíquica da CIA continua até hoje. A chefe de pesquisa do Programa de
Ciências Comportamentais do Defense Counterintelligence and Human Intelligence
Center (DCHC), da DIA, dra. Susan Brandon, supostamente envolvida num programa
secreto conduzido pela American Psychological Association (APA), da Rand
Corporation, e a CIA para empregar técnicas de "interrogação
avançada", incluindo privação de sono e de sentidos, dor intensa e
isolamento extremo em prisioneiros mantidos na base aérea de Bagram no
Afeganistão e outras "prisões negras", recebeu seu PhD em Psicologia
da Universidade do Havaí. Brandon também atuou como diretora-assistente de
Ciências Sociais,, Comportamentais e Educacionais para o Escritório de
Políticas de Ciência e Tecnologia na Casa Branca de George W. Bush.
As íntimas conexões da CIA com a Universidade do
Havaí continuaram até o final dos anos 70, quando o antigo Presidente da
Universidade do Havaí de 1969 a 1974, Harlan Cleveland, foi especialmente
convidado à sede da CIA como orador em 10 de maio de 1977. Cleveland trabalhou
como secretário de Estado Assistente para Assuntos de Organização Internacional
de 1961 a 1965, e foi embaixador de Lyndon Johnson na ONU de 1965 a 1969, antes
de assumir sua posição na Universidade do Havaí.
Um memorando do Diretor de Treinamento da CIA,
datado de 21 de maio de 1971, relata o recrutamento ativo de um oficial da
marinha americana que estava ingressando na graduação na Universidade do Havaí.
A família de Obama e a CIA
Há muitos volumes de material escrito sobre o
passado de George H.W. Bush na CIA e atividades relacionadas com a CIA de seu
pai e seus filhos, inclusive do antigo presidente George W. Bush. Barack Obama,
por outro lado, sabiamente mascarou suas próprias conexões com a CIA, assim
como as de sua mãe, de seu pai, de seu padrasto e de sua avó (conhece-se muito
pouco sobre o avô de Obama, Stanley Armou Dunham, que supostamente trabalhava
no ramo de mobiliário no Havaí depois de servir na Europa durante a Segunda
Guerra Mundial). Presidentes e vice-presidentes não requerem verificações de
segurança em seu passado, ao contrário de outros membros do governo federal,
para assumir seus cargos. Este trabalho é deixado para a imprensa. Em 2008, a
imprensa falhou miseravelmente na sua obrigação de examinar o homem que queria
assumir a Casa Branca. Com as ligações dos pais de Obama à Universidade do
Havaí e suas conexões com MKULTRA e ARTICHOKE, permanece uma questão incômoda:
será Barack Obama um "Manchurian Candidate" da vida real?
Notas
[1] Filme americano lançado com o título de Sob o
domínio do mal, no Brasil, e O enviado da Manchúria, em Portugal, no qual um
candidato à presidência dos EUA é um ex-soldado americano programado
neurologicamente para receber comandos de um grupo fascista.
[2] Movimento político, nacionalista e comunista no
Laos.
[3] Operação fraudulenta de investimento em
pirâmide que envolve o pagamento de rendimentos anormalmente altos aos
investidores, às custas do dinheiro pago pelos investidores que chegarem
posteriormente, em vez da receita gerada por qualquer negócio real. O nome do
esquema refere-se ao criminoso financeiro italo-americano Charles Ponzi (ou
Carlo Ponzi) (Fonte: Wikipedia)
[4] Habilidade parapsíquica que permite obter
informações à distância ou descobrir objetos ocultos.
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