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sábado, 21 de janeiro de 2012

Facebook censura a Atilio Borón por criticar a Hillary Clinton


Dias passados cometi um “erro imperdoável”: criticar acertadamente a Secretária de Estado Hillary Clinton quando antes o quinto assassinato de um cientista iraniano se limitou a diminuir-se dos homens e dizer aquele era resultado das provocações de Teerã ao negar-se a suspender seu programa nuclear. Disse então, e o repito agora, que a Clinton é “o elo perdido entre as aves de rapina e a espécie humana”, recordando sua gargalhada quando lhe comunicaram o linchamento de Gadaffi. Mas, meu “erro” foi postar essa opinião no Facebook: poucas horas depois me proibiram o acesso de minha conta e tomar contato com mais de meus sete mil seguidores.

O que veio depois é que uma história kafkiana, ainda inconclusa, para tratar de recuperar o acesso à minha conta. Todos os tipos de truques e obstáculos foram postos neste empenho e ainda hoje, quinta-feira 19 de janeiro, quase três dias depois do incidente, não tenho podido voltar a utilizar minha conta. Para piorar as coisas, jamais pude tomar contato com pessoa alguma do Facebook e todas as perguntas que podiam fazer eram estereotipadas e obtinha, de um robô, respostas, igualmente, estúpidas e estereotipadas. Ninguém respondia a pergunta crucial: Por que me tinham bloqueado o acesso a minha conta do Facebook?

A conclusão de tudo isto é algo que já sabia e que venho dizendo há muitos anos, ao contrário de nomeados sociólogos e analistas que dizem disparates tais como “a rede é o universo da liberdade, sem centro, sem controle, é democracia em grau superlativo”. Estes teóricos da resignação e do desalento parecem ignorar que a web está supercontrolada – não que vai estar senão que já está de fato – e as infames iniciativas legislativas americanas como a SOPA e a PIPA não são senão a tentativa de legalizar o que já está acontecendo.

Como também venho dizendo há anos, nada é mais perigoso que um império em decadência: se tornam mais brutais, imorais e inescrupulosos. Agora, antes o surgimento de uma perigosa onda mundial anticapitalista na Europa e até mesmo nos EUA (com o movimento dos Ocupe Wall Street) que se somam aos que vem ocorrendo na América Latina há uma década, os drones e os assassinos seletivos de líderes resultam insuficientes.

Devem cortar a comunicação “de baixo” e “entre os de baixo” porque sabem muito bem que é um pré-requisito para a organização da resistência frente – e a ofensiva contra – a burguesia imperialista e seus sequazes na periferia é precisamente a possibilidade de estabelecer comunicações e intercâmbios informacionais entre os oprimidos e as vítimas do sistema.

Sabem muito bem que isso é essencial para frustrar esta onda insurgente, muito mais grave e de maiores repercussões que as que tiveram em seu momento o Maior francês. Por isso estão apertando todas as catracas. Por isso, devemos redobrar a luta para democratizar não só o Estado e as empresas senão também as comunicações, a imprensa e, acima de tudo, a web. Não é a toa que um dos generais do Exército americano declarou em uma audiência do Congresso que “hoje a luta antisubversiva está sendo travada nos meios de comunicação”, uma dos quais, talvez o mais importante, é a internet. Dai tantos controles.

Fonte:


Tradução de:

Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

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