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domingo, 15 de janeiro de 2012

Nova estratégia militar global dos EUA

Em 5 de janeiro, o Presidente Barack Obama participou no Pentágono, acompanhado pelo Secretario de Defesa, León Panetta, e ali, rodeado da Junta de Chefes do Estado Maior das Forças Armadas lançou a nova estratégia militar global dos Estados Unidos.

Previamente expões uma mudança na estrutura das Forças Armadas – uma redução dos efetivos de terra e o mantenimento e ampliação das forças aéreas e navais, assim como, as atividades de inteligência.

Obama declarou aos jornalistas, ali presentes, que a nova estratégia se orientará a região da Ásia-Pacifico, a qual considera “critica”, sem descuidar do Oriente Médio pela ameaça do Irã. “Nosso exército será mais reduzido, mas o mundo deve saber que os Estados Unidos vai manter sua superioridade militar com uma Força Armada ágil, flexível e pronta para uma ampla variedade de contingencias e ameaças”, disse o Presidente.

No dia seguinte o editorial principal de “New York Times” se referiu ao tema, assinalando que o Presidente adaptou a nova estratégia, apoiado em três realidades: as guerras prolongadas e altamente custosas do Afeganistão e Iraque, sem resultados categóricos, a crise econômica e o elevado déficit fiscal e as “ameaças” da China e do Irã. Porém, tinha uma quarta razão, escrive o editorialista, a qual não se referiu, que são as críticas dos candidatos republicanos a sua politica militar, em um ano eleitoral em que Obama joga sua reeleição. Pois, ele sublinhou que os Estados Unidos seguirão sendo a principal potência militar do mundo e conservará sua liderança nos assuntos mundiais.

A reação da China foi rápida. O Ministro de Defesa, Geng Yansheng – reclamou aos Estados Unidos que seja prudente em suas palavras e em suas ações. “Esperamos que os Estados Unidos atuem de acordo com os tempos e trate com a China e seu Exercito de uma forma objetiva e racional, seja cuidadoso com suas palavras e ações e faça mais pelo desenvolvimento das relações entre os dois países e seus exércitos”, expressou Geng em um comunicado.

Uns dias antes – em 27 de dezembro de 2011 -, um especialista chinês, Lin Zhiyuan – integrante da Academia de Investigações Militares da China, em declarações ao periódico do Exercito de Libertação, denunciou as intenções do governo yanqui: “Desde o fim da Guerra Fria, Estados Unidos estabeleceu como prioridade de sua estratégia o combate ao terrorismo empregando tropas no Afeganistão e no Iraque, fazendo poucos progressos na Ásia. Hoje está revertendo esta estratégia cujo objetivo é conservar sua liderança no mundo. Está retirando tropas do campo de batalha e centralizando o foco na Ásia, onde está tomando medidas substanciais”.

A uma pergunta do jornalista, sobre as expressões de amizade na 12ª Ronda de Conversações sino-americanas – sobre questões de defesa - o especialista em assuntos militares, contestou: “A atitude dos Estados Unidos em relação à China, é ambígua: ao tempo que participa em tarefas de cooperação e prevenção, segue na região uma política de “segurança balanceada”, prestando as chamadas “ajudas humanitárias” e vendendo armas e exortando seus aliados a se somarem a essa linha”. Lin se referia, sem dúvida, as permanentes vendas de armas dos Estados Unidos a Taiwan, apesar de que, desde a visita de Nixon a China, em 1972, reconheceu que a Ilha forma parte do Estado Chinês, assim como, o permanente apoio as reclamações do Dalai Lama de independência para o Tibet.

Por sua parte, a Rússia tem uma visão mais ampla das estratégicas atuais dos Estados Unidos. O objetivo dessa estratégia militar é pressionar a aliança euroasiática da Rússia e da China no eixo maior do BRIC – por três frentes: ao oeste, a OTAN; ao sudoeste e sul, o Oriente Médio e Afeganistão, e pelo sudeste, o fortalecimento das bases militares no Japão, Coreia do Sul e Diogo García, assim como, a Frota do Pacífico, dotando-a de mais porta-aviões e submarinos nucleares. Como exemplo, assinalam o fracasso das negociações com a OTAN sobre a instalação de misses na Polônia e Romênia e a decisão do Kremlin, de responder instalando os seus em Kaliningrado, Prússia Oriental (Discurso do Presidente Medvédev em 23 de novembro de 2011).      

Outro exemplo é a política guerrerista que seguem os Estados Unidos no Oriente Médio, utilizando como pretexto, a ausência de direitos políticos e a repressão da oposição na Síria e o programa nuclear iraniano. Na realidade, está dirigindo-se a três objetivos: a defesa de Israel, a proteção de suas empresas petroleira, assim como, as monarquias fantoches que o servem e a desestabilização da Federação Russa na região do Cáucaso, utilizando, para isso, como ponta de lança a Geórgia.  

Analistas independentes vão ainda mais longe. Dizem que a estratégia global é anglo-americana. Para os britânicos existem duas regiões prioritárias: o Oriente Médio e o Atlântico Sul. Esta região também interessa aos Estados Unidos pelo processo de integração sul-americana que tem dois suportes – no norte, Venezuela, e no sul, Argentina. Enquanto o Comando Sul norte-americano se encarrega da primeira, é necessário uma grande Base Militar nas Ilhas Malvinas, para pressionar pelo sul, tarefa que estaria a cargo da Inglaterra que ocupa ilegalmente estas ilhas…

A nova estratégia global imperialista seria, numa época mais complexa, onde os centros econômicos e financeiros ocidentais perderiam a hegemonia, a continuidade da “Doutrina Churchill”, de março de 1946, exposta no Fulton (Estados Unidos), a qual chamou a uma “aliança dos povos de língua inglesa”, para salvar a Civilização Ocidental, ameaçada pelo “perigo vermelho”.

No entanto, como temos visto, nem China e nem a Rússia tem ficado surpresas com as declarações de Obama no Pentágono, rodeado de soldados. Tampouco a UNASUR, já que na Conferencia de Ministros de Defesa, realizada em Lima, em 13 de maio do ano passado, deu os primeiros passos para criar uma estrutura militar que suportem o processo integracionista que os imperialismos, até recentemente, dominantes em nossa região, tratam de frear por distintas vias.   

Fonte:


Traduzido por:

Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

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