sábado, 4 de fevereiro de 2012
"A água vale mais que o ouro"
Por: Paula Jiménez Marlet e Cristina Pina Gómez
O bombardeio "peruano" na Espanha aumenta
à medida que se aproxima o fórum realizado em Madri: "Investir no
Peru". Não passou desapercebido o papel manipulador que tem tido nas
últimas semanas o jornal "El País", coorganizador do encontro de
Ollanta Humala com os empresários da "metrópole". Inclusive, as
autoras explicam o duelo entre a água e o ouro em Cajamarca.
Em duas semanas foram publicados no "El
País" uma série de artigos pouco objetivos sobre o Peru e os triunfos
econômicos frente ao espólio de matérias-primas pelas empresas
transnacionais... Ao conhecer a campanha "Invertir no Peru" que este
jornal promove sob o patrocínio da REPSOL, BBVA e Telefônica... Não é estranho
o enfoque demagógico da notícia "Uma mina decide o futuro do Peru",
publicada no El País no dia 18 de janeiro. Em relação ao artigo, queríamos
oferecer nosso apoio ao povo do Peru que está se mobilizando para que seja a
população que decida o futuro do país, e não uma mina.
A água vale
mais que o ouro
Conga é o novo projeto da empresa de mineração
Yanacocha, que opera em Cajamarca (Peru) desde 1993. Suas jazidas atuais ocupam
uma extensão de mais do dobro da cidade de Madri e sua atividade se baseia na
extração de ouro a céu aberto mediante o método de lixiviação com cianuro. O
preço do ouro e as novas tecnologias tornaram a extração em jazidas como esta
muito lucrativa, com reservas menores a 1g de ouro por tonelada de terra
removida.
A rejeição a este projeto foi a gota d'água de um
conflito permanente que existe desde que a empresa opera na região. Depois de
19 anos de atividade mineradora, Cajamarca não teve a oportunidade de ver o
progresso prometido, a pobreza alcançou o índice de 49,1% em 2010 (INEI). O que
os cajamarquinos podem testemunhar é que a empresa de mineração gerou impactos
negativos em suas vidas sem se responsabilizar por isso, como a diminuição e
poluição da água em seus canais e mananciais e a vulneração dos direitos das
comunidades.
Agora, os sócios estão decididos a incrementar os
benefícios com o novo projeto Conga situado sobre as nascentes das bacias de
três dos principais rios da região, fundamentais para o desenvolvimento
agropecuário, principal atividade da população rural. O argumento da empresa é
que as lagoas atingidas serão substituídas pelas reservas artificiais, mas o
estudo de impacto ambiental apresentado não dá garantias da viabilidade do
projeto.
Diante dos protestos populares em defesa das
lagoas, o governo central se mostrou intransigente ocupando a cidade de Cajamarca
com quatro mil soldados e três mil policiais antidistúrbios, declarando estado
de emergência. Com os abusos de poder exercidos pelas empresas e governos,
prevalecendo os dividendos dos sócios por cima da defesa da vida, denunciamos
que investidores estrangeiros fecham os olhos para estes atropelos contra os
direitos humanos e ambientais, nos solidarizamos com o povo cajamarquinho e
pedimos que sua voz seja escutada.
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