quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Forças sauditas apoiam no Barein repressão a opositores xiitas.
Por Prensa Latina
Agentes policiais do Barein, apoiados por soldados
e meios blindados de Arábia Saudita, atacaram violentamente hoje opositores
pacíficos que tentavam comemorar o primeiro aniversário do início das revoltas
contra a monarquia Al-Khalifa.
Fontes da oposição xiita, liderada pelo partido
El-Wefaq, afirmaram que durante a madrugada numerosos tanques e carros
militares sauditas cruzaram a estrada Rei Fahd, que liga o reino wahabita ao
Barein, para ajudar Guarda Nacional desta pequena ilha.
Os militares intensificaram sua presença no centro
de Manama para impedir o que o governo bareinita descreveu como
"atividades ilegais" dos manifestantes que foram reprimidos com
crueldade quando se aproximaram da rotunda, onde ha um ano estava a praça La
Perla.
Esse lugar, arrasado pelas autoridades que
derrubaram a escultura que lhe dava nome, se converteu em símbolo do
levantamento popular iniciado há exatamente um ano para exigir reformas
democráticas, liberdades políticas e direitos para a maioritária população
xiita.
O Executivo afim ao rei Hamad bin Isa Al-Khalifa
valeu-se do respaldo militar estrangeiro, assim como fez em fevereiro de 2011
com efetivos sauditas e emiradenses, para aplicar "as medidas preventivas
necessárias" e impedir novas reivindicações da oposição.
A Guarda Nacional e unidades do Ministério do
Interior fortemente armadas impuseram um rigoroso cordão de segurança na
rotunda ainda chamada de La Perla, lançando gases lacrimogêneos, balas de
caucho e espancando ativistas, segundo várias denúncias.
No entanto, o governo bareinita assegurou estar
cumprindo seus compromissos de introduzir reformas políticas e frear a
violência policial, tal como sugeriu uma comissão que investigou e criticou a
brutalidade de fevereiro e março de 2011, quando morreram 35 manifestantes.
Grupos xiitas, ao contrário, afirmaram que as
autoridades não fazem o suficiente e por isso justificaram a mobilização
comemorativa para pedir o fim da monarquia absoluta amparada pelos Estados
Unidos e a União Europeia ou, quando menos, profundas reformas democráticas.
Algumas faixas chamavam o governo do presidente
Barack Obama, que usa o Barein como base para sua Quinta Frota no Golfo
Pérsico, a condenar categoricamente a repressão governamental, em lugar da
dupla moral aplicada nos casos da Líbia e agora com a Síria e o Irã.
As críticas dirigiram-se também contra as
monarquias de Arábia Saudita, Omán, Emirados Árabes Unidos, Catar e Kuwait, que
-disseram- "fazem vista grossa" no Barein e "satanizam" o
governo sírio.
Apesar do forte cordão policial, os ativistas
xiitas saíram ontem à noite e nesta madrugada às ruas nas aldeias xiitas de
Bilad Al-Qadim e Sitra, perto desta capital, e avançaram cerca de dois
quilômetros para a rotunda de La Perla antes de serem obrigados a recuar.
Dados da oposição asseguram que, além dos 35 mortos
nos meses de fevereiro e março de 2011, a repressão constante a outras
demonstrações de descontentamento ao longo do ano passado provocou ao menos 60
mortes violentas, inclusive de quatro policiais.
Modificado el ( martes, 14 de febrero de 2012 )
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