PATATIVA DO ASSARÉ - 85 Anos de Luz e Poesia.
Autores: Geraldo Amâncio, Ivanildo Vilanova, Oliveira de Panelas e Otacílio Batista
Mote:
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
Fenômeno do Ceará,
Da Cultura, chama viva,
O vulgo de Patativa,
Nun canto de sabiá!
A idade, o tempo dá,
Hora, mês, semana e dia
O poema, ele é quem cria,
Com emoção e vontade.
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
Ninguém pode se igualar
Ao genial Patativa,
A maior expressão viva
Da Cultura Popular.
Devia, em todo lugar,
Ter sua fotografia
Como honra e cortesia,
Seu busto em toda cidade.
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
O sol abriu os proscênios,
Louvando o grande poeta,
Que, felizmente, completa
Seus oito e meio decênios.
Na galeria dos gênios,
Tem foto e biografia,
Caminho, ramal e guia
De justiça e liberdade!
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
“Triste Partida” ainda está
Sendo a maior obra sua,
Disse ao poeta da rua:
“Cante lá que eu canto cá”.
“Vaca Estrela e Boi Fubá”
Tudo é de sua autoria.
Enquanto Nanã morria,
Viu, da fome, a crueldade.
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
Ex-cantador, violeiro,
E glosador ainda é,
Não é só do Assaré,
Que hoje é do mundo inteiro.
Casado, sem ter herdeiro,
Pra tanta sabedoria,
Filho nenhum herdaria
Tamanha capacidade!
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
Sei que o tempo tudo estraga,
Mas ele está preservado.
Por ser imortalizado
Por Fagner e Luiz Gonzaga.
Sua estrela não se apaga,
Não morre a sua energia
Deus é Seu Pai e Seu Guia,
Lhe deu a Imortalidade!
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
Não sendo proprietário
De ouro, prata nem zinco,
Já rasgou oitenta cinco
Folhinhas num calendário.
Alcançar o Centenário
É a sua fantasia,
Mais livros escreveria,
Mais sonhos, mais novidade!
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
Escreve, prestando pleito
Ao campônio pobre e triste,
Também descobriu que existe
Prefeitura sem prefeito!
Vê a tragédia do eito,
Clama, grita e denuncia.
Luta contra a hipocrisia
Descaso de autoridade!
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
Belinha embeleza o ninho
A quem Patativa ama,
Com ela divide a fama,
A idade e o carinho!
Pena Branca e Xavantinho,
Que cantam com maestria,
Regravaram melodia
Da sua propriedade!
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
O seu verso é sua tenda,
Onde escreve na escala,
Do jeito que o povo fala,
Para que o roceiro entenda!
Anel, diploma, comenda,
Pra ele, não tem valia.
Ele mesmo é a Academia,
A escola e a faculdade!
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
A sua escola não é
A mesma de Ariano,
José Lins, Graciliano,
João Cabral, José Condé!
Patativa do Assaré
Não imita, não copia,
Não burla, não parodia,
Tem a própria identidade!
Oitenta cinco de idade,
De luz e de poesia!
massa
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