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domingo, 3 de julho de 2011

“Eu falo de amor (...) de política (...) de problemas sociais” e “(...) vou aonde o povo está”: letra Psicografo de Carlos Caetano.


Carlos Caetano, pelo que parece, é um exemplo de artista que não esqueceu de suas raízes, ao contrário de muitos outros, para quem, povo, é apenas aquilo que pode lhes dá "status".

Tomei conhecimento da música “Psicografo”, composta por Carlos Caetano, através de um link exposto no Facebook. E, após assistir o vídeo e lê a letra, fique motivado em responder uma indagação que a canção lança ao ouvinte.

Antes das apreciações é importante conhecermos a autobiografia do compositor que encontrei no blog do Palco MP3.

“Wednesday, 13 de October de 2010

Ele tem histórias pra contar

Vendeu balas nos trens,

Picolé na praia,

Foi catador de ferro velho,

Flanelinha, fazia carreto na feira, no supermercado.

Foi ajudante de pedreiro, de carpinteiro, de pintor, de mecânico e virou vidraceiro.

Foi muito discriminado

Mais seu destino já estava traçando

Sem duvidou da Fé

Cravou seu nome na história

Quando teve suas músicas gravadas pelos principais

Nomes da música popular brasileira

Hoje ele é chamado de poeta da canção

Inspirado em toda sua história de vida

Lança seu mais novo trabalho

{O povo quer paz}

Um cd recheado de sucessos

E com uma energia incontestável

O cantor e compositor

Carlos Caetano é um exemplo da superação

Um legítimo filho da luz.

Bom galera, sou novo aqui no blog e resolvi postar um pensamento sobre minha vida. Espero que gostem e se divirtam bastante com o que eu postar aqui. Beijos do Carlos Caetano!!!

Postado por Carlos Caetano”.

Carlos Caetano, pelo que parece, é um exemplo de artista que não se esqueceu de suas raízes, ao contrário de muitos outros, para quem, povo, é apenas aquilo que pode lhes dá "status".


Na primeira parte da letra há dois “versos” que dizem: “Eu deixo o coração falar” e “Psicografo”.


Neles, o ato de escrever (psicografo) vem de uma consciência (coração) que fala a partir da permissão do eu (canal receptível), que por sua vez, é conectado com “aquele que me deu o dom”. Daí “Vai saindo vai fluindo, Bem ao natural, É assim que eu faço”.


Levado a efeito a psicografia, vem à re-ligação da mensagem para os outros corações. Do que trata a mensagem? De amor, política e problemas sociais. Pari passu as idéias vem à ação – “Eu vou aonde o povo está”. Após, isso, complementa que vai “Aonde o ‘destino’ mandar meu coração”, indagando em seguida aos receptores da canção: “E você... O que é que faz, O que é que faz”?


Este “E você... o que é que faz”, é instigante!


Responderia (salvo a inspiração metafísica que anima a consciência a falar e psicografar) antes de qualquer coisa, que ir (Eu vou aonde o povo está) se remete a uma ação posterior de estar, no que se diz respeito a mim, já estou no ceio do povo, uma vez que faço parte dele, sociologicamente falando. Como partícipe e consciente da minha identidade de classe, posso falar aos meus pares de amor, política e dos problemas sociais. O sentido da ação verbo “vou” no contexto da letra dá a impressão de que o compositor está deslocado socialmente daquele a quem está indo ao encontro.


Neste sentido, a indagação feita dirige-se a outrem que não a “gente”. Senão a quem vai o vocativo? A classe média, da qual participa o compositor, após ter saído do povo.


A intenção e o motivo do músico-compositor (“Eu vou aonde o povo está”) é “nobres” porque demonstra que não perdeu suas raízes, que aliais é muito tênue na linha divisória entre um e outro setor social, bem como, contraditória no que se diz respeito aos valores de classes – há pessoas da classe média que só pensam ser burguesa e odeiam ser pobres, não obstante, há pessoas que buscam manter seus status e sabe ficar do lado do povo.


O chamamento, também, se dirige aos demais cantores ou músicos, “artistas”, para irem até o povo ao invés de se dirigem aos palcos a busca do cachê ou aos reais das propagandas de jingles de empresas privadas, como um Zeca Pagodinho da vida. (Jingle é uma mensagem publicitária musicada e elaborada com um refrão simples e de curta duração, a fim de ser lembrado com facilidade pelos consumidores, em outras palavras, é uma música feita exclusivamente para um produto ou empresa).


Ao contrario deste papel social, deveriam olhar (não de passagem) e captar os aspectos da vida da “gente” e trazer para o texto “cantado”, passando mensagem que falem de amor, política e dos problemas sociais do povo. Exemplos disso não faltam: Chico Science, Gabriel, O Pensador, G.O.G, Face da Morte, Racionais, Bezerra da Silva, João Nogueira, Martinho da Vila, Seu Jorge, Nei Rosa, Leci Brandão, Nei Lopes, Milton Nascimento, Chico Buarque, Elis Regina, Luis Gonzaga, Gonzaguinha, Olodum, Raul Seixas, Zé Ramalho, Zeca Baleiro, dentro outros.


Portanto, a letra da composição de Carlos Caetano nos trás uma reflexão sobre quem falar ao povo de amor, política e dos problemas sociais. Não obstante, o povo (milhões) que vive inserido nesta ultima realidade, sem eira e beira, vivendo com um salário que mal dá para viver, sem falar daqueles que nem isso possui e que vivem como o resto do mundo cujo sonho é morar numa favela, como diz Gabriel, não deixa de vê que é diferente dos poucos que tem tudo e dos intermediários que tem alguma coisa. Ao se vê como diferente, tem conhecimento de que sua situação é política. A questão fundamental é participarem de ações políticas que envolva o conjunto cada vez maior para fazerem valer seus interesses contra os exploradores de seu suor, que sugam seu sangue, pois, sabem que produz toda a riqueza, que não lhe pertence, apenas migalhas, enquanto que a maior parte vai para o bem estar dos que não têm problemas sociais: os problemas que têm são ocasionados por eles próprios. A classe média, (cujo “habitantes é preciso sumularem semblantes de prazer, transformando a desdita num sorriso”, “Onde vemos um rosto prazenteiro, Ocultando uma dor que o excrucia, e onde vemos também um cavalheiro, Usar terno de linda fantasia, Como o bolso vazio de dinheiro, Pra poder trajar bem, até se obriga, Dar, com jeito, um prega na barriga” - Patativa do Assaré), tem de tomar a posição do povo, seja falando ao mesmo através dos letras das canções, seja através de diferentes canais de dialogo e interação, levando em consideração que ele não é apenas paciente, mas também, agente da história.

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