Pela importância que tem o artigo, o blog o povo na luta faz historia traduziu para o português a versão em espanhol publicado em cuba debate e está disponibilizando junto como o vídeo em inglês que foi exposto no Democracy Now.
Seymour Hersh: Reutilizam contra Irã propaganda que sérvio para preparar a guerra de Iraque.
Enquanto Estados Unidos, Grã-Bretanha e Canada têm previsto anunciar neste momento um conjunto coordenado de sanções contra a indústria de petróleo e petroquímica do Irã, o veterano periodista de investigações Seymour Hersh questiona o crescente consenso sobre o suposto programa iraniano de armas nucleares.
A pressão internacional tem ido aumentando contra Irã desde que a Agencia Internacional de Energia Atômica revelou em um informe das “possíveis dimensões militares” das atividades nucleares do Irã, citando provas “confiáveis” que “indicam que Irã tem levado a cabo atividades relacionadas com o desenvolvimento de um artefato explosivo nuclear”. Em seu último artigo para o blog do The New Yorker, intitulado “Irã e a OIEA” (1), Hersh afirma que o recente informe é um “documento politico”, não um estudo científico.
Amy Goodman: Hoje, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Canada tem previsto anunciar um conjunto coordenado de sanções contra Irã; ABC News e o Wall Street Journal informa que as sanções irão dirigidas contra a indústria do petróleo e petroquímicas do Irã. A semana passada, o presidente Obama advertiu de que não se tem excluído nenhum tipo de opções.
Barack Obama: As sanções terão efeitos drásticos e enorme alcance, e estamos construindo uma plataforma que já tem sido estabelecida. A pergunta é: existem medidas adicionais que podemos tomar? Vamos explorar todas as vias para ver se podemos resolver este assunto diplomaticamente. Tenho dito muitas vezes, e o confirmo hoje, que não estamos excluindo nenhuma opção.
Amy Goodman: A pressão internacional sobre Irã tem ido aumentando desde que o Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA) revelou em um informe – citou textualmente – “as possíveis dimensões militares” de suas atividades nucleares. A OIEA disse que havia provas “confiáveis” e indicou [que] “Irã tem levado a cabo atividades relacionadas com o desenvolvimento de um dispositivo nuclear explosivo”. Além disso, a OIEA aprovou uma resolução na ultima sexta-feira, expressando sua “crescente preocupação” pelo programa nuclear do Irã de acordo com as conclusões do informe.
O presidente do Parlamento do Irã, Alí Larijani, anunciou ontem que Irã revisará relações com a OIEA como consequência do informe. Larijani indicou que podia resultar difícil para Irã seguir cooperando com o organismo de controle nuclear.
Alí Larijani: Si este organismo atua no marco da Carta o aceitamos, como membro das Nações Unidas, e cumpriremos com nossas responsabilidades. Porém, se a agencia pretender desviar-se de suas responsabilidades, então não deve esperar cooperação da outra parte.
Amy Goodman: Palavras do presidente do Parlamento iraniano. Entretanto, alguns iranianos tem expressado o desejo de uma maior cooperação com a OIEA.
Saíd Bahrami: Tendo em conta o fato de que o governo tem feito uma série de esclarecimentos, que seria melhor aumentar sua cooperação com OIEA e que este veja por si mesmo, de perto; de modo que que não havia pretexto para as grandes potencias.
Amy Goodman: A semana passada, o Pentágono confirmou que tem recebido novas bombas anti-búnker – bunker-busting bombs – de alto poder de destruição, capazes de destruir locais subterrâneos, incluídas as instalações nucleares de Irã. Estas bombas, de cerca de quinze toneladas, tem seis vezes o tamanho do atual arsenal anti-búnker da Força Aérea.
As novas sanções contra Irã são também uma continuação das denuncias estadunidenses do mês passado, no sentido de que funcionários iranianos estiveram envolvidos no frustrado complô para matar ao embaixador saudita em Washington. EUA tem previsto anunciar hoje que o setor financeiro do Irã constitui uma “preocupação de primeira ordem em matéria de lavagem de dinheiro”. Esta frase desencadeia uma disposição da USA Patriot Act que adverte empresas europeias, asiáticas e latino-americanas, que se poderia impedi-las de fazer negócios com Estados Unidos se continuarem trabalhando com Irã.
Assim pois, para falar mais sobre as sanções e as implicações do informe da OIEA, nós vamos a Washington, DC, para falar com o periodista de investigação, ganhador do Premio Pulitzer, Seymour Hersh, que tem estado informado sobre Irã desde quase uma década. Seu último trabalho para o blog do The New Yorker se titula “Irã e a OIEA” e se pode ler neste link (1).
Bem vindo a Democracy Now!, senhor Hersh. Falemos do que você considera que deveria se saber sobre o que está se passando no Irã neste momento no que diz respeito ao setor da energia nuclear.
Seymour Hersh: Bom, você tem mencionado Iraque. É precisamente isto, quase o mesmo tipo de... não sei se chamo-o de “psicoses”, porém, é uma espécie de mundo da fantasia que se está construindo ali, como se construiu no Iraque, o mesmo tipo de... se trata de lições não aprendidas, obviamente. Olhe, tenho estado escrevendo sobre Irã e poderia dize-lhe que desde 2004, com George Bush, e em particular com seu vice-presidente, Cheney, estávamos...
Cheney estava particularmente preocupado que houvesse centros secretos de construção de uma arma atómica, o que é muito diferente do simples enriquecimento. Temos enriquecimento de uranio no Irã. Eles mesmos os tem reconhecido, têm inspetores ali, há câmaras ali, etc. Irã é um país signatário do Tratado de Não Proliferação e ninguém os está acusando de fazer trapaça. De fato, esse último informe que tanto tem comovido a todos diz também que, uma vez mais, não têm encontrado nenhuma evidencia de que Irã esteja desviando o uranio que está enriquecendo. E também que o esta enriquecendo basicamente porcentagem enriquecida a 20 por cento para uso médico, porém, isso é basicamente pequeno e também esta sob as câmaras, sob inserções.
O que temos é que naqueles dias, nos anos de 2004, 2005, 2006, 2007, até o final de seu mandato, Cheney manteve seu comando conjunto de operações especiais (Joint Special Operations Command – JSOC) que envia equipes ao interior do Irã. Trabalham com diferentes grupos da dissidência – azeris, curdos, inclusive jundallah, que é um grupo sunita de operações muito fanático – e fazem todo o possível para tratar de encontrar provas de uma instalação subterrânea não declarada. Monitoramos tudo, exercemos uma vigilância incrível. Naqueles dias, o que fizemos então, podemos melhora-lo hoje em dia. E algumas destas coisas são muito técnicas, muito secretas, porém, te posso assegurar que não há muitas coisas que possa fazer-se nestes momentos no Irã sem que nos inteiremos de alguma prova de que haja instalações para construir a bomba, Têm instalações para enriquecimento, porém, não instalações separadas para construir uma bomba. Isto é simplesmente um fato. Não a temos encontrado, se é que exista. Seguem sendo uma fantasia. Todavia, queremos pensar – muita gente pensa nisto – que exista.
A grande mudança, nas últimas semanas, foi que a OIEA saiu com um novo informe. E não é um informe cientifico, é um documento politico. Reúne muitas das velhas acusações é o se tem feito nos últimos anos, acusações que foram examinadas pela OIEA, sob a direção de Mohamed El-Baradei, que dirigiu a OIEA durante 12 anos, o egípcio que ganhou um Premio Nobel da Paz por seu trabalho, alguém muito cético a respeito do Irã a principio e que foi tornando-se menos cético à medida que Irã se foi abrindo mais e mais. Não obstante, a OIEA tem agora novo diretor, um funcionário japonês chamado Amano, pertencente a um partido japonês de direita. Estou seguro de que é um homem honrado, que acredita no que ele diz que acredita. Porém, resulta que temos uma serie de documentos que Wikileaks conseguiu da embaixada estadunidense em Viena, uma das embaixadas em Viena, informando como era maravilhoso que Amano estivesse ali. Isto é do último ano. Estes documentos foram publicados pelo grupo de Julian Assange e são muito importantes, porque o que dizem os documentos é que Amano tem prometido lealdade aos Estados Unidos. Tenho entendido que foi eleito sendo um candidato marginal. Os estadunidenses o apoiaram muito. Ele levou sei votos. Todo o mundo o considerava débil, porém, nos seguimos apoiando sua candidatura ao posto. E conseguimos que o pusessem ali. Ele respondeu dando as boas vindas e afirmando que compartilha de nossos pontos de vistas sobre Irã. Ele vai a fazer... basicamente... era toda uma expressão de amor. Ele vai fazer o que nos queremos.
Este novo informe não diz nada novo. Não só eu que digo isso. Está no artigo que fiz para o blog do New Yorker... tem mais informações. Falei com ex-inspetores. São vozes distintas das que se leem no New York Times e Washington Post. Há outras pessoas que não são registradas, que são muito mais céticas sobre este informe, porém que não os vemos na cobertura da noticia. Assim, o que estamos recebendo, aqui na imprensa diária majoritária, é uma pequena porção de analises deste informe. Há uma analise completamente diferente, que se resume nestas palavras: muito pouco de novo.
E a forma em que funcionam estas coisas, Amy, é também velha. Um informe que aparece em um periódico de Londres, que resultou ser falso, que resulta ser propaganda, lançado por nós ou por serviços secretos europeus, não está claro... Tudo isto sucedeu, se recordarmos bem, com a historia de Ahmed Chalabi, durante a preparação para a guerra do Iraque, tudo isto, já sabes, os grandes arsenais que existiam no interior do Iraque. O mesmo tipo de propaganda que se está utilizando agora se tem visto nos últimos anos, na última década, em vários periódicos. A OIEA lê estas coisas e decide que não é verdade... que é uma montagem, o que ao menos não está fundamentado em nada que eles conheçam. Todos estes informes antigos, creio que com a exceção de um novo estudo que foi posto publicamente pela OIEA... havia provavelmente 30 ou 40 documentos antigos, com apenas três posteriores a 2008, todos os quais são, segundo muitas pessoas dentro da OIEA, montagem que não merece quase nenhuma confiança. Então lá estamos nós.
Amy Goodmam: Então que, Hersh, nos diz você que não é informação nova. Que se trata de um novo chefe da OIEA, que é o que faz a diferença. Pode nos falar mais sobre a infiltração dos EUA no Irã, do JSOC no Irã, da vigilância sobre Irã?
Seymour Hersh: Claro. Que dizer, o tipo de coisas que faziam. Poderia-te dizer coisas que eram secretas oito, nove anos atrás. Por exemplo, se havia uma escavação subterrânea que pensávamos que era... na que víamos movimento de escavação, digamos, em uma zona de montanha, nós nos colocávamos em caminho, quando havia caminhões subindo e descendo a estrada, nos colocávamos ao longo da estrada o que apresentava ser pedras. De fato, eram sensores que podiam medir o peso dos caminhões que entravam e saiam. Se um caminhão entrava vazio e saia com carga se poderia supor que estava saindo com terra, que estava escavando. Fazíamos este tipo de controle.
Também colocávamos todo tipo de contadores passivos, de mediadores de radioatividade. Uranio, inclusive plutônio... a maior parte do material que manejam são uranio enriquecido. Não estavam fabricando plutônio. No entanto, se pode seguir o rastro porque em um momento dado há que move-se uma vez fora e começado a transportar, se pode rastrear. É fácil encontrar contadores Geiger, se você quiser usar este termo passado de moda. Pode-se medir a radioatividade e vê se tem aumentado. Nestas ocasiões, entravamos em um edifício – nossas tropas quero dizer, às vezes até mesmo americanos – um edifício em Teerã, donde se pensava que havia algo suspeitoso em marcha, organizávamos um tumulto nas ruas, enquanto traçávamos alguns tijolos e colocávamos outros com um contador Geiger, se quiser, ou um dispositivo de mediação para vê se neste edifício estavam fazendo alguma tipo de enriquecimento que não conhecíamos.
E também temos uma capacidade incrível de buscar aberturas de ventilação do ar, desde os satélites. Se você está construindo uma instalação subterrânea, tem que ventilar. Tem que conseguir que entre ar limpo. Que se elimine o ar contaminado e que entre ar fresco. Então, nós temos rapazes que são expertos, gente tremendamente incorporada na comunidade. Alguns deles se retiram e criaram uma empresa privada para levar a cabo esta missão. Eles monitoram a vigilância aérea em busca de aberturas de ventilação a fim de encontrar um padrão, de uma instalação subterrânea. Nada. Não se encontrou nada.
E o mais importante é que nós e a OIEA, incluindo também este novo informe, afirmam que – permita-me fazer enfatizar isto – não se está desviando uranio, se não está desaparecendo uranio dos livros e se está transportando-os as escondidas a outro lugar a fim de construir a bomba – e neste sentido a OIEA é absolutamente categórica – tudo o que estão enriquecendo, qualquer que seja a porcentagem do enriquecimento, está sob a vigilância das câmaras e a inspeção dos inspetores. Tudo esta aberto, em virtude do Tratado, o tratado de salvaguarda. Ninguém está acusando a Irã de violar o Tratado. Apenas os acusa de fazer fraude a margem, ou de que há alguma prova de que as estão fazendo. E não tem existido evidencia de um desvio. Então, se você vai fazer uma bomba, vai ter que trazer o uranio de outro lugar. E tendo em conta o tipo de vigilância que temos, isto vai ser difícil de conseguir importa-lo de um terceiro país, trazer o uranio e enriquece-lo ou trazer uranio enriquecido. É só uma possibilidade remota.
E o que temos é, como já tenho dito, uma espécie de histeria, a mesma que havia sobre Iraque, que volta sobre Irã. E isto não é um apelo em favor do Irã. Há varias coisas que os iranianos fazem e que são inaceitáveis, a maneira em que tratam a dissidência, etc., etc. Então, só estou falando no contexto da tagarelice que se está montando. E enquanto se relata as sanções, desculpem porem temos estado sancionado a Cuba durante 60 anos, e Castro... já sabes, pode ser que esteja enfermo, todavia está ali. As sanções não vão dá resultado. Estamos diante de um país que produz petróleo e gás, cada vez menos, porém segue fazendo muito. E tem cliente no Extremo Oriente. Os iranianos têm compradores de suas energias. Nós somos os perdedores neste assunto.
Amy Goodman: Podemos comparar o governo de Obama com o de Bush no que diz respeito a Irã?
Seymour Hersh: Não pode encontrar uma comparação. O mesmo, um pouco menos belicoso, porém, o mesmo... tenho razões para acreditar que, a diferença de Bush, o presidente Obama está realmente preocupado por um ataque. Não quer que os israelenses bombardeiem o Irã. Esse é o tipo de discurso que temo estado lendo na imprensa ultimamente.
E há novos dispositivos, como você mencionou, bombas de 14.000 kg, construídas pela Boeing, creio. O problema é que a maioria das instalações de Irã, as que conhecemos, as instalações declaradas para ser inspecionadas com câmaras, um lugar chamado Natanz, estão a 20 ou 25 metros abaixo da terra. E teríamos que lançar um monte de bombas para fazer algum dano de consideração. Claro que poderíamos danifica-lo, porém o custo a nível internacional seria tremendo. A justificativa para ir e bombardear é tão vaga e tão mínima. Se tem feito estudos, estudos técnicos do MIT e outros lugares, que mostram que o governo israelenses também tem participado com seus científicos nestes estudos, que mostram que seria muito difícil fazer um dano significativo dada a profundidade das instalações subterrâneas. Mas se segue ouvindo falar destes assuntos.
Ademais, olha, este presidente não tem dito nada acerca do que está acontecendo de novo em Tahrir Square. Estamos mudos. Tem estado mudo diante deste tipo de belicosidade. Porém, minha opinião, a partir de informações internas, ele compreende melhor estes assuntos. Creio que o que há agora é um jogo politico para faze-lo aparecer como um duro. Já sabemos, todo o mundo vai atrás do voto independente. Não sei por quê. Não sei por que é tão importante ir atrás de pessoas que não podem decidir se são democratas ou republicanas, porém, pareceria que estamos jogando para isso.
Amy Goodman: Bom, passemos para a resposta de Israel ao informe da OIEA. Ontem o ministro de Defesa israelense, Ehud Barak, disse em uma entrevista na CNN que tem chegado o momento para lidar com Irã. Quando lhe perguntaram concretamente se Israel atacaria a Irã, respondeu assim:
Ehud Barak: Não creio que seja um tema de debate público. Porém posso te dizer que o informe da OIEA tem tido um impacto preocupante em muitas partes do mundo, nos lideres e na opinião pública. E a gente entende que tem chegado o momento. Amano revelou sem rodeos o que encontrou, diferente de Baradei. E se tem convertido num problema importante, que creio que se tem convertido, corretamente, em um motivo importante de sanções, de intensa atividade diplomática, com caráter de urgência. A gente entende agora que irã esta decidido a conseguir armas nucleares. Não há outra explicação possível ou concebível para o que esta fazendo. E é preciso pará-lo.
Amy Goodman: Eis aqui o ministro de Defesa Israelense, Ehud Barak. Sua resposta?
Seymour Hersh: Bom, o que me deixa nervoso é que Barak e Bibi, Bibi Netanyahu, estejam de acordo nisto. Eles estão sempre de acordo em muitas coisas. Ambos estão de acordo, e isto é preocupante porque, de novo, é um tema politico. O país está direitizando rapidamente; Israel, claro. E eu só posso dizer que também tenho falado, infelizmente, de que as regras do jogo estão tão mal em Israel. Não, eu não posso escrever, porém, tenho falado com gente de muito alto nível dos serviços de inteligência de Israel. Se você notar, não se ouve muito sobre isso, mas o ex-chefe da Mossad, Meir Dagan, que deixou seu posto – o homem que orquestrou os planos de assassinato de Dubai, etc., quer dizer, não exatamente uma bomba – te afirmado com toda veemência a loucura que significa atacar Irã, com o argumento de que não está claro que tem. Estão sem duvida muito longe da bomba. Israel tem estado dizendo faz 20 anos que estão a seis meses de fabricar uma bomba.
Todavia, posso-te dizer que, tenho falado com altos funcionários israelenses, em Israel, que me tem dito que estão cientes de que Irã, tal como informaram os serviços de inteligência estadunidenses, creio que foi em 2007, em seu informe National Intelligence Estimate (Estimação de inteligência Nacional – NIE) disse, em essência, que Irã pretendeu conseguir a uma bomba. Irã sofreu uma guerra de oito anos com Iraque, uma guerra terrível, de 1980 a 1988, na qual, por certo, Estados Unidos se passou para o lado do Iraque, de Saddam Hussein neste momento. Então Irã nos anos seguintes, começou a preocupa-se pelos rumos lançados por Iraque sobre a construção de uma arma nuclear, o que parece viável neste momento, digamos em 1987; mas, de 1997 a 2003, nada de nada, segundo afirmou a NIE estadunidense em 2011. Escrevi sobre ele faz um ano no The New Yorker, afirmando que sim, que Irã contemplou a fabricação de uma bomba, não obstante, de nenhuma maneira – sabiam que podiam – como um impedimento diante dos Estados Unidos ou Israel. Não são tontos. A sociedade persa tem já ao redor de vinte séculos. Não podem-nos dissuadir. Temos demasiadas bombas. Eles pensam que poderiam deter o Iraque. Depois de nossa invasão e ocupação do Iraque em 2003 se detiveram. Então, haviam feito alguns estudos. Estamos falando de modelos de computador, etc., não de edifícios. Sem duvida guardaram a ideia de conseguir uma bomba ou chegar ao ponto onde poderiam fabricar uma. O fizeram, porém pararam em 2003.
Até agora é o consenso americano. E os israelenses te dirão em particular, “sim, estamos de acordo”. Abandonaram a maior parte de seu planejamento, inclusive seus estudos, em 2003. A posição israelense é que não pararam porque viram o que fizeram no Iraque, mas que – segundo me disse um general israelense – o pouco que nos levou a destruir Iraque. E ademais, se você perguntar a gente seria israelenses inteligentes dos serviços secretos – e existem muitos – “de verdade você acreditam que se consegue a bomba e que ninguém hoje poderia atacar Tel Aviv?”, a resposta seria “acreditamos que estão locos? Os incineraríamos. Claro que não. Eles levam ai 2000 anos. Isso não vai a suceder”. Seu temor é que os facilitasse a bomba a alguém mais, etc.
Porém, há um elemento de racionalidade da comunidade de inteligência israelense que não está sendo expressado por seus dirigentes políticos. É a mesma loucura que temos aqui. Há um elemento de racionalidade em nossa comunidade de inteligência que disse – em 2007 e o tem dito de novo no ano passado - que não têm a bomba. Não a estão fabricando. Está na NIE, dezesseis agencias estão de acordo, dezesseis a zero em uma votação interna; diante disso, fizeram uma atualização no ano de 2011 do estudo de 2007 e chegaram ao mesmo lugar. Não há nada. Isso não quer dizer que não tenham sonhos. Isto não significa que os cientistas não façam estudos informatizados. Isto não quer dizer que os físicos da Universidade de Teerã não façam o que os físicos gostam de fazer, escrever artigos e fazer estudos. Porém, simplesmente não há evidencia de nenhuma esfera sistemática para passar do enriquecimento de uranio a fabricação de uma bomba. É um processo enorme, difícil. Você tem que tomar um gás muito quente e converte-lo em metal e em seguida fazer dele um núcleo. E você tem que faze isso por controle remoto, já que não existe maneira de se aproximar deste material. Te mataria. Este é radioativo.
Olha, eu sou uma voz solitária. E sabes até que ponto é cuidadoso The New Yorker com o que pública, inclusive com a publicação de um Blog. Esse artigo foi comprovado e voltou a comprovar. E cito a pessoas concretas, por exemplo, a Joe Cirincione, um estadunidense que tem estado envolvido em questões de desarmamento durante muitos anos. São vozes diferentes das que estamos lendo nos periódicos. Às vezes me ofende ter que ler sempre as mesmas vozes no New York Times e Washington Post. Não lemos a pessoas com pontos de vistas deferentes. E existem, não apenas dentro da comunidade de inteligência estadunidense senão também dentro da OIEA em Viena. Existem muitas pessoas que não podem suportar o que Amaro esta fazendo, e... Basicamente, recebo correios eletrônicos, como loco, gente do interior que me disse: “Assim se faz!”. Estou falando de dentro da OIEA. É uma organização que não tem trato com a imprensa, porém que no interior estão muito preocupados pela direção que Amaro esta tomando.
Não é um estudo cientifico, Amy. É um documento politico. E é um documento politico no que Amaro esta jugando nosso jogo. E é o mesmo jogo que os israelenses estão utilizando, como os contrários a Irã. E gostaria que pudesse separar nossos sentimentos acerca do Irã e os mulas e os que ocorreram com os estudantes a partir de 1979 de realidade, que é o que acredito que tem uma possibilidade muito seria de que os iranianos seguramente nos dariam o tipo de inspeções que queremos, em troca de um pouco de carinho: por fim as sanções e oferecer um respeito que eles insistem em querem obter de nós. E não está sucedendo com este governo.
Amy Goodman: Seymour Hersh, quero dá-lhes obrigado por estar com conosco. Seu último trabalho está no blog de The New Yorker. Se intitula: “Iran and the iaea” (Irã e a OIEA).
Nota:
(1) http://www.newyorker.com/online/blogs/comment/2011/11/iran-and-the-iaea.html?mbid=gnep
Fontes:
I – Cuba Debate:
II – Democracy Now
http://www.democracynow.org/2011/11/21/seymour_hersh_propaganda_used_ahead_of
Tradução:
Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz historia).
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