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sábado, 14 de janeiro de 2012

O longo caminho para o fim da guerra civil em El Salvador

Na próxima segunda-feira se completa 20 anos da assinatura dos Acordos de Paz em El Salvador, ponto final de uma guerra civil que provocou 75.000 mortos e 8000 desaparecidos, em um emblemático aniversário que encontra a então insurgente Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) instalado como governo legitimo.

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Os acordos que se assinaram em 16 de janeiro de 1992 no Palácio de Chapultepec, no México, deram por terminado a confrontação bélica entre a FMLN e as forças regulares que durou 12 anos, e que foi o trágico resultado de uma crise política que se arrastava desde a década dos anos 70.

O presidente Mauricio Funes, que ganhou as eleições de 15 de março de 2009 como candidato extrapartidário da Esquerdista FMLN, encabeçará nesta segunda-feira o ato oficial de comemoração da assinatura dos Acordos de Chapultepec, em Mozote, província de Morazán, e pedirá perdão em nome do Estado pelo massacre que houve ali em dezembro de 1981, no qual morreram quase 1.000 camponeses.

A confrontação entre a violência do governo militar de Carlos Humberto Romero e a oposição de Esquerda já era insustentável quando em 24 de março de 1980 assassinaram ao arcebispo de São Salvador, Arnulfo Romero, defensor dos direitos humanos e seguidor da linha pastoral que reivindicava “a opção pelos pobres”. A partir desse momento foi uma guerra civil aberta.

Nessa guerra houve componentes externos. Os Estados Unidos foi um aliado dos governos de direita e militar que se vinham sucedendo ao longo do século XX e treinou a seus militares em centros como a Escola das Américas. Uma vez desatado o conflito aportou armamentos, logica e uma forte pressão internacional.

A FMLN, entretanto, contava com o respaldo de governos como Cuba e Nicarágua, onde acabava de impor-se a revolução sandinista.  

A guerra terminou logo depois de um processo de dialogo de três anos entre as partes, com a assinatura de um acordo de paz que permitiu à desmobilização da guerrilha e sua incorporação à vida política do país.

Enquanto nos primeiros encontros de dialogo, em 1989, não se conseguia nenhum acordo concreto, se colocou sobre a mesa a possibilidade de uma solução negociada para o conflito.

Em junho de 1989, o governo do presidente Alfredo Cristiani convocou a uma reunião de diálogo que se realizou em 15 de setembro desse ano na Ciudad de México. Ali se acordou a solicitude conjunta de mediação dirigida ao Secretario General das Nações Unidas, Javier Perez de Cuéllar.  

Em 11 de novembro de 1989, a FMLN lançou uma ofensiva geral, chamada “ofensiva até o topo”, para demonstra sua força militar, que foi contida pela Força Armada que, no entanto, sofreu grande quantidade de baixas.

Depois desta batalha, muitos analistas consideram demostrada a impossibilidade da vitória militar de qualquer das duas partes em contenda.

Com este quadro, em 4 de abril de 1990, se firmaram em Genebra, Suíça, os objetivos da negociação: terminar o conflito armado pela via política; promover a democratização do país; garantir o irrestrito respeito aos direitos humanos e reunificar a sociedade salvadorenha.  

Em 26 de julho de 1990 se assinou o Acordo de San José, em Costa Rica, o qual estabeleceu um compromisso para respeitar os Direitos Humanos de ambas as partes, pondo fim às práticas como os assassinatos seletivos e ao desaparecimento forçado de pessoas.

Depois dessa jornada se deu uma condição sem precedente no que foi aquele conflito: pela primeira vez o governo flexibilizava-se a mudar a constituição em áreas da finalização da guerra e a FMLN aceitou, por fim a vigência da Constituição.  

Em 31 de dezembro de 1991 se definiu a data para a assinatura da paz e se fez publicar a notícia; em 13 de janeiro de 1992 acabaram de assinar os últimos detalhes prévios para a solução definitiva do conflito e três dias mais tarde foi assinou no Castelo de Chapultepec o texto completo dos acordos, em um ato solene com a presença de Chefes de Estados amigos, assim como, das delegações oficiais de negociação.

O texto dos acordos de paz está dividido nos 9 capítulos onde se estabelece uma série de medidas que ambas as partes devem realizar para alcançar a paz assinada e duradoura em El Salvador.  

No plano político, as medidas adotadas buscaram garantir aos dirigentes da FMLN e a seus integrantes o pleno exercício de seus direitos civis e políticos dentro de um marco de absoluta legalidade, mediante sua incorporação a vida civil, politica e institucional do país.

A FMLN se comprometeu a desmobilizar suas forças guerrilheiras e o governo a aprovar a legislação necessária para que a FMLN se transformasse em um partido politico legal e pudesse participar das eleições gerais de 1994.

O cessar definitivo dos combates se deu em 1 de fevereiro de 1992.

Desde a entrada do governo do presidente Mauricio Funes, El Salvador tem dado maior realce para que a data histórica de 16 de janeiro seja celebrada a nível nacional, o que antes não ocorria.

“Em 16 de janeiro de 2012 estaremos celebrando o acontecimento mais importante da história recente de nosso país e, como governo, queremos fazê-lo recordando que a construção da paz em El Salvador seja um processo de todos os dias”, sentenciou Funes.

Em 16 de janeiro haverá duas atividades públicas, e em uma delas, em El Mozote, Funes terá importantes anúncios em matéria de direitos humanos.  

Fonte:


Tradução:

Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

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