segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Drones e a nova política bélica estadunidense
Por Havana (Prensa Latina)
O secretário de Defesa estadunidense, Leon Panetta,
anunciou recentemente que o governo do presidente Barack Obama expandirá sua
rede global de aviões sem pilotos, conhecidos como drones ou Unmanned Combat
Aerial Vehicle (UCAV) com capacidade de portar armas letais.
Esta política é parte dos planos de corte d as
forças convencionais como consequência do desequilíbrio fiscal que afeta a
economia estadunidense nos últimos anos, comentou a esse respeito o jornal
diário The Wall Street Journal.
Nos próximos cinco anos os Estados Unidos reduzirão
em 92 mil o número de efetivos militares e aplicarão cortes milionários em seu
orçamento, disse o chefe do Pentágono.
O país contará com menos soldados, que diminuirão
de 562 mil, na atualidade, a 490 mil, ao mesmo tempo em que os infantes de
marinha, também diminuirão de 202 mil a 182 mil, pontualizou.
O plano cujo orçamento será divulgado neste mês,
contempla um incremento de 30 por cento da frota estadunidense de drones, segundo
funcionários citados pelo Washington Post, em uma tentativa, talvez, de
compensar tais reduções de efetivos.
O jornal esclareceu que nos planos do Pentágono
está contemplado a mobilização destes aparelhos em bases em todo o mundo para
operar em missões contra outras nações em uma "guerra remota",
explicam especialistas.
Fontes do setor assinalam que mais de 30 bilhões de
dólares serão orçados nos próximos 5 anos para a aquisição de aviões não
tripulados, cinco bilhões durante 2012, para ampliar a compra dos aparelhos que
patrulham o mundo em missões de espionagem e de combate.
Paquistão, Iêmen, Iraque, Afeganistão, Venezuela,
México, Colômbia, Palestina, Somália, Líbia, Síria, Líbano e Turquia, entre
outros estados, foram vítimas de incursões de espionagem ou de ataques.
A utilização desta tecnologia que remonta ao século
anterior, obteve grande publicidade durante a ocupação estadunidense do
Afeganistão na suposta caçada de Osama bin Laden e dos principais líderes da Al
Qaeda.
No entanto, as ações mais notórias ocorreram no
Paquistão, onde seu uso custou a vida de centenas de civis que o Pentágono
qualifica eufemisticamente como "vítimas colaterais".
Segundo o site da internet lapistaoculta.com a CIA
viola o espaço aéreo de países da América, Ásia e África a cada vez com uma
freqüência maior.
Enquanto o programa militar do uso de drones sobre
o Afeganistão e Iraque é supervisionado pelo Pentágono, a CIA dirige as
operações em países onde não há uma guerra declarada quando considera
necessário, agregou. Deste programa encoberto, Obama manteve no cargo todo o
pessoal chave que tinha disposto George W. Bush quando assinou o memorando
secreto que deu à CIA a autorização para assassinar membros da Al Qaeda e
aliados em qualquer parte do globo, referendado pelo Congresso, indica o site.
Na atualidade, Israel é o principal exportador de
drones, mas Washington almeja atingir a ponta.
Por exemplo, quando Bush lançou sua chamada
política de guerra contra o terrorismo, o país contava com apenas 50 aparelhos
deste tipo e na atualidade sua frota se acerca aos sete mil, assinalam
analistas militares.
A General Atomics Aeronautical System, fabricante
do Predator e do Reaper, une-se hoje ao Northrop Grunmann, para repartirem
contratos de cerca de 25 bilhões de dólares.
Outras empresas como Lockheed Martin e General
Dynamics (GD) competem também por esse mercado e esta última empresa tem em
Fort Huachuca, no Arizona, o maior centro de treinamentos de drones do mundo.
Segundo fontes militares existem pistas de
decolagem em Guam, Turquia, Etiópia, Colômbia, Coreia do Sul ou Quirguistão,
entre outros países, e os voos são dirigidos desde a Base Aérea Beale na
Califórnia; Wright-Patterson em Ohio; Grand Forks em Dakota do Norte; ou em
Nevada e no Texas.
Não por gosto, nos últimos cinco anos, os drones se
converteram na menina dos olhos da CIA e inclusive foram protagonistas no Iêmen
do assassinato de cidadãos estadunidenses, supostamente terroristas.
Por outra parte, o anúncio de que os Estados Unidos
expandirá sua rede global de aviões sem piloto é uma ratificação de que a
política bélica deste país se considera acima das leis internacionais, avaliam
comentaristas políticos.
Um simples análise do Protocolo Adicional I da
Convenção de Genebra de 1949 assinala em seu artigo 51 que "a população
civil não será objeto de ataques" como os executados contra o Paquistão.
Da mesma forma, o artigo 50 declara que "a
presença entre a população civil de indivíduos que não estão incluídos nessa
definição não tira à população seu caráter de civil" e o 53 condena
qualquer hostilidade contra "lugares de adoração que façam parte da
herança cultural ou espiritual da população".
Tudo isto foi violentado, por exemplo, em um
massacre ocorrido contra os que participavam do funeral no qual, suspeitavam,
participaria um líder talibã, atacado por drones.
O próprio código legal estadunidense em seu
Capítulo 18, seção 2331, define como terrorismo internacional as atividades
violentas, ou atos que coloquem em perigo a vida com a intenção de intimidar ou
coagir a população civil, influenciar com estes atos um governo e/ou afetar os
governos mediante a destruição em massa, assassinatos e sequestros.
Esta é uma definição que se encaixa perfeitamente
para identificar a guerra encoberta dos drones e que os próprios estadunidenses
ignoram.
O uso desta tecnologia não leva em conta que essas
leis culpam os indivíduos que planejem, ordenem ou cometam ataques deliberados
ou irresponsáveis, falhando em distinguir entre a população civil e os
combatentes, e são responsáveis por crimes de guerra.
Jornalista da Redação Norte-americana da Prensa
Latina.
Modificado el ( sábado, 11 de febrero de 2012 )
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Escrevo também sobre esse assunto no meu bloguinho: salafehrio.blogspot.com.br
ResponderExcluirO desrespeito total ao direito à vida e à incolumidade de populações civis é flagrante! As Convenções de Genebra são rasgadas a cada ataque. Agora não precisa mais declarar guerra e respeitar as populações: ataca-se primeiro e depois contam-se os mortos. No fim, emite-se uma notinha dizendo que se lamenta a morte de civis mas que foi um mal necessário - ou um 'acidente' (no mínimo seria uma culpa eventual, já que sabem que os erros ocorrem com frequencia e que é impossível jogar bombas em cidades e aldeias sem matar inocentes).