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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Tudo o que brilha é.... petróleo

Por: Pepe Escobar

Em seu discurso sobre o estado da União, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama disse: "que não exista dúvida: os Estados Unidos estão decididos a impedir que o Irã consiga uma bomba nuclear. Não retirarei nenhuma opção da mesa para conseguir esse objetivo".

No mundo real, isto significa que Washington está disposto a ir à guerra - a guerra econômica já começou - contra um país signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e que não pretende obter armas nucleares, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica e o último Estudo Nacional de Inteligência dos Estados Unidos.

Obama também disse: "O regime [de Teerã] está mais isolado do que nunca; seus dirigentes enfrentam sanções devastadoras, e enquanto evadirem às suas responsabilidade, esta pressão não cessará".

"Isolado"? Não extamente; veja "O mito de um Irã isolado", (Rebelión, 20 de janeiro de 2012). E aqueles submetidos a sanções devastadoras não são dirigentes iranianos. A maioria dos 78 milhões de iranianos empobrecidos pagará a conta.

Em uma declaração anterior, Obama "aplaudiu" a decisão da União Europeia de impor seu próprio embargo ao petróleo iraniano e acrescentou: "Essas sanções demonstram, mais uma vez, a unidade da comunidade internacional".

Portanto, falemos dessa "unidade da comunidade internacional" que inclui os Estados Unidos, os países da OTAN, Israel e o CCG (Conselho de Cooperação do Golfo); o resto do mundo é só um espelhismo.

Uni-vos ao programa do petróleo por ouro

Os membros do BRICS, Índia e China, compram juntos pelo menos 40% das exportações de petróleo do Irã, aproximadamente um milhão de barris diários. Isso representa 12% das necessidades de petróleo da Índia. Quanto à China, no ano passado, comprou 30% a mais de petróleo do que em 2010. Em média 557 mil barris por dia.

A verdadeira "comunidade internacional" está consciente agora de que a Índia começará a pagar o petróleo iraniano em ouro, e não só em rúpias, através do banco estatal indiano UCO e o banco estatal turco Halk Bankasi. Pequim, que já comercializa com o Irã em iuanes, também poderia recorrer ao ouro. É demais dizer que Nova Délhi e Pequim são grandes produtores de ouro e donos de ativos em ouro.

Falemos agora do Ano do Dragão que começa de maneira explosiva. E falemos do padrão ouro do novo Ano do Dragão.

Todos lembram do programa fracassado de "Petróleo por Alimentos" das Nações Unidas, que matou de fome os iraquianos, anos antes da invasão/ocupação dos Estados Unidos em 2003. Os iraquianos comuns pagaram o terrível preço das sanções da ONU e dos Estados Unidos, e "Petróleo por Alimentos" só beneficiou o regime de Sadam Hussein.

Hoje em dia é um negócio muito mais sério: o programa de "petróleo por ouro", uma iniciativa do BRICS e do Irã que beneficiará os dirigentes islâmicos e talvez alivie os efeitos das sanções para a população iraniana. As consequências globais: aumento do preço do dólar, diminuição do petrodólar e os comerciantes do petróleo abrindo um montão de garrafas de Moet.

Outro membro do BRICS, a Rússia, já comercializa com o Irã em riais e rublos. E um candidato a membro do BRICS, a Turquia - que também é membro da OTAN - não participará das sanções dos Estados Unidos e da União Europeia, a menos que sejam impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (impossível, porque os membros permanentes Rússia e China vetaram).

Em dois meses, com certeza, o primeiro-ministro Vladimir Putin, que enfurece e aterroriza Washington e Bruxelas a níveis de "Conde Drácula", voltará a ser presidente da Rússia. Será quando os mascotes atlantistas se enfrentarão a um verdadeiro jogo implacável.

Enquanto isso, Teerã jamais cederá às sanções ocidentais, muito menos com os múltiplos mecanismos laterais e ocultos que possui para vender seu petróleo, que envolvem três membros do BRICS e os aliados dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, que acabarão obtendo isenções do governo de Obama.

Como isto nunca teve relação com uma bomba nuclear inexistente, os dirigentes de Teerã só devem seguir um parâmetro estratégico supremo: não se deixar enganar por nenhuma provocação nem por operações de bandeira falsa que alimentem o casus belli de um ataque do eixo de guerra dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Israel.

E tudo isto enquanto as tendências no - obscuro - horizonte levam ao que poderia ser apelidado de "Zona Asiática de Exclusão do Dólar", que para muitas mentes agudas do mundo em desenvolvimento poderia abrir caminho a uma moeda apoiada pela energia utilizada pelos BRICS e o Grupo de 77 (G-77) para contra-arrestar o cada vez mais desesperado - e descuidado - Ocidente atlantista.

Voltando ao desfile de mascotes europeus, basta examinar a declaração conjunta emitida por essas monstruosas mediocridades: o premiê britânico David Cameron, a chanceler alemã Angela Merkel e o neonapoleônico "libertador da Líbia", o presidente francês Nicolás Sarkozy.

O trio disse: "Não temos nada contra o povo iraniano". Os iraquianos escutaram exatamente a mesma coisa de outro grupo de mediocridades em 2002 e 2003. Depois, o país foi invadido, ocupado e destruído.

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