sábado, 3 de março de 2012
Diálogo pacífico na Síria, bandeira de Kofi Annan
Focado em buscar um diálogo pacífico rápido e em
abrir o acesso da ajuda humanitária ao interior da Síria, o ganês Kofi Annan
empreendeu a tarefa de tratar de pôr fim ao conflito que enfrenta esse país
árabe.
Ao assumir sua nova missão como enviado especial
conjunto da ONU e da Liga Árabe para a Síria, o conhecido diplomata africano
enfatizou esses dois únicos objetivos como a meta a conseguir em sua delicada
empreitada.
Não mencionou o plano da Liga Árabe que convoca
"uma transição na Síria para um sistema político democrático e
plural" nem os reiterados ataques das mais altas figuras das Nações Unidas
às autoridades de Damasco como únicas responsáveis pela situação.
Também não fez referência a diferentes fóruns que
arremeteram contra esse governo, entre eles a recente reunião dos chamados
amigos da Síria, realizada na Tunísia, e várias sessões do Conselho de Direitos
Humanos da ONU.
Mas sim sublinhou que para ter sucesso em sua
responsabilidade "resulta extremamente importante que todos aceitem que
deva haver somente um processo de mediação".
Porque "quando há mais de um e cada qual atua
por sua própria iniciativa, as partes jogam com os mediadores e se um diz algo
que não lhes agrada, então vão ao outro", explicou.
Por isso sustentou "apenas um processo
unitário" e no qual "quando a comunidade internacional fala com uma
só voz, essa voz é poderosa".
O ex-secretário-geral da ONU declarou-se
determinado a "trabalhar com todos" e a sustentar amplas consultas
"com todos os atores", sem descartar uma pronta visita a Síria para
conversar com o governo e demais envolvidos na crise.
Um primeiro passo nessa direção é uma reunião com o
representante permanente da Síria ante a ONU, Bashar Jaafari, durante sua estadia
na sede da organização mundial, segundo revelou num breve contato com os
jornalistas.
Também anunciou encontros com dirigentes dos países
da região vinculados à crise, ainda que tenha guardado discrição sobre o
itinerário a seguir porque "neste tipo de situação, cada movimento é
sensível e altamente político".
O tom mesurado e sem estridências empregado por
Annan em sua primeira declaração pública depois de sua designação como enviado
para a Síria, contrastou com a habitual linguagem agressiva de seu sucessor na
ONU em relação ao governo sírio.
No mesmo sentido, Ban Ki-moon voltou a atribuir à
administração de Al-Assad toda a responsabilidade pelo "uso da força
contra os civis", sem assinalar a atividade dos grupos armados opositores
respaldados por países estrangeiros.
E voltou a advertir Damasco sobre "suas
obrigações com a lei humanitária internacional e os direitos humanos",
tema central da crua ofensiva que também desenvolve contra as autoridades
sírias a Alta Comissionada da ONU nessa matéria, Navi Pillay.
A designação de Annan foi anunciada na passada
semana em Londres, depois de uma reunião sustentada entre Ban Ki-moon e o
secretário-geral daLiga Árabe, Nabil El-Arabi.
De acordo com os termos lembrados, o também Prêmio
Nobel da Paz (2001) será o máximo representante dessas duas organizações para a
Síria e prestará seus bons ofícios em busca do fim de "toda a violência e
das violações dos direitos humanos" nesse país.
Ademais trabalhará na "promoção de uma solução
pacífica à crise síria", para o que sustentará "amplas consultas com
todos os interlocutores relevantes dentro e fora da Síria com o propósito de
terminar com a violência e com a crise humanitária".
E para "facilitar uma solução política
inclusiva liderada pelos sírios e que satisfaça as aspirações democráticas do
povo sírio por meio de um amplo diálogo político entre o governo e todo o
espectro da oposição".
O tema de Síria está marcado na ONU por dois fracassos
das potências ocidentais e de seus aliados árabes em sua pretensão de conseguir
o aval do Conselho de Segurança para forçar a saída de Al-Assad do poder.
Em ambas ocasiões (outubro e fevereiro passados),
essa manobra foi impedida pelo duplo veto imposto por Rússia e China em sua
condição de membros permanentes desse órgão de 15 cadeiras.
Por sua vez, a Assembleia Geral aprovou faz duas
semanas, com 12 votos contrários e 17 abstenções, uma resolução que sustentou a
linha de responsabilizar só ao governo sírio pela crise e suas consequências.
Annan, com 74 anos de idade na atualidade, ocupou a
secretaria geral da ONU durante dois mandatos consecutivos (1997-2001 e
2002-2006) e foi substituído no cargo pelo próprio Ban Ki-moon, quem acaba de
iniciar seu segundo período à frente do organismo.
O político ganês é recordado pela aberta condenação
que emitiu desde seu alto cargo internacional à invasão lançada pelos Estados
Unidos e pelo Reino Unido contra o Iraque em 2004.
*Chefe da correspondência da Prensa Latina nas
Nações Unidas.
Nações Unidas (Prensa Latina) [Modificado el (
viernes, 02 de marzo de 2012 )]
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