terça-feira, 13 de março de 2012
Há 129 anos, Marx está mais próximo que nunca
Havana
(Prensa Latina)
Em
14 de março de 1883 faleceu Carlos Marx, filósofo e economista alemão, cuja
obra e influência transcendem até hoje, como previu ante sua tumba Federico
Engels, fiel amigo e cofundador do socialismo e do comunismo científicos.
Vítima
há meses de uma doença pulmonar, sua morte ocorreu em Londres, serenamente como
se estivesse dormindo, e foi enterrado em 17 de março junto a sua esposa Jenny,
falecida de câncer em 2 de dezembro de 1881.
Marx
nasceu em 5 de maio de 1818 em Tréveris (cidade da Prússia renana); estudou nas
universidades de Bonn e Berlin, Direito, História e Filosofia; escreveu em
vários meios de imprensa, e submeteu sua análise e crítica às ideias
filosóficas, econômicas e políticas precedentes.
Sua
concepção materialista e dialética, quanto à filosofia e a sociedade, levam-no
a fundar junto a Federico Engels (1820-1895) uma nova doutrina ideológica.
Marx
era, antes de mais nada e, sobretudo, afirmou Engels, um revolucionário; o
homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo...e morre venerado, amado,
chorado por milhões de operários semeados por toda a órbita, desde as minas da
Sibéria até a ponta da Califórnia.
E
bem posso dizer com orgulho -asseverou- que, se teve muitos adversários, não
conheceu seguramente um só inimigo pessoal.
Assim
continua até nossos dias tudo o referente a Carlos Marx, venerado por milhões e
repudiado por outros que tratam de minimizar seu prestígio para além dos tempos
e da lógica.
Sua
vida esteve intimamente unida ao movimento operário e à criação da doutrina
denominada marxista, a que mais prevaleceu desde então, incluídas suas
variantes, não só no proletariado, senão entre as forças de esquerda e
socialistas em geral.
Uma
boa parte de seus esforços dedicou-os à ciência econômica e a demonstração de
sua descoberta a respeito da mais-valia.
É
autor de numerosas obras, algumas em colaboração com Engels, como A sagrada
família, A ideologia alemã e o Manifesto Comunista.
Entre
as mais notáveis suas estão, Contribuição à crítica da economia política (1859)
e O Capital (tomo I, 1867); outros textos neste campo foram publicados
postumamente.
Marx
e Engels fundaram sua amizade em 1844, em Paris, onde residia o primeiro, e
depois de afiliar-se à sociedade secreta Liga dos Comunistas e assistir a seu
II Congresso (1847), redigiram a petição do agrupamento o Manifesto (1848), sem
dúvida um importante documento.
"Um
fantasma percorre a Europa: o fantasma do comunismo. Todas as forças da velha
Europa se uniram em santa cruzada para acossar a esse fantasma...", começa
o texto e termina com a exortação "Proletários de todos os países,
uni-vos!"
Foi
também o mentor da Associação Internacional dos Trabalhadores (1864-1872), a I
Internacional, criada em Londres em 28 de setembro de 1864; escreveu seu
primeiro Manifesto e diversos acordos, declarações e apelos.
Suas
maiores contribuições radicaram no campo teórico, segundo expressou Engels ante
sua tumba.
Bem
como Darwin descobriu a lei da evolução da natureza orgânica, Marx, a lei pela
qual se rege o processo da natureza humana e a especial que preside a dinâmica
do regime capitalista de produção e da sociedade burguesa engendrada por ele (a
lei da mais-valia).
A
primeira explica-a Engels com palavras singelas: até ele aparecia soterrado
baixo uma fumaça ideológica que o homem precisa acima de tudo, comer, beber,
ter onde habitar e com que se vestir, antes de dedicar à política, à ciência, à
arte, à religião.
Ou,
seja, a produção dos meios materiais e imediatos de vida, o grau de progresso
econômico da cada povo ou da cada época -destaca-, é a base sobre a que depois
se desenvolvem as instituições do Estado, as concepções jurídicas, a arte e
inclusive as ideias religiosas das pessoas desse povo ou dessa época.
À
luz de seu método, denominado materialismo histórico, escreveu três obras com
respeito à história francesa: As lutas de classes na França de 1848 a 1850, O
18 Brumário de Luis Bonaparte e A guerra civil na França (1870-1871).
Não
obstante o desaparecimento da União Soviética e do chamado Campo Socialista no
final do passado século, milhões de pessoas estão convencidas que "um
fantasma percorre o Mundo: o fantasma de Carlos Marx", parafraseando o
Manifesto Comunista.
Desde
2003, Havana foi sede de várias conferências internacionais com o título Carlos
Marx e os Desafios do Século XXI, com a participação de numerosos cientistas
sociais de diversa procedência.
"Hoje
Marx e Engels estão mais próximos que nunca, porque nunca como agora tem sido o
capitalismo tão voraz e destruidor", sustenta a professora cubana Isabel
Monal, uma das organizadoras do foro e da revitalização de suas ideias.
Prêmio
Nacional de Ciências Sociais (1998), Monal é Doutora em Ciências Filosóficas,
diretora da Cátedra de Estudos Marxistas, do Instituto de Filosofia, e diretora
da revista Marx Agora.
Conta
em seu aval os estudos realizados na Universidade de Havana, cursos em Educação
e em Filosofia, no San Francisco State College e em Harvard, Estados Unidos;
bem como trabalhos de investigação na Universidade de Humboldt, da Alemanha.
*Historiadora,
jornalista e colaboradora da Prensa Latina
Fonte:
Prensa Latina
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